12 de novembro, de 2021 | 10:00

Minas registra 32.949 ocorrências de golpes via WhatsApp de janeiro a setembro

Marcelo Camargo/Agência Brasil
MPMG intensifica atuação para combater golpes pelo WhatsApp em Minas GeraisMPMG intensifica atuação para combater golpes pelo WhatsApp em Minas Gerais

A cada dia surge uma vítima diferente do mesmo tipo de golpe, com apenas algumas variantes já muito conhecidas e frequentemente noticiadas nas páginas do Diário do Aço. O WhatsApp é uma ferramenta de comunicação de massa, porém tem sido muito usado para aplicação de golpes, seja pela clonagem do número de um usuário ou com o criminoso se passando por outra pessoa, utilizando a foto dela de forma indevida. Em ambos os casos, ficam expostas, pelo menos, duas vítimas: quem tem o número clonado ou a foto utilizada para pedir dinheiro e quem acredita na mensagem recebida e acaba transferindo o valor.

Em Minas Gerais, conforme levantamento preliminar da Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos (Coeciber), órgão do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), entre janeiro e setembro de 2021 houve 32.949 ocorrências do estelionato aplicado pelo aplicativo no Estado. É o crime cibernético de maior incidência de demandas na instituição.

Método

Nesse tipo de golpe, o criminoso muitas vezes se passa por parente da vítima. Após a troca de algumas mensagens para obter dados e ganhar a confiança dela, o criminoso passa a pedir que ela faça alguma transferência ou depósito, sob o pretexto de que não está conseguindo acessar aplicativos no telefone novo ou alguma outra desculpa genérica. A vítima, então, acaba fazendo a movimentação financeira solicitada pelo estelionatário.

“Em geral, não se trata de invasão (hackeamento) do telefone, do computador ou mesmo do aplicativo. O que ocorre é que os criminosos adquirem pacotes de dados no mercado negro, geralmente decorrentes dos vazamentos de bancos de dados de prestadores de serviços e empresas legítimas, contendo nome, data de nascimento, estado civil, endereços, números de telefones, relações familiares e até dados financeiros e outras informações sensíveis de possíveis alvos”, segundo informou o coordenador do Coeciber, promotor de Justiça Mauro Ellovich da Fonseca.

Diante dos dados alarmantes, o MPMG está intensificando o trabalho preventivo em duas frentes: primeiro, o Coeciber elaborou um roteiro para orientar os promotores de Justiça de todo o Estado com medidas para intensificar o combate ao crime; segundo, o órgão produziu um documento com dicas para que o cidadão possa se prevenir e não cair em estelionatos digitais.

Como evitar o golpe?

A advogada que atua em Ipatinga, Idamara Fernandes Oliveira, especialista em Direito do Consumidor, orienta sobre algumas medidas para evitar o golpe, como não realizar imediatamente pagamentos ou transferências quando houver solicitação por meio do WhatsApp e ativar a verificação em duas etapas em todos os produtos/serviços que possuírem esta funcionalidade (especialmente o WhatsApp).

“É importante também alertar parentes e familiares, especialmente os mais idosos, sobre como esse tipo de estelionato vem ocorrendo e ensiná-los a adotar as medidas de prevenção”.

O que fazer depois de cair no golpe?

Mas se mesmo assim uma pessoa for vítima do golpe ou alguém tenha tentado aplicá-lo, é importante não deletar a conversa realizada com o criminoso e salvá-la. A advogada Idamara orienta a adoção das seguintes providências: fazer boletim de ocorrência constando o número usado pelo criminoso e quaisquer outros dados que ele tenha fornecido (e-mails, chaves Pix, contas bancárias e etc.); Entrar em contato com a operadora de telefonia e pedir a suspensão temporária da linha; Enviar um e-mail para [email protected] com a frase: perdido/roubado, favor desativar minha conta; Abrir o WhatsApp e tocar no ícone três pontinhos >configuração>sair de todos os computadores.

A advogada conta que os processos na Justiça desse tipo têm se tornado rotineiros e que é possível reaver o prejuízo, principalmente se tratando de contas comerciais, que perdem vendas quando o número do WhatsApp é clonado. “É fundamental que aquela pessoa que teve algum prejuízo ao ter o número clonado procurar os órgãos de proteção ao consumidor e também uma orientação jurídica especializada e o poder Judiciário para ser ressarcido daquele prejuízo. Muitas vezes ele não consegue esse ressarcimento imediatamente, mas deixando tudo documentado isso servirá de prova no processo, caso ele não seja ressarcido na via administrativa”, pontuou.

Veja também:

Como evitar um golpe?
Informação é o melhor caminho para escapar de golpe
O golpe do motoboy e a responsabilidade dos bancos
Advogado alerta para nova tentativa de golpe
Cemig emite alerta de golpe contra consumidores no Vale do Aço
Golpes via WhatsApp causam prejuízo de mais de R$ 50 mil no Vale do Aço
Mudança no comportamento de consumidores abriu caminho para novos golpes, avalia advogado
Não caia em golpe: Ministério da Saúde não exige código de confirmação por celular em pesquisa sobre covid-19

Lista dos golpes mais frequentes no Vale do Aço:

Moradora de Mesquita escapa de golpe via WhatsApp
Cliente simulava pagamento pelo PicPay e não efetivava transferência
Comerciante é enganado por estelionatário e tem rombo de quase R$ 9 mil
Idosa do bairro Alvorada perde mais de R$ 13 mil em golpe via WhatsApp
Golpe agora é aplicado com a clonagem no Instagram
Casal aplica o golpe da panela feita em aço cirúrgico
Mulher é vítima de golpe aplicado via WhatsApp e perde mais de R$ 117 mil
Idoso cai no ''Golpe do Motoboy'' e perde mais de R$ 10 mil
Criminosos contratam empréstimo de R$ 35 mil em conta bancária de morador do bairro Canaã
Mulher é vítima de estelionatário que financiou um veículo em seu nome
Homem cai em golpe ao tentar comprar moto anunciada no OLX
Golpistas levam mais de R$ 4 mil de conta de idoso em Ipatinga
Mais de R$ 2.800 sacados de conta de moradora do bairro Bethânia
Mulher escapa de prejuízo de R$ 33 mil em golpe na aquisição de um carro
Jovem perde R$ 4.100 em negociação de iPhone pela internet
Quando o golpe falha e os criminosos perdem tempo
Golpes aplicados via WhatsApp dão prejuízo a moradores dos bairros Jardim Panorama e Bethânia
Casal é investigado pela suspeita de aplicar golpe em venda de casa pré-moldada no Vale do Aço
Idosa perde cerca de R$ 4 mil no golpe do WhatsApp em Timóteo
Aposentada é vítima de criminosos e leva golpe de R$ 2.806
Estelionatário engana três homens ao mesmo tempo no Vale do Aço e dá golpe de R$ 35 mil
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário