14 de outubro, de 2022 | 12:00
Prevenção, palavra-chave para a oncologia
Ramon Andrade de Mello *
A melhoria da qualidade de vida é um importante avanço para a população. Acompanhamos nas últimas décadas uma mudança significativa da expectativa de vida dos brasileiros, com o crescimento do número de idosos, que trazem impactos diretos na área da saúde.O avanço da melhoria da infraestrutura, principalmente no setor de saneamento básico, trouxe ainda uma mudança do perfil das doenças no país. Passamos de uma nação com registros de enfermidades infecto-parasitárias, típicas das localidades em desenvolvimento, para um aumento das chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes, hipertensão, entre outras. Já o envelhecimento desponta como um dos fatores para o desenvolvimento do câncer devido a um acúmulo de riscos, combinado com a tendência da redução da eficácia dos mecanismos de reparação celular.
No Brasil, as doenças oncológicas já respondem como a principal causa de morte em 10% dos municípios. Dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer) mostram que essas enfermidades vêm crescendo ao longo dos anos. No período de 2018 e 2019, foram 600 mil novos registros dessas enfermidades. Para 2020-2022, a instituição elevou o número para 625 mil novos casos.
No mundo, o câncer é a segunda principal causa de morte e 70% delas são registradas em países de baixa e média renda. De acordo com os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), aproximadamente um terço das mortes por tumores oncológicos está diretamente relacionado a cinco principais riscos comportamentais e alimentares: alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e vegetais, ausência de atividade física e consumo de álcool e de tabaco, que reponde por 22% das ocorrências. Nos países de baixa e média renda, os cânceres provocados por infecções como hepatite e papilomavírus humano (HPV) respondem por aproximadamente 22% das mortes.
As mudanças de hábitos podem ser feitas aos poucos, mas precisam ser progressivas. É importante praticar exercícios pelo menos três vezes por semana, com 60 minutos por dia. Já a Sociedade Americana de Medicina Desportiva recomenda, por exemplo, atividades físicas de 160 minutos no mínimo, por semana, para evitar o sedentarismo. Isso pode ser feito na caminhada no começo ou final do dia. Ou até mesmo dispensar o elevador e subir as escadas do prédio também já ajuda.
A obesidade é outro fator que elava o risco da doença porque o tecido gorduroso aumenta a produção do hormônio estrogênio e pode estar relacionado a um estado inflamatório sistêmico no indivíduo. Portanto, atenção redobrada com aquilo que colocamos no prato. Uma alimentação equilibrada contribui muito para a prevenção dos tumores oncológicos.
Se avançarmos na prevenção, encontraremos pela frente as inovações das pesquisas com medicamentos oncológicos. Essas novas descobertas já permitem vislumbrar, num horizonte de curto e médio prazos, a abordagem do câncer como uma doença crônica, assim como hoje ocorre com a hipertensão ou a diabetes. É apenas uma questão de tempo.
* Médico com PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal, e professor da disciplina Oncologia Clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove).
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Tião Aranha
15 de outubro, 2022 | 22:37Bom texto, a dieta alimentar equilibrada e a prática de exercícios físicos corroboram no que tange ao aumento dos lipídios: se bem, que, a maioria dos genes de vírus de câncer estão nos gens das células - e que a doença pode vir a se aflorar mais cedo ou tarde, cf já pode ser pre-diagnosticado em exames de genoma da célula humana.”