14 de fevereiro, de 2022 | 21:00

Re-Memorando conta trajetória de 20 anos do Hibridus Dança

Geniane Vieira/Divulgação
A mostra organizada pelos artistas reúne dezenas de fotos de trabalhos realizados pelo grupo em 20 anos de atividadesA mostra organizada pelos artistas reúne dezenas de fotos de trabalhos realizados pelo grupo em 20 anos de atividades

“Re-Memorando se inspira na filosofia de Walter Benjamin, conta a trajetória do grupo do ponto de vista dos vencidos, que tendem a desaparecer da história oficial”. Assim, Wenderson Godoi abriu a conversa sobre a exposição do Hibridus Dança, grupo do qual ele é co-fundador, acrescentando que “a tendência é que os vencedores invisibilizem os perdedores”, parafraseando o filósofo. A mostra reúne dezenas de fotos de trabalhos realizados pelo Híbridus em 20 anos, “uma história que teve sua raíz plantada há 24 anos com o Grucon - Grupo de União e Consciência Negra de Ipatinga”, recorda Wenderson Godoi.

Retomando a ideia de Benjamin, Godoi destaca que a mostra traz fragmentos das lutas do grupo travadas contra as condições de vida dos artistas vindos de regiões periféricas de Ipatinga e que poderiam ser considerados como vencidos, segundo suas condições de vida, sua consequente invisibilidade, “até que a arte chega para eles”.
“O nosso primeiro projeto nasceu dentro de um movimento social. Era um projeto artístico, cultural e social desenvolvido com pessoas vindas do Vale do Sol, do Nova Esperança, do Veneza II e de outros bairros fora do centro. Começamos com dança afro e, depois, passamos a trabalhar com teatro, artes plásticas, artes visuais e dança contemporânea, que englobava todas as frentes. Esse projeto permitiu que jovens de periferia pudessem sonhar com uma vida melhor”, relata Wenderson Godoi.

Dentre os artistas que sairam da periferia para integrar o Hibridus, está Rosângela Solidade, que já se apresentou dançando em mais de 20 países. “Uma menina tímida, mas que se sobressaiu muito bem na dança”, observa Luciano Botelho, parceiro há 24 anos de Godoi, “da vida e da arte”.

Godoi observa que, há tempos, todo adolescente que pretendia fazer faculdade federal, ia para fora do Vale do Aço e costumava não voltar para a região. “Nós decidimos fazer a arte aqui mesmo, dançar aqui, onde avançamos e nos emocionamos com isso, vendo a transformação de corpos por meio da dança, de pessoas”, afirma.

Em 20 anos, o Hibridus Dança apresentou 14 espetáculos, além de outros exibidos nos tempos do Grucon. “Tivemos a felicidade de levar nosso trabalho não só ao público do Vale do Aço, mas de outros estados brasileiros e para o exterior, como Argentina, China, Alemanha e Itália”, conta Godoi. Além do grupo, o espaço Hibridus é referência. O local sedia seminários, aulas de pilates, dança contemporânea, yoga, forró, exibições de vídeos, e abriga grupos que não têm sede própria. “O Hibridus é um guarda-chuva, um abrigo das artes, dos artistas, um espaço que pulsa”, poetiza Godoi. Luciano Botelho, por sua vez, define o Hibridus como uma ode à vida que se funde com a arte.

Serviço

Re-Memorando integra a série de mostras artísticas selecionadas por meio do edital Exposição Tradição e Contemporaneidade. Em cartaz até a próxima quinta-feira (17), na Estação Memória Zeza Souto, de 8h as 18h. É obrigatório o uso de máscara. Entrada gratuita.
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