06 de fevereiro, de 2022 | 10:00

Metropolização fecha o ano com 11.038 novas vagas com carteira assinada

Ipatinga, Timóteo e Caratinga puxam o emprego na Região Metropolitana Expandida, enquanto Antônio Dias e Ipaba impulsionam a geração de vagas no Colar Metropolitano Contraído

A divulgação dos resultados de dezembro do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) pelo Ministério do Trabalho e Previdência indica que, apesar do saldo positivo, a geração de emprego formal despencou no Vale do Aço no último mês de 2021, fazendo com que a Metropolização encerrasse dezembro com a abertura de apenas 52 novas vagas formais. Destas, 16 foram geradas na Região Metropolitana oficial (Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo), 57 foram geradas na Região Metropolitana Expandida (formada pelos quatro municípios mais Caratinga e Belo Oriente) e 788 vagas foram criadas no Colar Metropolitano Contraído (formado por 22 dos 24 municípios do Colar Metropolitano oficial).

Fazem parte do Colar Metropolitano Contraído os municípios de Açucena, Antônio Dias, Bom Jesus do Galho, Braúnas, Bugre, Córrego Novo, Dionísio, Dom Cavati, Entre Folhas, Iapu, Ipaba, Jaguaraçu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Periquito, Pingo-d'Água, São João do Oriente, São José do Goiabal, Sobrália e Vargem Alegre. A divisão Região Metropolitana Expandida e Colar Metropolitano Contraído foi desenvolvida pelo geógrafo William Passos, colaborador do Diário do Aço e integrante do Observatório das Metropolizações Vale do Aço, instalado no Campus Avançado do IFMG de Ipatinga.

Integrante também da Rede Observatórios do Trabalho e do Observatório Nacional do Mercado de Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência, William Passos comanda a equipe do Observatório das Metropolizações Vale do Aço, apoiada pelo diretor do IFMG Ipatinga, Alex Fernandes, e formada pelo técnico em Assuntos Educacionais, Lucas Pimenta, e pelo bolsista e graduando em Engenharia Elétrica, Felipe de Souza.

Geração de empregos

Por outro lado, ao longo do ano de 2021 (janeiro a dezembro), 8.494 empregos com carteira assinada foram gerados na RMVA, 10.250 empregos foram gerados na Região Metropolitana Expandida (RME) e 788 vagas foram criadas no Colar Metropolitano Contraído (CMC). Na RME, as vagas foram puxadas por Ipatinga (5.960 novos empregos), Timóteo (1.582 novos vínculos) e Caratinga (1.189 novos contratos), enquanto no CMC, os principais responsáveis pela geração de empregos em 2021 foram Antônio Dias (166 novas vagas) e Ipaba (129 novos empregos).

Com isso, o mercado de trabalho celetista do Vale do Aço, somando a Região Metropolitana com o Colar Metropolitano, encerrou 2021 com 136.698 trabalhadores formais, o terceiro maior do interior de Minas, atrás apenas de Uberlândia (214.366 trabalhadores formais) e de Juiz de Fora (141.002 trabalhadores, considerando o Arranjo Populacional formado com Chácara, Ewbank da Câmara, Matias Barbosa e Simão Pereira) e à frente de Montes Claros (85.446 vínculos formais), Uberaba (81.618 contratos) e Extrema (31.470 vínculos), considerando as maiores economias do interior de Minas medidas pelo Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios.

Em termos de setores econômicos, o setor de serviços apresentou o maior saldo na geração de vagas em todo o Vale do Aço: na RMVA, foram 3.329 novas vagas, seguidas pela indústria (3.027). Na RME, o setor de serviços gerou 263 vagas a mais que a indústria (saldo de 3.911 contra 3.648). E no CMC, a situação também se repetiu: os serviços ficaram à frente da indústria gerando 321 vagas contra 247 contratos.

De acordo com William Passos, que tabulou os dados em primeira mão para o Diário do Aço, os resultados apontam para uma terciarização do emprego na metropolização do Vale do Aço, com o setor de serviços assumindo a alavancagem da geração de postos de trabalho formais. “Apesar de ser uma região industrial, organizada em torno do parque de transformação fabril do minério de ferro trazido da região do Quadrilátero Ferrífero, ao redor da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Vale do Aço vem mostrando, nestes mais de 70 anos da implantação da economia do aço e do metal, um amadurecimento de sua economia e do seu mercado de trabalho.

