13 de março, de 2022 | 18:20

Alimentação tem custado caro ao bolso do consumidor

Economista e geógrafo elencam os motivos quem vêm tornando os alimentos cada vez mais caros

Bruna Lage
Legumes, frutas e outros alimentos têm sido vilões no orçamento familiar Legumes, frutas e outros alimentos têm sido vilões no orçamento familiar
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
Fazer compras no supermercado, sacolão ou mesmo no mercadinho do bairro tem custado caro ao brasileiro. O economista e pesquisador associado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Rodrigo Portugal, e o geógrafo e especialista nas estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), William Passos, explicam que o cenário é de pressão sobre os preços dos alimentos em 2022 e que a situação pode ser agravada.

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 1,01% em fevereiro, maior variação para o mês desde 2015. No ano, o índice acumula alta de 1,56%. Os principais impactos vieram da educação (5,61%) e da alimentação e bebidas (1,28%).

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), divulgado pelo IBGE, subiu 1% em fevereiro, também a maior variação para o mês desde 2015. No ano, acumula alta de 1,68%. Os produtos alimentícios passaram de 1,08% em janeiro para 1,25% em fevereiro. Os não alimentícios também tiveram alta superior em fevereiro (0,92%) na comparação com o mês de janeiro (0,54%).

Conforme Rodrigo, a inflação é o aumento contínuo de preços e é sensível a aumentos de produtos estratégicos como os combustíveis e o trigo, por exemplo, uma vez que são insumos para outros produtos (trigo) ou servem para o funcionamento da economia como um todo, caso do petróleo.

“O preço dos alimentos do Brasil depende da capacidade do país de importar alimentos que não produz, como o trigo, o que causa uma dependência da variação do dólar. Logo, quando você ver um dólar muito alto, a tendência de produtos panificados e massas é aumentar. Em outros produtos, o país produz, mas com a alta do dólar é mais interessante exportar, como soja, milho e carnes, o que aumenta os preços internos”, pontua.

Pandemia

O geógrafo William Passos salienta que, desde o início da pandemia, em março de 2020, os alimentos já subiram cerca de 30%. O café dobrou de preço e 90% dos brasileiros já trocaram a marca do produto. “A geladeira do grosso da população está cada vez mais vazia e a sensação é a de que o dinheiro perde valor muito rápido. Tamanho da safra agrícola, clima, dólar e gasolina interferem no preço dos alimentos. O dólar por causa da importação. A gasolina por causa do frete. O Brasil importa quase 100% do trigo. Com isso, a padaria fica mais cara. O Brasil também importa fertilizantes agrícolas, o que, por sua vez, encarece os alimentos. Como muitos destes fertilizantes vêm da Rússia, a guerra vai encarecer ainda mais os alimentos no Brasil nos próximos meses”, estima o profissional, lembrando dos impactos que podem ser causados pela invasão russa à Ucrânia.

Além do dólar e da gasolina, a energia também impacta no preço dos alimentos. Com o aumento da luz, produzir fica mais caro. Isso gera aumento dos custos, que são repassados ao consumidor. “É a chamada inflação de custos, que deixa tudo na prateleira mais caro. Tudo isso acaba por piorar a vida do brasileiro e do cidadão do Vale do Aço. A inflação empobrece e concentra renda”, explica William.

Rodrigo Portugal lembra que a crise hídrica vem aumentando o preço da eletricidade, o que aumenta custos de produção e causa um aumento dos preços dos alimentos. “Portanto, o cenário é de pressão sobre os preços dos alimentos em 2022, caso o dólar continue elevado e a crise hídrica persista. Sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia, é fato que esta [Rússia] é uma das maiores exportadoras de trigo e caso suas exportações diminuam, a tendência é aumentar preços. Uma das alternativas para o Brasil é aumentar as compras da vizinha Argentina, uma grande produtora de grãos”, frisou.


Instabilidade recorrente no país


Rodrigo Portugal recorda que um momento de bastante instabilidade nos últimos anos foi a greve dos caminhoneiros de 2018, que causou desabastecimento em algumas cidades e fez aumentar os preços de alimentos. “Outro momento foi a pandemia. Logo no início em que todos ficaram em casa, as compras no geral tenderam a diminuir, o que reduziu preços. Com a retomada da economia mundial após a vacinação, os preços tenderam a aumentar para patamares até maiores que no pré-pandemia, uma vez que os produtores estavam – e ainda estão - tentando recuperar prejuízos daquele período. Com isso, houve um grande aumento da inflação no último ano e a guerra da Ucrânia só veio completar este cenário”, contextualiza.

Alternativa

Para fugir da elevação de preços, Rodrigo orienta sobre o que é possível ser feito. “Como todos os consumidores sabem, a primeira opção é substituir produtos por marcas semelhantes e mais acessíveis. A segunda seria reduzir os gastos com produtos supérfluos, como chocolates, cigarros ou bebidas alcoólicas. E a terceira é comprar em maior escala, mantendo alguns produtos estocados, como forma de se proteger do aumento de preços”, conclui.
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Comentários

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Anti Mico

14 de março, 2022 | 12:43

“Alimentação cara? Mentira pura, o brasileiro está vivendo bem demais!!!

Vai ter muito cabeça de bagre que vai dizer que o país está assim por causa dos roubos do PT....agora vamos fazer arminha que passa!!!!”

Irinaldo Jose de Freitas

13 de março, 2022 | 14:55

“Dizem dollar sobe tudo no brasil sobe o dollar baixa as coisas continually cara”

Carlos Roberto Martins de Souza

13 de março, 2022 | 10:05

“Coisas piores virão até nos livrarmos deste verme chamado Boçal Naro. O caminho é longo, este miliciano vai usar de todas as coisas baixas e sujas para tentar se manter na mordomia. Recado de Boçal aos seus animais que o apoiam: " - Eu não pago gasolina há mais de 30 anos". Nem a família dele...”

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