10 de dezembro, de 2021 | 13:23

Para onde caminha o presidente?

Marcelo Campos Neto *

Em um surto de lucidez, o presidente Jair Bolsonaro afirmou esta semana que “não sabe onde estava com a cabeça” quando decidiu disputar a Presidência da República, em 2018. Entretanto, o presidente deu a entender que concorrerá à reeleição em 2022. E disse mais, que graças a isso [loucura] ‘um comunista não ocupa a sua cadeira’.

Vejam que essa não é a primeira vez que o Bolsonaro reclama do cargo. Desde o primeiro ano de mandato, ele demonstra insatisfação com a cadeira em declarações a apoiadores e interlocutores. Reclama, mas não sai dela e, para se manter lá, faz leilão junto ao Centrão, e usa até um orçamento paralelo para assegurar sua base de governabilidade.

Em outubro, durante evento em uma igreja evangélica, Bolsonaro disse chorar no banheiro do Palácio da Alvorada sem que a mulher, Michelle, saiba disso.

O mesmo Bolsonaro que reclama é o mesmo que já deu pistas de que não pretende deixar a Presidência tão cedo. É para onde caminha o presidente, rumo à disputa da imunidade do Foro Privilegiado.

Outra coisa que merece uma intervenção psiquiátrica é esse discurso de "comunismo" ou "socialismo", repetido à exaustão. Brasil e Argentina, nunca foram socialistas, e nunca estiveram sob ameaça de se tornarem ditaduras comunistas. No mundo, talvez, tenham sobrado somente Cuba e Coreia do Norte, pois a China, de comunista hoje só tem o nome. Bolsonaro fala em Comunismo com convicção. Mas, afinal, o que ele quer dizer, quando cita essa suposta ameaça? Ou o comunismo é um avatar, somente para assustar os incautos?

Quando Bolsonaro insiste em citar ameaça comunista, ele reflete, primeiro, uma cultura ultrapassada de levantes combatidos dentro do Exército Brasileiro, uma paranoia. Em segundo, reflete o "comunismo" expressado pelo olavismo, movimento dos seguidores do ex-astrólogo Olavo de Carvalho. Idoso, com problemas de saúde, Olavo mora numa área rural do Condado de Dinwiddie, ao sul de Richmond, no estado da Virgínia (EUA), de onde difunde sua paranoia, segundo a qual, há ameaça comunista nas artes, na educação, na ciência, na comunicação, por todo lado. Por fim, citar sempre a "piração" do comunismo dá aos seguidores um inimigo mítico com quem lutar. E aqui há um componente manipulador importante. Cada um monta uma explicação pessoal, levanta a bandeira do Brasil para gritar pelas ruas contra o suposto inimigo, numa verdadeira realidade paralela, enquanto o desemprego, a fome, a insegurança e a infraestrutura do país aguardam solução.

* Articulista, professor mineiro aposentado

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Comentários

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Javé - do Outro Lado do Mundo

10 de dezembro, 2021 | 14:59

“Só de estar lá, já conseguiu sua grande façanha.”

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