Por um lado, isso é bom porque indica consolidação, mas por outro lado, pode apontar também para perda de dinamismo. É como um carro que diminui a aceleração por ter se acomodado com a velocidade. Com isso, é preciso pensar em estratégias de ampliação dos investimentos, de diversificação das atividades econômicas e de criação de novas oportunidades. Assim, qualificação da mão de obra, produção de conhecimento e desenvolvimento de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação são fundamentais”, aponta.

A este respeito, Alex Fernandes aponta que o IFMG tem trabalhado para auxiliar no desenvolvimento tecnológico e científico da região. “Mais uma vez, fica evidente a importância da região para Minas e para o Brasil, sendo fundamental para o desenvolvimento local a ampliação do número de vagas e cursos das instituições federais de ensino e pesquisa aqui instaladas”, disse o diretor do IFMG.

Emprego masculino

O levantamento do Observatório das Metropolizações Vale do Aço também identificou o perfil demográfico do emprego na Região Metropolitana oficial, na Região Metropolitana Expandida e no Colar Metropolitano Contraído do Vale do Aço. Nos municípios de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo foram os homens com ensino médio completo, entre 18 e 24 anos, os que mais conseguiram emprego com carteira assinada.

No total, os quatro municípios registraram saldo de 4.387 empregos formais para os homens contra 4.107 vagas formais para as mulheres. A faixa etária entre 18 e 24 anos e o grau de instrução ensino médio foram disparados os que mais empregaram: 4.756 novos postos de trabalho no primeiro caso e 5.950 novas vagas formais no segundo. Confirmando a vocação industrial e a terciarização do emprego na região, apontada pelo geógrafo, a função “trabalhador da produção de bens e serviços industriais” foi a que mais gerou postos de trabalho na RMVA, apresentando saldo de 2.708 novos contratos.


Emprego feminino

Quando se acrescenta Belo Oriente e Caratinga aos quatro municípios da RMVA, porém, a situação se inverte. Na RME, o perfil demográfico do emprego é predominantemente feminino, porém continua a dominar a empregabilidade de 18 a 24 anos e por trabalhadores com o ensino médio. No total, os seis municípios apresentaram saldo de 46 empregos formais para as mulheres e de apenas 11 empregos para os homens. A faixa etária entre 18 e 24 anos registrou saldo de 202 empregos e o grau de instrução ensino médio completo, saldo de 282 postos de trabalho formais. A função “trabalhadores em serviços de reparação e manutenção” foi a maior empregadora na Região Metropolitana Expandida, abrindo saldo de 210 novas vagas.

Já no Colar Metropolitano Contraído, mapeado por William Passos, o emprego feminino apresentou saldo positivo, ao contrário das contratações masculinas. Foram admitidas 18 mulheres a mais nos 22 municípios que formam o Colar Metropolitano sem Belo Oriente e Caratinga, enquanto foram demitidos 23 homens. A faixa etária com o maior saldo, por sua vez, foi deslocada para o grupo entre 30 e 39 anos, que abriu 11 novas vagas. Em termos de escolaridade, a exemplo da RMVA e da RME, o emprego formal de trabalhadores com o ensino médio também foi predominante, registrando saldo de 17 novas vagas na economia formal do Colar Metropolitano Contraído.

Já em termos de funções com maior assinatura em carteira, “trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados” e “trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca” foram os cargos que apresentaram maior empregabilidade, com saldo respectivo de 19 e 18 novas vagas.

Para William Passos, o aumento do emprego nos 22 municípios do Colar Metropolitano Contraído passa pelo fortalecimento da economia formal e pelo apoio às prefeituras. “Há uma alta informalidade no mercado de trabalho destes 22 municípios, que enfraquece e dificulta a expansão da economia formal, que é aquela que gera emprego com carteira assinada e paga impostos. A saída passa pelo apoio às prefeituras, que precisam se aproximar do conhecimento técnico fornecido, por exemplo, pelo Observatório das Metropolizações Vale do Aço do IFMG Ipatinga.

Nestes municípios, as prefeituras são as maiores indutoras do desenvolvimento e podem fazer isso estimulando a abertura de novos negócios formais, a formalização dos negócios já existentes e a atração de novos investimentos vindos de fora, aproveitando as potencialidades locais”, conclui o geógrafo.
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