13 de março, de 2022 | 08:00

A desigualdade de gênero está, também, na música

Mulheres recebem apenas 9% dos direitos autorais distribuídos no país, aponta pesquisa da UBC

(Pesquisa Por Elas Que Fazem a Música 2022 - UBC)

Os direitos autorais ainda refletem um grande desequilíbrio de gênero no Brasil. É o que revela a quinta edição do estudo “Por Elas Que Fazem a Música”, realizado pela União Brasileira de Compositores (UBC) e divulgado no recente 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. O levantamento aponta que, em 2021, as mulheres receberam somente 9% do total distribuído em direitos autorais. Considerando os rendimentos vindos do exterior, entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais, apenas 13 são mulheres.

Divulgação
Edição 2022 do estudo ''Por Elas Que Fazem a Música'' apresenta dados sobre a participação da mulher na indústria fonográficaEdição 2022 do estudo ''Por Elas Que Fazem a Música'' apresenta dados sobre a participação da mulher na indústria fonográfica

No entanto, a pesquisa também traz dados positivos, como o aumento do número de obras registradas com participação de mulheres. Em relação ao ano anterior, a participação feminina na quantidade de obras e fonogramas cadastrados cresceu em 4 categorias. Sendo 13% a mais no número de autoras e versionistas, 10% como intérpretes, 9% de músicos executantes e 22% de produtoras fonográficas. Realizado anualmente, o relatório traça um mapeamento do papel e, fundamentalmente, da representatividade feminina na música brasileira.

Associação responsável pela distribuição de quase 60% dos direitos autorais de execução pública musical no país, a UBC revela no relatório que, entre artistas mulheres, a maior concentração está no sudeste, com 63%, enquanto a região norte reúne apenas 2%. Representante de mais de 48 mil artistas, em 2021, a entidade registrou outro dado positivo sobre a participação feminina: o relatório indica que dobrou o número de associadas em relação ao primeiro levantamento, feito em 2018. Agora, elas representam 16% do quadro da entidade.

Urgência

Mila Ventura, coordenadora de comunicação da UBC, chama a atenção para o debate e urgência de uma participação maior das mulheres na indústria. “Entendemos a importância de gerar dados, pesquisas e estudos para o mercado da música como ferramenta de inteligência. Este ano, mesmo com a pandemia, o aumento significativo do número total de associadas demonstra que apesar de todos os desafios, as mulheres persistem e, pouco a pouco, vêm ocupando seus espaços, um reflexo direto da nossa sociedade. Além de aumentarmos o debate sobre os espaços ocupados pela mulher no cenário musical, este ano apresentamos também dados internos, provando que nosso compromisso com a mudança começa de dentro para fora. O quadro de funcionários da UBC é composto 58% por mulheres e dessas, 12 ocupam cargos de liderança, incluindo as gerências de todas as nossas filiais”, afirma.

Pesquisa UBC

Rádio e TV aberta entre as fontes de distribuição

Apesar do boom das plataformas de streaming, os tradicionais meios de rádio e TV aberta seguem sendo as maiores fontes de distribuição de direitos autorais para as mulheres, representando 25% e 20%, respectivamente. Enquanto as plataformas digitais representam apenas 10% do montante. Mas, salta aos olhos outra disparidade: comparada aos homens, a TV aberta foi a rubrica com a menor participação feminina (5% para mulheres contra 95% para os homens). Apesar disso, a TV permaneceu como maior fonte de rendimentos dentre o total arrecadado pelas mulheres.

“Desse modo, a pesquisa comprova que, apesar do crescimento da participação da mulher, ainda há um longo caminho a ser percorrido rumo ao equilíbrio de gênero no mercado fonográfico”, aponta a pesquisa Por Elas Que Fazem a Música 2022, que está disponível na íntegra no site da UBC.

A União Brasileira de Compositores é associação sem fins lucrativos, dirigida por autores, que tem como objetivo principal a defesa e a promoção dos interesses dos titulares de direitos autorais de músicas e a distribuição dos rendimentos gerados pela utilização das mesmas, bem como o desenvolvimento cultural. Fundada em 1942, por grandes nomes da música, afirma representar 48 mil associados no Brasil e exterior.
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