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20 de março, de 2022 | 10:00

Pães e alimentos derivados do trigo devem ficar mais caros

(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
Bruna Lage
Trigo está presente não somente no pãozinho, mas em quase 90% do mix de uma padariaTrigo está presente não somente no pãozinho, mas em quase 90% do mix de uma padaria

O preço do pãozinho deve sofrer com a alta da farinha de trigo. Isso porque o Brasil importa a maior parte da matéria-prima, que vem de países como a Rússia - em guerra com a Ucrânia -, e que sofreu sanções de diversos países mundo afora, reduzindo a exportação. O gerente da padaria Pão Total, Bruno de Almeida Araújo e o diretor operacional da Premialy, Rafael Eugênio Fernandes, explicam o cenário.

Em Ipatinga, numa pesquisa realizada pelo Diário do Aço no dia 18, o preço do quilo do pão francês e de um tipo de pão doce custava, em média, R$ 12,99, cada. Entretanto, o trigo está presente não somente no pãozinho, mas em quase 90% do mix de uma padaria. “Estamos à mercê da guerra. A Rússia exporta trigo, assim como o Canadá e a Argentina. Não sofremos risco de desabastecimento, mas o preço será sim afetado, não conseguimos repassar o percentual total para o consumidor, porque fica inviável, mas vai aumentar. Por aqui não vi, mas algumas padarias já comercializam o quilo do pão a R$ 20”, destaca Bruno Araújo.

Custo do trigo

Na última semana, os moinhos (empresas que fazem a moagem do trigo e distribuem o produto ao mercado) anunciaram um aumento de 20% no preço da farinha de trigo, valor que pode subir ainda mais nos próximos dias. O gerente da Pão Total revela o valor do saco de 25 quilos. “Há poucos dias paguei R$ 84,50, e para a próxima compra cotei num valor de R$ 125. As negociações limitadas com a Rússia nos levam para fornecedores de Argentina e Canadá, mas a demanda por trigo irá aumentar junto a estes dois países, e o produto certamente ficará mais caro, é a lei da oferta. O Brasil precisa buscar outras alternativas, temos moinhos, mas a qualidade do produto não é tão boa ainda”, lamentou.

Já Rafael Fernandes, que também é diretor da Associação Mineira de Panificação (Amipão) e do Sindicato da Indústria de Panificação do Vale do Aço (Sinpava), explica que de fato houve aumento no quilo do pão. “No mês de março tivemos um reajuste de 15%, e devido à alta do combustível, cogita-se outro, em torno de 5% a 10%. Sobre o impacto da guerra, sabemos que Ucrânia e Rússia são exportadores de 29% de trigo para a Europa e mundo. Os países europeus recorreram à Argentina, maior fornecedor de trigo na América do Sul e nós teremos de recorrer aos Estados Unidos”, avaliou.

Além do valor do trigo, acrescenta Rafael, haverá impacto em outros grãos, como o café. “Este será um dos principais atingidos, pois dependemos de fertilizantes que vêm diretamente da Rússia, e infelizmente, com o atual cenário, o preço do trigo, do milho, da soja e do café dispararam na bolsa de valores”, esclareceu.

Inflação

Conforme o economista e pesquisador associado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Rodrigo Portugal, a inflação é sensível a aumentos de produtos estratégicos como os combustíveis e o trigo, uma vez que são insumos para outros produtos ou servem para o funcionamento da economia como um todo.

“O preço dos alimentos no Brasil depende da capacidade do país de importar alimentos que não produz, como o trigo, o que causa uma dependência da variação do dólar. Logo, quando você tem um dólar muito alto, a tendência de produtos panificados e massas é aumentar”, acrescentou.

Consumo

Bruno Araújo relata que, mesmo com um custo mais alto, os consumidores não deixam de comprar o pão. “Mas reduzem o supérfluo, como massa folhada, por exemplo. A compra básica na padaria gira em torno de pão e leite, isso não sai da mesa do cliente. Vale lembra que essa não é a primeira vez que passamos por um cenário de alta. No caso da nossa padaria, não repassamos o reajuste ainda. Nosso pedido à população é que entenda que não é de nosso intuito encarecer o preço, mas o cenário atual faz com que isso ocorra. Tenho esperança de que isso vai passar, como já passou outras vezes”, conclui.
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