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18 de março, de 2022 | 17:35

Bem antes da estética, a saúde!

Rodrigo Felipe *

Ter um corpo perfeito tornou-se objeto de obsessão para muitas pessoas. A moda não é exclusiva dos brasileiros. No mínimo todo o mundo ocidental tem uma legião de pessoas dispostas a muitos sacrifícios para alcançar o privilégio de ter curvas que se enquadram num padrão de corpo quase que exigido pela sociedade. Mas é inegável que no Brasil, onde a sensualidade é exalada nas praias, nas academias, nos clubes, nas ruas e até na mídia, a pressão parece ser mais forte do que em outros países.

Para quem leva a meta ao nível do excesso, ter um corpo escultural converte-se num produto, por sinal tão desejável quanto um carro zero km ou uma casa própria. E há quem tope pagar o preço que for para alcançar o sonho. Ainda que seja recorrer a dietas mirabolantes, cirurgias de alto risco e uso de remédios nocivos ao organismo. Não são raros os casos de pessoas que vão a óbito após encarar o extremo da vida para atender a essa obsessão.

Uma das vítimas mais recentes foi a cantora Paulinha Abelha, da banda Calcinha Preta. Numa única receita médica, conforme informações dos principais portais de notícias do país, havia nada menos que 17 substâncias que, combinadas, podem ter resultado na morte da artista após uma sobrecarga do fígado. Na lista havia, dentre outras coisas, antidepressivo, estimulante, calmantes naturais, redutor de apetite e regulador de sono. A combinação consistia num coquetel mortal, mas que tinha como foco o emagrecimento.

Também em fevereiro uma enfermeira de São Paulo, de apenas 42 anos, morreu após seu corpo rejeitar um fígado transplantado. O procedimento foi necessário após uma hepatite fulminante provocada pelo consumo constante de um chá com 50 ervas emagrecedoras.

"As atividades físicas regulares e a
alimentação balanceada ainda são os
melhores caminhos para quem deseja
ter o corpo do jeito que sonha"


Esses dois casos, que ganharam repercussão nacional, servem de alerta para outro hábito bastante comum entre os brasileiros. A automedicação costuma desafiar os alertas constantes feitos por médicos e órgãos de saúde. Na extensa fila de pessoas que querem ficar “malhadas”, o desejo também acaba ensurdecendo e cegando as vítimas para as advertências em torno de produtos que interferem no funcionamento normal do organismo, à força da inibição ou da aceleração de algum órgão vital.

Mas não é por falta de aviso nem de regulamentação. Somente nos últimos dois anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou 60 medidas preventivas e/ou cautelares que suspenderam cerca de 140 emagrecedores no Brasil. As medidas, segundo a própria agência, incluem o recolhimento, a apreensão, a inutilização e a proibição de armazenamento, comercialização, fabricação, importação, manipulação, propaganda e uso.

Antes de tudo, porém, é necessário promover a conscientização geral sobre os riscos de perda de peso por medicações pesadas, que afetam diretamente o organismo. O emagrecimento “fácil”, qualquer que seja o procedimento, tem seus riscos. As atividades físicas regulares e a alimentação balanceada, conduzidas por profissionais capacitados, ainda são os melhores caminhos para quem deseja ter o corpo do jeito que sonha. Tentar atingir uma suposta perfeição a partir de atalhos pode ter consequências bem distintas do que se entende por saúde.

* CEO do Grupo First, responsável pela You Saúde - [email protected]

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