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11 de dezembro, de 2021 | 08:32

O que o estresse tem a ver com a saúde bucal?

André Pataro *

De maneira geral, as pessoas associam os problemas bucais a uma cárie, a uma inflamação da gengiva ou a uma dor de dente. Mas não é preciso ser profissional da odontologia para saber que a boca é muito mais complexa do que isso. Muito além, há diversos transtornos que refletem na principal “porta de entrada” para o nosso organismo. Um problema bucal não necessariamente tem origem em uma região específica, de forma isolada.

Desde uma gravidez, passando por uma depressão ou mesmo uma crise de ansiedade, condições sistêmicas podem gerar mudanças que afetam o equilíbrio emocional e que podem ter um impacto significativo na região bucal. No caso do estresse, pode haver muitos riscos que comprometem a saúde da boca. O principal motivo é a vulnerabilidade diante da liberação desenfreada de hormônios pelo corpo e a descarga emocional liberada nos músculos da mastigação.

Essa instabilidade emocional é capaz de provocar a incidência de aftas, herpes, ressecamento bucal (também conhecida como xerostomia), cáries e doenças gengivais. O estresse também pode provocar ou intensificar o bruxismo, aquele ato de ranger ou de apertar os dentes, provocando desgaste excessivo e, por consequência, dores de cabeça e na mandíbula. Além disso, tem sido cada vez mais frequente a fratura dental decorrente do bruxismo não controlado, ainda mais no momento de vida que o mundo está hoje.

Para piorar, as doenças emocionais interferem na rotina do paciente, e há um descuido mais acentuado da higiene bucal em meio a crises de estresse. Uma pesquisa realizada pelo Journal of Periodontology, ligado à Academia Americana de Periodontia, confirma isso: ela mostra que 56% das pessoas entrevistadas admitiram que o uso da escova de dentes e do fio dental ficaram comprometidos devido ao estresse.

“As doenças emocionais interferem
na rotina do paciente, e há um
descuido mais acentuado da higiene
bucal em meio a crises de estresse”


Juntos, todos esses fatores são capazes de provocar um verdadeiro estrago. A xerostomia, por exemplo, corta a produção de saliva, que tem a função não apenas de manter a boca lubrificada, mas também de remover o excesso de micro-organismos que provocam a cárie e a gengivite, além de possuir propriedades imunológicas. A falta de saliva também provoca o mau hálito, que ainda pode ser agravado por outros hábitos alimentares prejudiciais à boca. Como se pode constatar, é como uma cadeia sucessiva de problemas agravados por uma crise que aparentemente não tem nada a ver com os dentes, mas que, ao entender todos esses fatores, passa a fazer muito sentido.

Paralelamente aos tratamentos apropriados para combater o estresse, é fundamental que o paciente tenha a consciência de que ele corre contra o tempo. Mesmo num momento em que esteja mergulhado numa crise, ele precisa manter os cuidados necessários para evitar que as condições de saúde da boca sejam ainda mais prejudicadas pelo boicote à limpeza adequada. Manter o foco na prevenção e visitar o profissional periodicamente são os caminhos razoáveis para eliminar os sintomas do estresse, pelo menos na boca.

O momento é de intensificar essa atenção, uma vez que os casos de estresse quase que dobraram no período da pandemia no Brasil. Isso significa mais casos de bruxismo, de cáries, de aftas e de tantas outras moléstias na via oral. Cuidar da higiene bucal, portanto, está mais do que em voga.

* Cirurgião-dentista, doutor (PH.D.) e mestre em odontologia pela UFMG - [email protected]

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Javé - do Outro Lado do Mundo

12 de dezembro, 2021 | 19:25

“Dente estragado na boca facilita a penetração no organismo dos agentes infecciosos.”

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