31 de janeiro, de 2022 | 07:23

Roberta Luchsinger: ''escolas devem ser fonte de integração entre criança, família e sociedade''

Roberta Luchsinger é o tipo de mulher que arregaça as mangas e faz! A ativista social é referência no país quando o assunto é transformar realidades. Prova disso é o projeto social que nasceu na periferia de São Paulo unindo escola e comunidade em prol de uma alimentação mais saudável para as crianças.

“À época, eu estava muito focada em geração de oportunidade para mulheres e desenvolvimento social. Então, criei esse projeto de alimentação saudável e coloquei a mão na massa, fiz um curso de gastronomia e decidi passar esse conhecimento adiante”, conta.

Roberta Luchsinger lembra que chegou até a criar uma cozinha experimental para ensinar às mães dos estudantes das escolas públicas sobre cardápios saudáveis. “Nas escolas, minha primeira ideia foi criar hortas. E, junto disso, pegar essas mães e capacitá-las para que elas mesmas, além de poderem fazer em casa, também se tornassem merendeiras desses colégios. Ou seja, era a união de criação de oportunidade com o foco na nutrição das crianças”, explica a ativista social.

Roberta Luchsinger : ''uma das bases do SUS é a prevenção''

Segundo Roberta Luchsinger, uma das bases do Sistema Único de Saúde (SUS) é a prevenção. E, para ela, isso está diretamente ligado a uma alimentação equilibrada, com todos os componentes necessários para um desenvolvimento saudável. “A gente vive num país muito desigual. Então, a realidade é que tem criança que só come na escola. E, por isso, eu acredito que a gestão pública tem que ter essa preocupação: de alimentar bem as crianças. Porque, para muitas, aquele é o único prato do dia”, lamenta.

Na avaliação de Roberta Luchsinger, as escolas podem e devem ser esse ponto de união e desenvolvimento de projetos sociais: porque é nelas que toda a comunidade se encontra, em especial mães, filhos e educadores. “Uma das bandeiras sempre foi o resgate das mulheres. Mulheres pobres, mulheres em situação de risco, mulheres que sofrem violência doméstica. Porque o mundo é machista. O mundo foi feito para os homens. E essas mulheres, tão dilaceradas pelas durezas da vida, muitas vezes não suporte algum para saírem dessas situações”, afirma.

Mudanças urgentes e necessárias

Então, completa Roberta Luchsinger, foi nas escolas que ela enxergou esse protagonismo para mudanças urgentes e necessárias. “As escolas podem revolucionar cenários. Por meio delas, pode-se melhorar a alimentação das crianças.
Também podemos capacitar pessoas. Podemos fazer inúmeras coisas em um único espaço. E por quê? Porque, normalmente – não é sempre -, são inseridas nas comunidades. Elas estão num espaço que é palpável às pessoas que mais precisam. Elas conseguem ser, em um único local, uma pilastra de integração dessa tríade: criança, família e sociedade”, diz.