23 de fevereiro, de 2023 | 09:00

Venda de antidepressivos cresce no país, revela levantamento do Conselho Federal de Farmácia

A pandemia de covid-19 é considerada o principal fator que influenciou o aumento no consumo desses medicamentos

Arquivo pessoal
''Sempre é bom lembrar que o uso indiscriminado ou excessivo desses medicamentos pode levar à dependência'', alertou Wellington Barros, consultor do CFF''Sempre é bom lembrar que o uso indiscriminado ou excessivo desses medicamentos pode levar à dependência'', alertou Wellington Barros, consultor do CFF

Confinamento, luto, desemprego, falta do convívio social, adiamento de planos, metas e sonhos, ansiedade e temor. A lista descreve algumas das experiências vividas pelos brasileiros durante a pandemia de covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2. Fato é que a doença que se disseminou mundialmente trouxe impactos sociais, econômicos, políticos e culturais, cujos reflexos persistem até nos dias atuais. As sequelas e heranças da pandemia continuam “assombrando” uma parte da população do país, principalmente quando o assunto é a saúde mental.

Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), com base nos dados da consultoria IQVIA, mostrou que a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor vem crescendo no país, especialmente desde que a pandemia de covid-19 começou, no início de 2020. Comparando 2019 (82.667.898,00), ano antes da pandemia, com 2022 (112.797.268,00), a venda desses medicamentos cresceu 36,44%.

“Sem dúvida a pandemia resultou em impactos que levaram a um aumento significativo de problemas de saúde mental em todo o mundo, inclusive no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que no primeiro ano da pandemia houve um incremento de 25% na prevalência dos casos de depressão e ansiedade na população mundial. Estudos recentes sugerem que esta taxa pode ter atingido 35% na população dos países da América Latina”, informou o consultor do CFF, Wellington Barros.

Justificativa para o aumento
De acordo com o consultor, o CFF considera a pandemia como o principal fator que influenciou o aumento no consumo desses medicamentos, mas pondera que “há outras questões referentes aos determinantes sociais que certamente representam uma carga significativa no quadro epidemiológico dos problemas de saúde resultantes”. Wellington Barros observa que o surto de covid-19 veio acompanhado de outras situações que tornaram o cenário ainda mais desafiador.

“A situação de emergência sanitária veio acompanhada de repercussões sociais e econômicas que geraram apreensão em todos os estratos da sociedade brasileira, potencializada pela pressão sobre o sistema de saúde, o que de certa forma impactou ainda mais no agravamento dos velhos problemas na qualidade do acesso aos serviços de saúde. Este fato não pode ser desconsiderado no quadro geral do aumento do sofrimento psíquico da sociedade”, enfatizou.

Últimos seis anos
Os números contabilizados de 2017 até 2022 apontam para o aumento expressivo nas vendas dos antidepressivos e estabilizadores de humor. Em 2017 foram 67.636.784,00; 2018 (73.737.283,00); 2019 (82.667.898,00); 2020 (96.578.844,00); 2021 (106.678.404,00) e em 2022 (112.797.268,00). Comparando 2017 com 2022, a alta chega a 66,76%. São Paulo e Minas Gerais ganham destaque nacional no consumo, como os estados com maior volume de vendas desses medicamentos.

Uso excessivo
Os dados geram atenção. Segundo Wellington, o uso irracional de medicamentos preocupa o Conselho Federal de Farmácia. “Razão pela qual o CFF vem monitorando o consumo e alertando as autoridades para que sejam adotadas providências no sentido de prevenir ou mitigar os efeitos deletérios do uso excessivo de medicamentos pela sociedade”, afirmou o consultor, que reforçou os perigos do uso indiscriminado ou excessivo dos medicamentos antidepressivos. “Pode levar à dependência e nós ainda não sabemos a dimensão do impacto ambiental dos resíduos gerados por esses produtos”, concluiu.
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Comentários

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Tinho Mortadela

23 de fevereiro, 2023 | 13:56

“A pandemia aumentou o estresse, a ansiedade e a depressão dos trabalhadores de saúde e segurança pública ( policiais e bombeiros ),como também expôs a falta de políticas específicas para proteger a saúde mental. Se observarmos o índice de suicídio aumentou consideravelmente na área de segurança pública.
Outro agravante da pandemia foi o acúmulo de dívidas e o estresse da desorganização financeira, potencializadores em sintomas da depressão e de ansiedade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), casos de depressão e de ansiedade aumentaram 25% e a incerteza econômica ligada ao Coronavírus contribuiu para esse resultado.Há uma dívida de saúde que deve ser paga.”

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