21 de março, de 2023 | 08:33

Troca de comando

Fernando Rocha

A classificação do Cruzeiro era muito improvável, pois precisaria vencer o América por três gols de diferença. Acabou derrotado, novamente, pelo Coelho, pela sétima vez consecutiva, desta vez por 2 x 1, classificando-se o América para a final contra o Galo.

Mas a surpresa veio após a partida, na entrevista coletiva do técnico Paulo Pezzolano, que comunicou a sua saída do Cruzeiro, segundo ele algo que teria sido decidido de comum acordo com a direção da SAF, em dezembro do ano passado.

A pergunta que não quer calar: por que a “moderna” administração atual do Cruzeiro, mesmo sabendo que “papa” Pezzolano não ficaria no cargo após o estadual, bancou a sua permanência todo esse tempo, participando do planejamento, das contratações de reforços etc?

Agora terá de começar do zero com outro treinador que, certamente, irá pedir a contratação de novos jogadores, dispensará vários que chegaram, o que irá aumentar os gastos, algo comum na época das trapalhadas de gestões anteriores, que levaram o clube à falência.

Pelo excelente trabalho em 2022, Pezzolano entra para a história do Cruzeiro como o treinador que tirou o clube da segunda divisão, após três anos de sofrimento e, por isso, tem a admiração e o respeito da torcida.
Mas, este ano, seu trabalho foi muito ruim, ajudado pelas decisões equivocadas da atual diretoria, sendo uma delas a sua própria manutenção no cargo, quando já deveria ter iniciado a temporada com outro treinador.

Foi difícil
Mais leve após a classificação na Libertadores, o Galo não esperava o grau de dificuldade que encontrou para vencer o pequeno e destemido Athletic de São João del-Rei, que jogou pelo empate.

A torcida do Galo queria uma goleada, lotou o Independência, mas teve de se contentar com a vitória suada, por 1 x 0, gol de Hulk, aproveitando a única falha individual do Athletic.

Aos 25 minutos do 2º tempo, numa recuada de bola, o goleiro Everson deu um chutão pra frente, mas deixou o braço aberto e acertou o rosto do atacante Nathan.

O VAR alertou o árbitro Felipe Fernandes, que foi ao vídeo conferir o lance. Em 90% de casos semelhantes, o pênalti seria marcado a favor do Athletic e o goleiro Everson, expulso de campo, mas o assoprador de apito foi camarada com o alvinegro da capital e mandou o jogo seguir sem nada marcar.

Os comentaristas de arbitragem se dividiram nas opiniões, respeitáveis colegas na imprensa também divergiram, uns concordando com a decisão do árbitro e outros não.

A minha dúvida no lance é só uma: se o atacante atingido pelo goleiro fosse o Hulk, Gabigol ou Dudu, qualquer que fosse o árbitro, qual seria a sua decisão?

FIM DE PAPO

O lance polêmico do pênalti não marcado a favor do Athletic, que poderia ter mudado a história do jogo e a decisão do Campeonato Mineiro, se visto na velocidade normal, não parece que houve a infração, mas em câmera lenta fica claro a ação faltosa do goleiro do Galo. O jornalista Chico Maia, no seu blog, foi pra mim quem fez o melhor comentário: “o árbitro Felipe Fernandes foi alertado pelo chefe do VAR neste jogo, Igor Junio Benevenutto. Ele olhou e não deu nada, mandou tocar. Vai entrar para a história de São João del-Rei como o ‘José Roberto Wright’ da vida do Athletic”.

A saída de Paulo Pezzolano do Cruzeiro deixa um mistério no ar: como pode um grande clube, com enorme espaço diário na mídia, dezenas de repórteres, blogueiros, influenciadores digitais falando do seu dia a dia, não deixar vazar e segurar uma informação importante como essa desde dezembro de 2022? Para muitos colegas, a saída do “papa” foi por conta dos maus resultados e esse pedido para sair três meses atrás não passa de ”conversa mole pra boi dormir”.

Paro tudo hoje e rendo minhas homenagens ao mestre jornalista, José Rodrigues do Amaral, o Carioca, que completa 88 anos de vida, com saúde graças a Deus. Carioca chegou à região em 1953, vindo do Rio de Janeiro, sua terra natal, para trabalhar na antiga Acesita. E para nossa felicidade, aqui ficou, constituiu família, casou-se com a saudosa D. Clara, teve os filhos Paula e Edson, netos, e ajudou a construir a nossa história, pois é testemunha ocular de todos os principais acontecimentos políticos, esportivos, culturais e sociais do Vale do Aço, com sua intensa atuação na mídia impressa, no rádio e na TV.

Carioca foi meu primeiro “patrão” no Diário da Manhã, quando aqui aportei em 1979. Nossa amizade se estreitou ainda mais quando entrei para a Rádio Vanguarda, em 1981, antes mesmo da sua inauguração, onde o reencontrei e fizemos uma parceria que durou mais de uma década no jornalismo e nos esportes. Sempre alegre, não esquece a ginga e o molejo da sua terra, mas incorporou a sabedoria adquirida pelos anos vividos aqui nos grotões da nossa Minas Gerais. José Rodrigues do Amaral, o “Carioca”, é uma pessoa daquelas que merece este poema de Bertold Brecht: "Há homens que lutam um dia, e são bons;/Há outros que lutam um ano, e são melhores;/Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;/ Porém, há os que lutam toda a vida./ Estes são os imprescindíveis". (Fecha o pano!)
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