22 de janeiro, de 2023 | 06:30

Muita incerteza

Fernando Rocha

Depois de dois meses sem a bola rolar por competições oficiais, devido à realização da Copa do Mundo no Qatar emendada com as férias dos jogadores, finalmente, temos um fim de semana movimentado pelo início do Campeonato Mineiro.

Mas quanta catimba e lambanças dos dirigentes antecederam o nosso “Rural”, já desprestigiado e agora mais desvalorizado ainda, devido à esta disputa na justiça desportiva entre Ipatinga e Betim, que acusa a direção do Tigre de uma suposta fraude na inscrição de atletas no Módulo II (2ª Divisão) do ano passado, pleiteando assim sua vaga na atual disputa estadual.

O que deveria ser uma apoteose para o Ipatinga, que retorna após 11 anos à elite do futebol mineiro, virou um poço de incertezas e dúvidas.

Sobe a régua
Em todos os níveis, a expectativa é de uma temporada muito mais disputada, a começar pelo nosso estadual, onde o Atlético continua favorito ao título, mas América e Cruzeiro, seus dois maiores rivais, contam com equipes melhores que as do ano passado.

No âmbito das competições nacionais e continentais, embora Flamengo e Palmeiras continuem amplamente favoritos aos principais títulos, o Atlético se renovou e está bem próximo dos dois gigantes do eixo Rio/SP.

Em um degrau mais abaixo, a meu juízo, aparecem o Fluminense, que se reforçou bastante e tem um ótimo treinador, Fernando Diniz, vindo em seguida a dupla gaúcha Internacional e Grêmio, que trouxe o artilheiro Luisito Suárez, a maior contratação do futebol brasileiro neste início de temporada.

Em um terceiro patamar, sem brigar por títulos, mas com chances de vagas na Libertadores ou Sul-Americana, estão Corinthians, Vasco da Gama, Atlhético-PR, São Paulo, Bahia, Fortaleza e Botafogo.

Os demais, incluindo Cruzeiro e América, devem brigar do meio para baixo na tabela, sendo que Goiás, Cuiabá e Coritiba são candidatíssimos ao rebaixamento à Série B.

FIM DE PAPO

Como se trata de futebol, não se pode cravar absolutamente nada, a não ser a constatação de que a régua subiu muito com o acesso do Cruzeiro, Grêmio, Vasco da Gama e Bahia, sendo que os dois últimos viraram SAF e elevaram o nível de investimento em suas equipes. “O futebol é uma caixinha de surpresas”, já dizia o folclórico treinador Gentil Cardoso, na década de 60 do século passado. Todo mundo achava que o Galo repetiria em 2022 a grande temporada de 2021, e deu no que deu.

Me agradou a contratação do argentino Eduardo Coudet pelo Galo, ao contrário das saídas de Nacho Fernández e Jair, que farão muito falta ao time. Edenílson e Patrick chegam com a missão de substituí-los, mas possuem características diferentes, além de serem inferiores tecnicamente. A esperança é que o meia-atacante Paulinho, a maior contratação do Galo nesta temporada, compense as duas grandes perdas com um grande futebol.

O Cruzeiro está de volta à Série A como uma grande incógnita para qualquer analista, sobretudo, os que não fazem média com nenhuma torcida. Tem um treinador, Paulo Pezzolano, que se revelou excelente na montagem e condução do time que conquistou o acesso e ganhou a Série B com o pé nas costas. Sua pretensão de apenas manter-se na primeira divisão nacional é modesta, assim como o elenco, que possui apenas jovens promessas e alguns veteranos renegados vindos de outras equipes. A torcida, que abraçou o time na Série B, terá este ano um papel chave outra vez, sobretudo, se os resultados positivos não vierem.

Durante este período de férias, acompanhei com tristeza as perdas de ex-craques como Jair Bala e Roberto Dinamite, além do gênio Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos. O presidente da República foi ao velório, mas os bonitões do penta não apareceram para se despedir daquele que abriu todos os caminhos no mundo para que se tornassem os milionários arrogantes de hoje. Se tivessem um polpudo cachê, como o que recebem para comparecer de terno e gravata nos eventos da Fifa, talvez os víssemos em sua maioria na emocionante despedida ao Rei do Futebol. “O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.” Nelson Rodrigues. (Fecha o pano!)
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