12 de dezembro, de 2021 | 09:30

Falta de instituições federais de ensino dificulta desenvolvimento do Vale do Aço

Arquivo DA
A produção de conhecimento científico gera desenvolvimento e transformação regional A produção de conhecimento científico gera desenvolvimento e transformação regional

Embora seja uma das quatro regiões mais populosas de Minas Gerais, a Região Metropolitana do Vale do Aço apresenta um dos piores índices do Brasil na relação população/professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) dos institutos federais, com um índice de 11.009 habitantes por professor. Esse levantamento foi realizado pelo campus do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), em Ipatinga.

Além de se refletir na baixa oferta de cursos e de oportunidades de formação, algo fundamental para a inserção da população no mercado de trabalho em condições de melhor disputa salarial, o baixo número de professores e de alunos atendidos nos institutos federais dificulta um maior desenvolvimento da região do Vale do Aço, segundo o estudo do IFMG.

Distribuição geográfica

O levantamento realizado aponta que Minas Gerais apresenta quatro regiões populosas, dentre elas está o Vale do Aço, Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Triângulo Mineiro e a Zona da Mata. Entretanto, quando se trata da distribuição geográfica dos alunos atendidos nas instituições federais de ensino, sejam elas universidades ou institutos federais, a maior concentração no Estado localiza-se nas regiões de Belo Horizonte, Ouro Preto, Viçosa, Uberaba, Uberlândia, Juiz de Fora e Sul de Minas.

“Após fazer o levantamento, percebi que o Vale do Aço quase desapareceu, já que praticamente não possuímos oferta representativa de vagas e campus de universidade federal ou instituto federal na região. Isso quer dizer que entre as principais cidades e regiões de Minas, o menor número de vagas federais está no Vale do Aço. A conclusão do meu levantamento é a de que a oferta de vagas não tem chegado a uma das regiões mais populosas e mais importantes de Minas Gerais”, destaca o diretor geral do IFMG Ipatinga, Alex Fernandes.

Distribuição geográfica

O levantamento comparou também a distribuição geográfica dos campi universitários da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) no território mineiro. Conforme o estudo, neste cenário, a situação de carência do Vale do Aço também se repete, já que a região não é atendida por nenhum campus da Universidade Estadual, que chega a oferecer graduação de Medicina em outras regiões. “A Região Metropolitana do Vale do Aço apresenta um dos piores índices do Brasil na relação população/professor EBTT dos institutos federais, com um índice de 11.009 habitantes por professor. Com menos professores, menor é o número de cursos disponíveis. Por consequência disso, possuímos um dos vestibulares mais concorridos do país, com baixa oferta de cursos e alta demanda populacional”.

Institutos federais oferecem diversas modalidades de ensino


O técnico em Assuntos Educacionais do IFMG Ipatinga, Lucas Pimenta, acrescenta que é fundamental frisar que o instituto federal oferta cursos profissionalizantes, ensino técnico nas modalidades integrado ao ensino médio, subsequente, concomitante, Educação de Jovens e Adultos (EJA), ensino superior e pós-graduação lato e stricto sensu (mestrado e doutorado profissionais). “Assim, a verticalização do ensino, a formação técnica de excelência e as diferentes vivências formativas desenvolvidas nos institutos federais contribuem eficazmente para a inserção do jovem brasileiro no mundo do trabalho, sempre em conexão com os arranjos produtivos locais”, afirma.


Vale do Aço já teve projeto para instalação de polo universitário


O geógrafo William Passos lembra que o Vale do Aço já chegou a receber o projeto de instalação de uma unidade da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com a oferta de graduação de Medicina, mas o projeto foi interrompido e dificilmente será retomado. “Em 2013 foi viabilizada a implantação do campus da UFOP em Ipatinga, dentro do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Em 2014, a administração de Ipatinga doou a área destinada às instalações da Faculdade de Medicina, na antiga Suplan, no bairro Cidade Nobre, próximo ao Hospital Municipal. O projeto inicial previa duas turmas de Medicina, mas o objetivo da UFOP era criar um polo universitário de saúde no Vale do Aço. Certamente, isso promoveria um grande impacto no desenvolvimento da região”, enfatiza.

Necessidade

Conforme o geógrafo, o Vale do Aço necessita de uma universidade pública ou de um instituto federal, já que 90% da ciência brasileira é produzida nas instituições públicas, e produção de conhecimento científico gera desenvolvimento e transformação regional. “Sendo a principal metropolização consolidada do interior da região Sudeste, fora do estado de São Paulo, conforme já comprovei na minha pesquisa de Tese de Doutorado desenvolvida no IPPUR/UFRJ, o principal centro de produção de conhecimento metropolitano da América Latina, a presença de uma instituição pública no Vale do Aço seria fundamental para alavancar um novo ciclo de desenvolvimento virtuoso para a região. Mas o Reuni foi interrompido com o fim do governo Dilma Rousseff, em 2016, e dificilmente será retomado”, pontua.
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Comentários

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Curso Superior Desvalorizou

13 de dezembro, 2021 | 12:41

“O que tem de desempregado com diploma de curso superior no vale do aço não é brincadeira. Foi se a época que ter um diploma era garantia de alguma coisa. Mercado de trabalho saturado, número de empregadores é inferior ao número de empregados, a conta não fecha.
O que se deveria fazer era desburocratizar o empreendedorismo, cortar impostos e encargos e estimular criação de empresas.”

Tião Aranha

12 de dezembro, 2021 | 20:30

“A faculdade de medicina só ficou na promessa, mas a esquerda está de volta. Risos.”

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