24 de março, de 2023 | 15:00

Opinião: Não podemos nos esquecer da covid

Celso di Lascio *

Há quanto tempo você não ouve falar da covid-19? E faz quanto tempo desde a última vez em que o assunto foi tema de debates em casa ou numa roda de amigos? Os números do coronavírus começaram a cair desde 2021, quando a vacinação chegou aos brasileiros. Foi o que propiciou uma queda no número de casos graves e, por consequência, no temor em relação à doença.

As filas quase quilométricas para tomar vacina já não existem mais, o que não significa que a doença foi varrida do país. Ainda há números que preocupam, e que deveriam servir de alerta para quem não está protegido pela vacina. Somente em janeiro deste ano, foram confirmados 70.357 casos em Minas Gerais, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde. É verdade que em fevereiro este número caiu para 40.716 pacientes, mas segue mostrando que a quantidade ainda é bastante elevada.

Alguns motivos ajudam a explicar isso. Primeiro que há uma incerteza em relação ao registro. Há casos de pessoas que tiveram sintomas de covid-19, mas que não procuraram os postos de saúde ou os hospitais. Assim como ocorria antes, creditaram os sintomas a uma gripe ou um resfriado. Segundo que fevereiro teve um grande movimento de carnaval, quando os cuidados com a saúde ficaram em segundo plano. Se no auge da crise havia números mais precisos em torno da quantidade de casos, agora não é mais assim.

"As fake news que insistem em denegrir as vacinas,
a confiança excessiva de que o pior já passou e a
falta de informação ainda são alguns entraves"


Isso faz com que as autoridades sanitárias liguem o alerta à população. É inegável que o ápice dos casos de Covid-19 já passou, mas o desprezo à vacinação não pode virar tendência. Os postos de saúde já deram início à imunização com uma vacina bivalente da Pfizer, que age não apenas contra a cepa original do coronavírus como também combate outras variantes, inclusive a ômicron. A preocupação também é focada em garantir que a população esteja protegida com pelo menos duas doses da vacina, porque em tese isto significa dispor no organismo do mínimo de proteção necessária para combater a covid.

As fake news que insistem em denegrir as vacinas, a confiança excessiva de que o pior já passou e a falta de informação ainda são alguns entraves que contribuem para diminuir o interesse pela vacinação. Ao invés disso, as recomendações dos órgãos de saúde ainda são unânimes a respeito da importância de manter a imunização em dia. Olhar para os números de 2023 acreditando que são irrisórios se comparados com o auge da crise é desprezar os dados do ano passado, quando foram registrados mais de 1,8 milhão de novos casos e mais de 7.800 mortes.

Até meados de março eram 111 mil novos casos registrados este ano, e caso o desprezo às campanhas de vacinação contra a Covid-19 prossiga, não é de se assustar que uma nova onda de proliferação do vírus ataque nos próximos meses. Trabalhar contra essa possibilidade é um controle que só poderá ser feito mediante a conscientização popular. Parar de acreditar no grupo da família no WhatsApp para dar mais credibilidade aos profissionais da saúde é primeiro passo que, além de ser acertado, também pode salvar a vida de muita gente.

O autor é Dr. Celso di Lascio, médico da You Saúde

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