19 de março, de 2023 | 07:25

Aposentado em Coronel Fabriciano está há 20 anos criando pombos-correios

Neudenir vê a prática com uma paixão e uma forma de ocupar a mente

(Silvia Miranda - Repórter do Diário do Aço)

''Pombo-correio, voa depressa''... Impossível não lembrar e cantarolar a música de Moraes Moreira ao conhecer o senhor Neudenir Ribeiro dos Reis, 68 anos, e sua criação de 150 pombos-correios em sua residência, no bairro Júlia Kubitschek (JK) em Coronel Fabriciano. Aposentado, ele vê a prática com uma paixão e uma forma de ocupar a mente.

Embora seja estranho para muitos, a columbofilia é a modalidade desportiva centenária relacionada com a corrida entre pombos-correios, sendo totalmente regulamentada no Brasil e no mundo. Neudenir dos Reis conta que no Brasil já foi considerada utilidade pública na década de 1940 e foi muito utilizada em guerras mundiais, para auxiliar no envio de mensagens às tropas.

Diferente do pombo de rua, o pombo-correio não vive solto e não se alimenta na rua, é abrigado em pombais, construções próprias para abrigar as aves. Além disso, recebe vacinação e tem tratamento especial para prevenir doenças e fungos. “As pessoas que não conhecem acham que é igual pombo de rua e não é, o pombo-correio fica preso, é tratado, vermifugado, vacinado, toma antibiótico mensalmente, são todos cadastrados, tudo de “Pedigree” e outra coisa, em 20 anos meus pombos nunca pousaram na casa do vizinho”, esclarece Neudenir.

Maior e com o corpo mais forte e musculoso do que um pombo de rua, essas aves têm como diferencial também a alimentação. Diariamente comem uma mistura nutritiva de milho, amendoim, semente de soja e de girassol e grão de bico. O aposentado chegou a ter 300 aves, mas para reduzir um pouco os gastos, o número foi reduzido para 150. Conforme Neudenir, existem no Vale do Aço cerca de dez criadores de pombos-correios.

Treinamentos
A identificação dos pombos-correios é obrigatória, ainda filhotes recebem uma anilha oficial em uma das patas, que deve ser colocada até o oitavo mês de nascimento. As anilhas são importadas da Bélgica e contêm o número de identificação e o respectivo ano. Cada anilha corresponde a um cartão de propriedade onde consta a identificação do pombo e seu proprietário.

Com instinto do regresso, pois sempre volta a seu lugar de origem, e velocidade de voo, os pombos são capazes de percorrer longas distâncias rapidamente e com isso participam de competições e premiações no mundo inteiro.

Mas antes de participar de competições, começam a fazer treinamentos com distância pequenas, até estarem prontos para competições regionais ou nacionais. “Eu começo a soltar meus filhotes agora, solto a cinco quilômetros de distância e eles voltam para casa. Até 100 quilômetros é treino, já soltei pombos meus em Alvinópolis, João Monlevade, Governador Valadares e Teófilo Otoni”, conta Neudenir.

Competições
Entre as competições, os pombos-correios do aposentado disputam provas regionais, estaduais e nacionais. Em uma delas na região do distrito de Nova Almeida, em Serra, no Espírito Santo. “Em um percurso de 680 quilômetros e no meio de 1.500 pombos essa pomba minha ficou em 16º lugar e aí me fizeram uma proposta e eu vendi ela por R$ 1.200”, relembra.

Além dos pombos, Neudenir possui outras criações como coelho, cachorro, cavalo e porquinho da índia. Apesar dos custos para manter a columbofilia, ele acredita ser uma forma mais saudável e terapêutica de levar a vida. “É uma maneira de ocupar o meu dia, parei de beber, parei de fumar, é uma terapia, melhor que passar o dia no buteco”, brincou.