20 de março, de 2022 | 20:51

Motoristas de aplicativo sentem no bolso a alta nos preços dos combustíveis

Yago Cardoso
O motorista Elizeu está sofrendo com os reajustes nos preços dos combustíveis  O motorista Elizeu está sofrendo com os reajustes nos preços dos combustíveis

No dia 10 de março, a Petrobras anunciou o aumento no preço da gasolina, de 18%, e do diesel, de 25%. Na esteira desses aumentos, o Etanol também teve o preço aumentado. Os reajustes impactaram diretamente a vida de quem conduz veículos. Mas para quem utiliza o carro como ferramenta de trabalho, como é o caso dos motoristas de aplicativo, o peso foi ainda maior, já que atinge diretamente a lucratividade desses trabalhadores.

Os profissionais alegam que, diante da alta nos preços, é necessário que haja um repasse mais justo para os motoristas. “A nossa vida como motorista por aplicativo está cada dia pior, porque as plataformas já cobram da gente entre 35% e 50% do valor da corrida. E como trabalhar com uma gasolina entre R$ 7,50 e R$ 7,90. Um álcool entre R$ 5 e R$ 6? Para a gente fazer uma corrida de 6 quilômetros e ganhar R$ 5 é quase impossível. Isso aí é pagar para trabalhar”, desabafa Simone Almeida, presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos no Estado de Minas Gerais (Sicovapp-MG).

Outro representante dos motoristas explica que o trabalho já não é tão lucrativo como na época em que as plataformas chegaram ao país. “Antes a gente tinha um ganho real. Mas, de lá para cá tivemos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis e, desde então, o motorista sempre arcou com esse custo”, conta Paulo Xavier, presidente da Frente de Apoio Nacional ao Motorista Autônomo (Fanma).

Combustível compromete a renda

Paulo relata que pelo menos a metade do ganho do profissional vai direto para alimentação do veículo. Mas, de acordo ele, nem sempre foi assim. “Quando eu iniciei, em 2017, o combustível representava entre 18 e 20% do resultado que eu obtinha. Então, comprometia no máximo 20% da receita. Hoje ele representa de 50% para cima. Normalmente, hoje, de todo resultado que o motorista alcança, no mínimo 50% vão para o combustível”, lembrou.

Escolha das corridas

Para não amargarem prejuízos, os profissionais têm sido obrigados a escolher quais corridas aceitar. “Temos que escolher as corridas o tempo inteiro, porque se formos em todas a gente só tem prejuízo”, afirma Simone Almeida.

“Muitas vezes o usuário pensa que o motorista não quer aceitar corrida, ou está fazendo corpo mole ou não quer trabalhar. Mas não é a verdade. Hoje o motorista tem que ser mais criterioso na escolha da corrida porque senão ele trabalha com prejuízo”, justificou.

Abandono da profissão

Diante de um cenário nada favorável, com gastos altos e rendimentos cada vez menores, muitos motoristas têm abandonado as plataformas, dentre elas as mais populares são Uber e 99. Os representantes da categoria explicam um pouco desse fenômeno, chamado por eles mesmos de debandada.

“O que a gente vê é a debandada de motoristas. Muitos estão entregando os carros para a locadora ou mesmo mudando de atividade. Porque, realmente, fica inviável e insustentável ter ganhos num cenário como esse”, afirmou Paulo Xavier. “Se essa situação não melhorar, é uma debandada geral de motoristas por aplicativo. Isso já está acontecendo, muitos já desistiram do trabalho”, declarou Simone.

Impossível obter lucro

Elizeu Garcia trabalha como motorista por aplicativo há quatros anos. Ele lembra que no começo era melhor, havia menos motoristas e a demanda era maior. “A gasolina era dois e pouco, menos de R$ 3, hoje é R$ 8 o litro e o aplicativo não mexeu no preço básico e nem vai mexer”, explica. “Está difícil demais, impossível obter lucro. O aplicativo tem quatro anos que não repassa nenhum valor [a mais] para os motoristas. Eu sempre ando com o tanque cheio. Antigamente, o tanque cheio ficava R$ 250, hoje está ficando R$ 370”, conta.

Diante da falta de lucro, o motorista tem feito muitas corridas particulares. “Carro sempre limpo, manutenção em dia, documentação, seguro. A despesa é alta. Para sobreviver é só fazendo corrida particular”, disse Elizeu.

Posicionamento das plataformas

Em nota enviada ao Diário do Aço, a Uber informou que no dia 11 de março anunciou um pacote de medidas para “ajudar a mitigar os custos dos motoristas parceiros com a mais recente alta dos combustíveis”. Ainda de acordo com a empresa, serão investidos cerca de R$ 100 milhões no Brasil em iniciativas voltadas ao aumento nos ganhos e redução dos custos dos motoristas parceiros, além de um reajuste temporário no preço das viagens.

A 99 POP também enviou seu posicionamento por meio de nota. A plataforma disse que passou a oferecer uma compensação financeira aos motoristas, diante da alta do combustível. “O objetivo é anular o último aumento anunciado para o litro da gasolina e por isso reajusta em 5% o km rodado no ganho do motorista de todo o país, acréscimo que já em vigor em todas as 1.600 cidades onde a empresa opera no País”.
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Comentários

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Wagner Martins da Rocha

21 de março, 2022 | 15:55

“Faz arminha que passa!!”

Flavio

21 de março, 2022 | 13:40

“E o uso do GNV?!
Escutei de um motorista de Uber dia desse, que roda 200km com 50 reais de GNV, e grande maioria do veículos aqui de Ipatinga só mantem no serviço graças a esta alternativa.”

Carlos Roberto Martins de Souza

20 de março, 2022 | 11:25

“Vamos rir, pois ajuda disfarçar a decepção com este desgoverno, afinal, rir é o combustível da alegria. Estamos vivendo no Brasil a era das "Bolsas", e aí, com a gasolina tão cara, já me cadastrei no "Bolsa Gasolina", lançado pelo Paulo Bebes, Ministro da Economia. O problema é que a gasolina brasileira tem tantas misturas, que está parecendo com um marmitex até no preço. Gasolina está a R$ 8,00 reais. Etanóis! E no Brasil de Boçal Naro não basta ser pobre, tem que falar "Enche? Põe dezão de gasolina", e sair feliz da vida. Só lembrando, se o STF barrar de vez os "Clorocombustíveis" que são derivados do "KIT COVID", e a gasolina continuar a R$ 8,00 a culpa não é minha. Uma recomendação aos bolsominions, não fume perto de bombas de gasolina, sua vida não vale muito para o governo, mas a gasolina vale. O meu medo é que os idiotas, para mostrar o amor por Boçal Naro, passem a tomar banho de gasolina à luz de velas! E fique atento, nas igrejas evangélicas o dízimo agora é calculado pela variação do preço dos combustíveis, lembrando que alguns mega pregadores estão aceitando "COMBUSTÍVEL DE AVIAÇÃO" como oferta. A coisa está tão complicada, que agora só faço gol de bicicleta, porque a gasolina está cara. O preço da gasolina está tão alto, que agora sei porque os Transformers foram embora da terra, ela está igual mulher eleitor de Boçal Naro que fale a verdade, difícil de achar. E aí eu acabei me dando mau com um idiota, eleitor do mito, perguntei sobre o preço: "Que se dane a gasolina, sou movido à ódio". E cuidado, pois aquela luz no fim do túnel já era, com a energia nas nuvens e a gasolina nas alturas, tiveram que apagar a pobre coitada.”

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