09 de fevereiro, de 2022 | 18:46

Pandemia agravou analfabetismo infantil no Brasil; aumento foi de 66,3%

Um milhão não sabiam ler e escrever em 2021, aponta nota técnica do Todos pela Educação

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O número de não alfabetizados passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021. O aumento foi 66,3%, segundo nota técnicaO número de não alfabetizados passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021. O aumento foi 66,3%, segundo nota técnica

Quando precisou ficar em casa por causa do distanciamento social – imposto com mais força no início da pandemia –, a fisioterapeuta Marianna Carvalho, 31, deve que se colocar no lugar das professoras da filha, que estava no período de alfabetização, Anna Vitória, de seis anos, e cuidar para que ela não ficasse ainda mais prejudicada por conta da suspensão das aulas presenciais.

Mesmo com auxílio da escola que mandava os exercícios, Marianna ainda sentia que era insuficiente. “Para mim ainda era pouco. Por isso, usei o recurso da internet para buscar alternativas para ela começar a desenvolver a escrita, a leitura e treinar as habilidades já conquistadas antes da pandemia”, conta.

Anna, felizmente, não entrou nos dados que apontam um aumento de 1 milhão entre as crianças com idade semelhante à dela que não aprenderam a ler nem escrever durante a pandemia. O número passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021. O aumento foi 66,3%, segundo nota técnica “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças”, do Todos Pela Educação, divulgada em (8/2).

Falta de equipamentos em casa como computadores, notebooks ou tablet, ou até mesmo de internet contribuíram para o afastamento de muitas crianças da escola. A nota técnica mostrou que dentre as crianças mais pobres, o percentual das que não sabiam ler e escrever aumentou de 33,6% para 51,0%, entre 2019 e 2021. Dentre as crianças mais ricas, o aumento foi de 11,4% para 16,6%.

A pandemia também contribuiu para a disparidade de aprendizagem entre crianças brancas e crianças pretas e pardas. “Os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever passaram de 28,8% e 28,2% em 2019 para 47,4% e 44,5% em 2021, sendo que entre as crianças brancas o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período”, diz o documento.

Em texto publicado no site do Todos Pela Educação, o líder de políticas educacionais da instituição, Gabriel Corrêa, explica que o aumento da disparidade fica ainda pior quando olhado pela perspectiva de que ele agrava problemas históricos da educação brasileira.

“A alfabetização na idade correta é etapa fundamental na trajetória escolar de uma criança, e por isso esse prejuízo nos preocupa tanto. E porque os danos podem ser permanentes, uma vez que a alfabetização é condição prévia para os demais aprendizados escolares. Precisamos urgentemente de políticas consistentes para a retomada das aulas, para que essas crianças tenham condições de serem alfabetizadas e sigam estudando. É inadmissível retrocedermos em níveis de alfabetização e escolaridade”, afirma.

Para chegar aos números reunidos na nota, o Todos Pela Educação utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), de 2012 a 2021, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que questionou durante a pesquisa aos pais e/ou responsáveis se suas crianças sabiam ou não ler e escrever. (Fonte: Agência Educa Mais Brasil)
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