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28 de fevereiro, de 2023 | 15:00

Crônica: De abelhas, deuses e quejandos...

Nena de Castro *

Bom dia, meus cinco fiéis leitores! Aborrecida pelas enchentes pelaí, furiosa com a estultície de quem mata até crianças pela desculpa de jogo perdido, fui cuidar das minhas crias verdes e de repente escutei o zum zum de uma abelha. Ela pousava nas plantas com flores, que lindeza. Era a que mamãe chamava de abelha europa, aquela maior do ventre amarelo e preto, cujo ferrão é ferino, eu já levei algumas ferroadas e dói pra caramba. Dona Inês tinha a manha de lidar com as bichinhas, saber advindo dos bugres de quem descendemos; tivemos colmeias nos quintais enormes, “maiores que o mundo” que tínhamos aí pelo interior mineiro. A última foi na nossa casa na antiga Vila Bretas, hoje bairro São Paulo, em Valadares.

Mamãe via as abelhas e as atraía forrando uma caixa com capim cidreira; também esfregava cidreira nos braços, rosto, cabelos e daí não era atacada. Não possuía nenhum equipamento só mesmo a coragem ancestral. Como tínhamos horta e flores, as abelhitas se adaptavam, seguiam seu ciclo de vida e fabricavam a doçura; eita, que diliça é comer mel no favo! Abençoada dona Inês que adoçava nossas vidas com as quitandas que fazia, os doces cristalizados e em calda e ainda nos dava mel.

“Posé”, infelizmente, os seres humanos não dão valor às abelhas e elas estão sendo exterminadas por defensivos agrícolas e “otras cositas mas” e há na internet dados de uma matança em janeiro de 2017 em Santa Catarina quando cerca de 50 milhões de abelhas morreram envenenadas por agrotóxicos.

E de hora em hora, a coisa piora, os irresponsáveis fingem ignorar que sem as abelhas, metade das gôndolas de alimentos dos supermercados ficam vazias. Por meio do seu árduo trabalho de polinização, as abelhas promovem o seu maior impacto na biodiversidade e na produção dos alimentos: 75% das plantações de alimentos 94% das plantas silvestres dependem delas. São dados da ONU, que instituiu também o dia 20 de maio como Dia Mundial das Abelhas.
Até o sábio Eisntein, aquele da Teoria da Relatividade, alertou que “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana”. (E além disso, ainda temos que aguentar o Putin doido e o Kin Jong-un idem, afe!)

Bem, a abelhinha que me visitou hoje trouxe muitas e doces recordações e também me remeteu à Mitologia Grega. Existiu na Grécia um tal de Aristeu, filho da Ninfa Cirene com Apolo, o deus sol, que, encontrando sua abelhas mortas e não podendo ficar sem seu melzinho foi atrás da mamãe em sua morada no fundo do rio queixando-se com ela. Então a mãe, com dozinha o encaminhou ao velho profeta Proteu, que após tentar enganá-lo transformando-se em animais bravios, contou-lhe que as Ninfas tinham matado suas abelhas causa de quê ele perseguiu Eurídice, que correu e pisou numa víbora, morrendo da picada.

Então ele devia levar quatro vacas e quatro touros de força e beleza inigualáveis a certo lugar, sacrificá-los e deixar suas carcaças no bosque voltando após nove dias. O gajo assim fez e ao voltar, descobriu nas carcaças enxames de abelhas zunindo e trabalhando, garantindo a pincumel de todo dia...

Embora a contribuição dos gregos na arte, filosofia e cultura geral seja extraordinária, no tocante aos deuses, fico sempre com um pé atrás: aquele bando de marmanjos no Olimpo, coçando o respectivo, correndo atrás das mortais, fazendo nada com coisa alguma me lembram certos políticos brasileiros. E nada mais digo!

* Escritora e encantadora de histórias

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