29 de setembro, de 2021 | 08:41

Força-tarefa contra raiva animal é desenvolvida em Minas Gerais

Divulgação
Dia mundial de conscientização da doença lembra importância das medidas sanitárias de prevenção e combateDia mundial de conscientização da doença lembra importância das medidas sanitárias de prevenção e combate

O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) faz um alerta aos produtores rurais e à sociedade sobre os riscos da raiva animal, doença classificada como zoonose, transmitida de animais para pessoas e responsável por surtos ligados à antropização - ação do ser humano sobre o ecossistema. A transmissão da raiva para os herbívoros de produção se dá pelo morcego hematófago da espécie Desmodus rotundus. O vírus encontrado na saliva que o morcego transmite ao sugar sangue nos animais se desloca para o sistema nervoso. Os morcegos são de hábito noturno e, durante o dia, vivem em lugares escuros para se proteger da luz do sol. O 28 de setembro é considerado o Dia Mundial de Conscientização da Raiva.

Com o objetivo de combater e prevenir a doença nos rebanhos, o IMA promoveu uma força-tarefa entre os meses de agosto e setembro nos municípios e proximidades de Patrocínio e Coromandel, regiões do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba. Foram capturados 429 morcegos em 45 abrigos. Os animais são devidamente tratados com pasta vampiricida (anticoagulante) e, após o procedimento, são soltos no seu habitat natural. Durante a operação, a equipe também vistoriou 25 propriedades rurais, além de casas abandonadas, bueiros e ferrovias desativadas.

A atividade foi coordenada pelo servidor da Gerência de Defesa Sanitária Animal do IMA, Jomar Zatti, em parceria com a coordenadora regional em Patrocínio, Rosana Abadia e com a chefe do escritório em Coromandel, Alice Moreira. A ação também teve apoio das regionais de Belo Horizonte, Bom Despacho, Curvelo e Juiz de Fora.

De acordo com Jomar Zatti, os atendimentos a focos e suspeitas são considerados essenciais. “A missão é controlar a raiva no estado, preservando a saúde dos trabalhadores e dos animais do campo, amenizando eventuais prejuízos ao agronegócio. A melhor forma de prevenir os animais de produção contra a doença é a vacinação anual de todo o rebanho”, explica.

Os fiscais vão às propriedades para investigar e coletar material para diagnóstico, promovendo tanto o controle populacional do transmissor da doença, quanto ações de educação sanitária que conscientizam a população rural.

Notificações

Além de serem registradas pelo IMA, as notificações de suspeitas e focos da raiva podem ser feitas pelo Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias (E-Sisbravet), uma ferramenta digital integrada desenvolvida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para acompanhamento do Serviço Veterinário Oficial (SVO) de cada estado e instituições envolvidas.

Produtores ou profissionais da área de saúde animal podem acessar a plataforma e informar suspeita de doenças ou alta mortalidade de animais. O sistema é integrado com a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA) para acesso aos dados de cadastro e população animal. Há, ainda, previsão de integração com laboratórios para acesso aos laudos de diagnóstico das doenças.

Raiva e saúde única

A raiva é uma das doenças mais antigas da humanidade e a que mais se relaciona com o conceito contemporâneo de “saúde única”, cujo tema amplo e diversificado é base de estudos e debates sobre a interação da saúde entre pessoas, animais e meio ambiente.

O conceito é uma abordagem que reconhece a saúde humana como intrinsecamente ligada à saúde dos animais e ao meio ambiente compartilhado, tendo como objetivo alcançar resultados ideais por meio da colaboração e da interação entre as áreas.

A mudança climática e o uso da terra em atividades como desmatamento e práticas agrícolas intensivas causam perturbações nas condições ambientais e nos habitats, levando à disseminação de graves zoonoses.

“Os animais também compartilham da nossa suscetibilidade a algumas doenças e riscos ambientais. Por isso, podem servir como primeiros sinais de alerta. Rastrear enfermidades em bichos ajuda a mantê-los saudáveis e a prevenir surtos de doenças em pessoas”, reforça Zatti.

Origemda da data

O dia 28 de setembro também marca a morte de Louis Pasteur, químico e microbiologista francês que desenvolveu a primeira vacina contra a raiva.

Pensando na importância da raiva como uma grave zoonose, a Aliança Global para o Controle da Raiva (Garc) e Aliança Tripartite, que reúne a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), estabeleceram um Plano Estratégico Global, com o principal objetivo de zerar as mortes humanas por raiva até 2030.
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