21 de dezembro, de 2021 | 16:18

Deu ruim...

Nena de Castro *

Cá no meu cantim, mexendo com a terra nas minhas plantas, penso em algumas coisas profundas e belas ou horríveis, coisas essas que acontecem no decorrer de nossos dias. É época natalina e bem mais que árvores artificiais, estrelas de papel e brilhos, ceia, presentes e outros que tais, não podemos nem devemos esquecer da ESTRELA DE BELÉM, que iluminou o CRISTO que se despiu de sua divindade e nasceu de uma mulher em local tão humilde, preparando seu ministério, que é mostrar a luz verdadeira aos homens.

Ao ver outro dia uma criança exigir um presente caríssimo, pensei cá com meus zíperes, que tá tudo errado: um pai fazer dívidas para os próximos 12 meses visando atender aos caprichos de um filho, não é bom.

Então me lembrei da história do jovem Faetonte, filho do Deus Sol, que os gregos chamavam de Hélio, (e os romanos de Hélius), com uma ninfa mortal de nome Climene.

Como vocês sabem, os gregos criam em 12 deuses e deusas, que viviam no monte Olimpo. O chefão era Zeus, casado com Hera e ele pulava a cerca do palácio todo dia e se relacionava com deusas, ninfas e mulheres da Terra. Daí nasciam os semideuses ou heróis, caso de Perseu, Hércules e Teseu, este, filho de Poseidon, Deus do Mar.

Mas voltando ao jovem Faetonte que, cansado de sofrer bullying dos colegas da escola que duvidavam que fosse ele filho de um deus, resolveu visitar o palácio do pai.

Lá chegando, o rapaz viu o deus Hélio no trono onde reinava cercado de seu séquito: o DIA, o MÊS, o ANO, o SÉCULO e as HORAS. Em volta, a PRIMAVERA com a sua coroa de flores; o VERÃO coberto de espigas de cereal; o OUTONO com sua cornucópia repleta de uvas; e o INVERNO com seus cabelos brancos como a neve.

“Ao ver outro dia uma criança exigir
um presente caríssimo, pensei cá com
meus zíperes, que tá tudo errado”


O jovem foi muito bem recebido pelo pai, que prometeu lhe conceder o que pedisse. (Essas coisas nunca dão certo, lembram da filha de Herodias pedindo a Herodes cabeça de João Batista?)

O rapazinho pediu logo ao pai que lhe deixasse guiar o carango com o qual levava o sol para toda a Terra. A carruagem era puxada por quatro cavalos que expeliam labaredas e graças ao vento disseminavam a luz e o dia pelo nosso planeta. O pai foi logo argumentando que nem os outros deuses faziam tal temeridade, ninguém além dele conseguia equilibrar-se sobre o eixo incandescente, o caminho era íngreme, o meio do caminho era alto, no centro do céu, e ao fim do dia havia uma queda abrupta, tinha que ter uma condução segura para não cair nas profundezas do mar.
- Pede outra coisa, meu filho! - disse Hélio.

O rapaz respondeu que já tinha saído com todas as moças do condomínio e agora ia paquerar as do condomínio próximo e desse jeito ia ficar sem moral. Nisso uma das HORAS, alertou o deus que a AURORA já estava a caminho e estava passando de hora de atrelar os cavalos de fogo à carruagem. O deus-pai cedeu ao coração em detrimento da razão e lá se foi Faetonte, rédeas nas mãos, sentindo-se o senhor do mundo e rei da cocada preta. A sabedoria popular afirma que o certo é “cada macaco no seu galho”, e aquele galho não era o do jovem. Com os olhos e a mente turvados pelo brilho das chamas, ele não soube conter os cavalos desabalados, que mergulharam em direção à Terra. Cadeias de montanhas nevadas derreteram, o bafo dos cavalos incendiou cidades e países e o treco foi tão ruim que Zeus, o poderoso chefão, mandou um raio que despedaçou a carruagem, consumiu os cavalos e Faetonte, cabelos em fogo, esborrachou lá de cima como uma estrela cadente.

Bem o que quero dizer é: Feliz Natal e neca de ser faetontos na hora de comprar, educar nossos filhos, votar e exercer nossa cidadania! Z Au revoir.

* Advogada, escritora e Encantadora de Histórias

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Comentários

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Javé - do Outro Lado do Mundo

21 de dezembro, 2021 | 17:56

“Trem danado é a tal de ideologia. Os deuses representavam o Sol. Hoje temos deuses e não temos esperança. Ainda bem que a ala ideológica do mito já está em conflito. Risos.”

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