14 de dezembro, de 2021 | 13:43

Dom fogo foguinho...

Nena de Castro *

Dão Pedro I não podia ver um rabo de saia. Certamente saiu à sua mãe, a fogosa espanhola Carlota Joaquina que não podia ver “uma perna de calça”, que caía matando. D. João VI, coitado, além da cabeça enfeitada, volta e meia tinha que abafar um escândalo ou crime cometido por sua real esposa que segundo os historiadores chegou a tirar a vida de um amante que não queria mais catar coquim gabiroba com ela. Diziam as boas línguas que seu irmão mais novo, o príncipe Dão Miguel seria filho do caseiro da Quinta do Ramalhão, um tal de João dos Santos.

Dão Pedro e a Marquesa de Santos, Domitila de Castro Canto e Melo, viveram uma paixão avassaladora, apesar da presença da princesa dona Leopoldina, infeliz e desprezada. Nas mais de 170 cartas e bilhetes trocadas entre os dois, ele assinava “fogo foguinho” e o “demonão”. Também chamava sua genitália de “máquina triforme”. É, Pedrico era do baralho.

Não que tudo corresse bem no reino; quando nomeado Príncipe Regente, ante a falta de recursos e os imbróglios entre portugueses e brasileiros, Dão Pedro tentou em vão se livrar do abacaxi que o pai lhe atirou ao colo. Dão João VI voltou para Portugal por exigência das cortes e o deixou como Príncipe Regente. Em duas ocasiões, segundo os historiadores, escreveu ao pai: “Peço a Vossa Majestade que o quanto antes me faça partir”.

Outra: “Peço a V. Majestade, por tudo quanto há de mais sagrado, me queira dispensar desse emprego que seguramente me matará pelos contínuos e horrorosos painéis, uns já à vista, e outros muito piores para o futuro”.

É, o trem não estava fácil para o futuro imperador do Brasil. Revoltas, escaramuças, uma formidável caganeira que o assolou quando subia a serra do Ipiranga, sendo obrigado a toda hora parar com a comitiva e ir se aliviar no mato... Se acham que a Bugra em sua irreverência está inventando, é só ler ”1822”, de Laurentino Gomes. Posé, o esperto Dão Pedrico mandava trancar o quarto de Dona Leopoldina todas as noites, alegando questões de segurança. Na verdade, o gajo queria ir pra gandaia sem a esposa saber. Eitaaaaa...

E assim deu no que deu, ele abdicou e foi lutar pelo trono português contra seu irmão D. Miguel e por lá acabou morrendo aos 35 anos. Veio o segundo império com Dão Pedro II, a proclamação da república e muitos desgovernos que nos levaram pra “tonga da mironga do cabuletê!”

Ler sobre certos personagens é sempre divertido. Dureza é aceitar a realidade desse país tão lindo e arrasado por incompetência político—administrativa. Agora, eleições à vista. Oceano revolto, vem maré braba por aí!

E vocês vem me falar que possivelmente a alternativa é o MORO CONJE? “SE DANOU-SE!” eu quero a minha mãe!!! E nada mais digo...

* Advogada, escritora e Encantadora de Histórias

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Comentários

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Javé - do Outro Lado do Mundo

14 de dezembro, 2021 | 18:01

“Numa fonte só se bebe a água limpa ou a água suja: nunca se bebe as duas ao mesmo tempo. Mas pelo jeito desde lá de trás a gente só tem bebido porcaria. Risos. É uma pena que neste país a Política não é levada a sério.”

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