11 de dezembro, de 2022 | 07:00

Não deu

Fernando Rocha

Não deu para a seleção brasileira, que volta para casa sem conquistar o hexa na Copa do Qatar. Derrotada nos pênaltis pela Croácia, caiu pela segunda vez consecutiva nas quartas de final.

Muita gente achava que a Croácia seria um adversário “mamão com açúcar” para Neymar e companhia, mas não foi bem assim e os atuais vice-campeões mundiais se mostraram, na verdade, muito organizados, frios, comandados por um grande jogador, Modric, de 37 anos de idade, acostumado a grandes decisões.

Os croatas fizeram uma marcação muito eficiente e conseguiram anular as principais jogadas ofensivas do Brasil, sobretudo, pelas pontas com Vini Jr e Raphinha, para contra-atacar sempre levando perigo, além de terem um ótimo goleiro.

Erro fatal
Na prorrogação, a partida continuou na mesma toada difícil, até que Neymar, até então apagado, teve um lampejo do craque que é, driblou dois e até o goleiro para fazer um golaço, acendendo as nossas esperanças de classificação.

Mas, faltando dois minutos para o fim, ao invés de se resguardar um pouco mais, ir ao ataque com segurança, o Brasil foi à frente de forma desordenada, sem necessidade, sofreu um contra-ataque mortal dos croatas que resultou no gol de empate - tudo o que eles queriam para levar a decisão aos pênaltis.

Nesse ponto quero discordar do tetracampeão e atual preparador de goleiros da Seleção, Taffarel, para quem “pênalti é loteria”. Pode, sim, ter a sorte como um dos componentes, mas acredito ser um pouco de tudo, principalmente, de controle emocional e treinamento para os batedores e o goleiro.

Achei que a comissão técnica da seleção errou ao deixar nosso principal batedor, Neymar, para bater por último e isso pode ter custado a nossa classificação. Rodrygo e Marquinhos erraram e Neymar nem chegou a bater.

FIM DE PAPO

Na dramática classificação da Argentina nos pênaltis, depois do empate de 2 x 2 com a Holanda no tempo normal e na prorrogação, o escalado para abrir as cobranças foi Lionel Messi, que fez o gol, passou confiança aos seus companheiros e ainda deixou a pressão para o adversário ter que empatar. No caso da nossa seleção, o jovem Rodrygo ficou com toda a responsabilidade de fazer a primeira cobrança, e isso pode ter pesado ao ponto de fazê-lo errar o pênalti.

Nunca fui e nem vou ser “profeta do acontecido”, por isso não condeno o técnico Tite por não ter levado para esta Copa mais um lateral em condições de atuar, e ter optado pelo Daniel Alves, um ex-jogador em atividade. Achei que Militão, improvisado na lateral direita, não comprometeu. Danilo, que joga no seu clube pelo lado esquerdo, também foi eficiente e não foi por conta disso que fomos eliminados.

Precisamos, isto sim, diminuir essa recorrente arrogância de nos acharmos os melhores do mundo no futebol, sem nunca enxergar os méritos dos adversários. Perdemos para uma ótima seleção, atual vice-campeã mundial, aplicada, competente, que soube aproveitar uma de nossas poucas falhas defensivas durante a partida para empatar, levar a decisão aos pênaltis, onde, com seu ótimo goleiro, novamente foi mais eficiente para merecer a classificação.

A era Tite na seleção brasileira terminou. Quem vier agora para seu lugar, seja um técnico brasileiro ou estrangeiro, terá uma boa base com alguns ótimos jogadores, ainda jovens, que atuam em grandes clubes e ligas do futebol mundial, para iniciar um trabalho e quem sabe nos levar ao hexa na próxima Copa do Mundo, em 2026. “Depois da hora radiosa, a hora dura do esporte, pois perder é tocar alguma coisa mais além da vitória, é encontrar-se naquele ponto onde começa tudo a nascer do perdido, lentamente”. Carlos Drummond de Andrade. (Fecha o pano!)
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