25 de março, de 2023 | 07:00

Opinião: Dia Internacional da Conscientização da Epilepsia

Guilherme Torezani *

No dia 26 de março é comemorado o Dia Internacional de Conscientização sobre a epilepsia, o Purple Day, para chamar atenção sobre a doença que acomete 2% da população no Brasil e atinge em torno de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A epilepsia não é uma doença mental e é definida por crises epilépticas recorrentes. Esses episódios ocorrem quando um grupo de neurônios no cérebro, que apresentam uma propensão a disparar descargas elétricas de forma desordenada, entram em atividade. O tipo de crise epiléptica, de maior conhecimento da população, é a crise convulsiva, em que há ativação de neurônios responsáveis por controle muscular, gerando os movimentos típicos que vemos nesses episódios.

Essa descarga elétrica pode ficar focada em um grupo de neurônios ou se espalhar além desse circuito doente e causar vários tipos de sintomas.

As pessoas com epilepsia podem ter uma vida normal se seguirem o tratamento adequado com medicação de uso contínuo prescrita pelo médico neurologista.

“A epilepsia acomete 2% da população no Brasil e
atinge em torno de 50 milhões de pessoas em todo o mundo”


A depender da região do cérebro em que houver a ativação, o paciente pode ou não perder consciência. Ao final da crise o paciente pode sentir-se confuso, com pensamento lentificado e levar um tempo para voltar à normalidade.

Outros sintomas podem ser: Crises focais e motoras como: movimentos de apenas um dos braços ou perna, espasmos em um dos lados do rosto; Crise discognitiva, em que a pessoa fica “aérea” por algum tempo.

O mais importante é que, quando esses sintomas ficam repetitivos, é necessário estar atento e procurar um neurologista para investigar. As crises, além de frequentes, seguem um mesmo padrão de comportamento, sendo variáveis em relação à duração.

Cuidados essenciais - O tratamento da epilepsia é um dos mais ricos em termos de medicamentos que agem nos neurônios, evitando os disparos elétricos desordenados.

Há também as neurocirurgias, caso seja necessário, após a verificação de alguma lesão cerebral nos exames de ressonância do paciente, há ainda o canabidiol, que é usado para algumas crises refratárias e de difícil controle e que tem apresentado boas respostas, inclusive por meio estudos.

Mesmo com o consumo regular dos medicamentos para epilepsia, se o paciente consumir álcool ou não dormir o tempo necessário, ficar sob estresse emocional muito intenso, períodos de jejum prolongado, ter hipoglicemia, alterações na dieta, entre outros motivos, ele pode vir a ter crises.

Além desses fatores desencadeantes acima, se o paciente vir a esquecer de tomar a medicação ou ficar muito tempo sem o medicamento, nesse intervalo também pode haver crises.

Como ajudar - Durante uma crise convulsiva, o paciente pode se debater, morder a língua, se urinar e até mesmo vir a cair e se machucar, pois a pessoa perde o tônus muscular. O primeiro passo é se manter calmo para poder ajudar. O indicado é escorar a pessoa para que ela não caia no chão e afastar qualquer objeto que possa machucá-la, como objetos cortantes, por exemplo. Dar suporte para a cabeça também é essencial, seja com algo macio, como um travesseiro ou casaco dobrado. Se possível, colocar a pessoa deitada de lado para que não aspire a saliva ou vômito e ficar ao lado dela amparando até que a crise termine.

As crises convulsivas costumam ser breves, e não necessariamente a pessoa que tem epilepsia e tem uma crise precisa procurar atendimento médico. Se for uma pessoa desconhecida, na rua, por exemplo, pode sim acionar o socorro médico. Principalmente se for uma crise fora do comum, superior a cinco minutos, por exemplo, o que é um sinal de gravidade.

O que não fazer - Jamais devemos, colocar o dedo ou qualquer objeto na boca da pessoa para evitar que ambos se machuquem; nunca segurar a pessoa, apenas ampará-la; Nunca jogar nada no rosto, como água ou álcool, o que não irá ajudá-la a voltar à consciência.

* Coordenador de doenças cerebrovasculares do Hospital Icaraí e do Hospital e Clínica de São Gonçalo

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