02 de novembro, de 2021 | 10:46

Em comunicado, Petrobras contradiz Bolsonaro e afirma que não antecipa decisão sobre preços

Alex Ferreira
Preços dos combustíveis nesta terça-feira em Ipatinga: Gasolina passa de R$ 7 e etanol caminha para R$ 6 o litro Preços dos combustíveis nesta terça-feira em Ipatinga: Gasolina passa de R$ 7 e etanol caminha para R$ 6 o litro

Em visita à Itália, o presidente Bolsonaro afirmou que a Petrobras deverá anunciar novo reajuste do preço dos combustíveis em 20 dias; A petroleira contesta e afirma que não antecipa esse tipo de informação.

A expectativa de novos reajustes existe porque a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que, por mais que os preços do diesel e da gasolina tenham subido em 2021, os derivados acumulam defasagem em relação aos preços internacionais, no caso da gasolina em 21% e no caso do diesel em 19%.

Pois em uma entrevista na Itália, o presidente Jair Bolsonaro afirmou segunda-feira (1), que "a Petrobras fará um novo reajuste no preço dos combustíveis em 20 dias". No entanto, após a declaração, a estatal lançou um comunicado ao mercado rebatendo as informações ditas pelo presidente.

“A Petrobras não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado”, declarou a empresa. A estatal ainda afirmou que “as atualizações de preços de produtos são realizadas no curso normal de seus negócios e seguem as suas políticas comerciais vigentes”.

Na ocasião, Bolsonaro ainda criticou a política de preços adotada no governo do ex-presidente Michel Temer (2016-2018), quando o valor dos derivados de petróleo foi atrelado às variações do dólar e do preço internacional do barril do petróleo (Preço de Paridade de Importação (PPI).

Bolsonaro viajou para a Itália a fim de participar da cúpula do G20, encontro que terminou no domingo (31/10). A ideia do evento era discutir as principais metas ambientais do planeta.

Gasolina passa de R$ 7 em Ipatinga

Com as adequações aplicadas aos preços dos combustíveis depois do reajuste na semana passada, o litro da gasolina comum é encontrado neste dia 2/11 em Ipatinga a preços que variam entre R$ 6,97 até R$ 7,15. O diesel comum é encontrado por preços que variam de R$ 5,52 a R$ 5,54. E o etanol, biocombustível que deveria ser uma alternativa para evitar a disparada nos preços dos derivados de petróleo, acompanha a escala de preços e é encontrado por valores que vão de R$ 5,52 a R$ 5,82 o litro. Há diferença de centavos de um posto para outro, o que pode fazer a diferença na hora de completar o tanque.
Reprodução de vídeo
Variação de preços: diferença de centavos para fazer diferença na hora de encher o tanque Variação de preços: diferença de centavos para fazer diferença na hora de encher o tanque

Entenda o que é o PPI implantado no governo Michel Temer na Petrobras



Deste outubro de 2016, quando o governo Michel Temer (MDB) implementou na Petrobras o Preço de Paridade de Importação (PPI), o custo dos combustíveis não para de subir. Os economistas apontam que o PPI favorece dois setores da economia, especificamente, os importadores de derivados (Shell e Mubadala), que cresceram no país a partir de 2016 e aqueles que querem comprar as refinarias. Além disso, assegura rentabilidade para quem comprou ação da Petrobras, à custa de quem paga os preços altos nas bombas.

A formação de preços no PPI é explicado da seguinte forma pela a diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cibele Vieira: “Ao invés de formar o próprio preço considerando os custos para fazer cada derivado, [com o PPI] a Petrobrás pega o valor internacional e acrescenta o custo de importação para ficar no mesmo preço que os importadores têm para vender aqui no mercado brasileiro. Em vez de fazer o preço o mais baixo possível para concorrer no mercado contra os importadores, a Petrobrás aumenta o dela para ficar igual ao dos concorrentes. Na prática, há uma dolarização do combustível para que ceda espaço ao mercado internacional”, detalhou.

Confira a íntegra da nota publicada pela Petrobras:

A Petrobras, em relação às notícias veiculadas na mídia a respeito de expectativa de novos reajustes nos preços de combustíveis, esclarece que ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios e seguem as suas políticas comerciais vigentes.

A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais.

A Petrobras monitora continuamente os mercados, o que compreende, dentre outros procedimentos, a análise diária do comportamento de nossos preços relativamente às cotações internacionais. A Petrobras não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado.

Para conferir transparência à sua gestão comercial, a Petrobras anuncia os ajustes de preços a seus clientes por meio do site Canal Cliente (www.canalcliente.com.br) e, aos demais públicos de interesse, por meio do site www.agenciapetrobras.com.br.

Em atendimento à Resolução 795/2019 da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a Companhia também divulga a tabela de preços atualizada por localidade e modalidade de venda em seu site www.petrobras.com.br.

A Companhia esclarece, ainda, que a influência do movimento do mercado internacional de petróleo e da taxa de câmbio nos preços de seus produtos é constantemente analisada pelos participantes do mercado e noticiada pela imprensa. Além disso, no anúncio de reajuste de preços de diesel e gasolina, realizado no dia 25/10/2021 através de comunicado à imprensa, a Petrobras informou que os ajustes refletiam parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio.
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Comentários

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Observador de Canalhas

03 de novembro, 2021 | 07:11

“Plano perfeito:

- Permitir aumentos sucessivos e deixar os combustíveis a preços nunca vistos
- Estimular o ódio da população contra a petroleira
- Deixar a empresa em frangalhos para justificar que é inviável
- Vender aos amigos a preços "bem amigáveis"

E tem brasileiro que ainda defende a privatização. Sempre foi assim, desde FHC.”

Observador

02 de novembro, 2021 | 20:03

“Irônicamente a própria Petrobrás tem feito essas atencipações de reajuste de preço através da grande mídia o ano inteiro...”

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