22 de março, de 2022 | 10:00

No Dia Mundial da Água, especialista em Educação Ambiental alerta sobre escassez do recurso

(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
O Dia Mundial da Água é celebrado anualmente em 22 de março. Mais do que uma data no calendário, o objetivo é despertar na sociedade a importância de preservação e uso consciente do recurso. A química Industrial, especialista em Educação Ambiental e mestre em Mitigação de Impactos Ambientais, Viviane Macedo Reis Araújo, que atua em Ipatinga, chama a atenção para o que todos já sabem: a água doce disponível para o ser humano é escassa. E faz outro alerta: a próxima grande guerra mundial deve ser por recursos naturais.

Viviane lembra que a água é essencial para que a vida possa existir. “Podemos viver sem luz, mas não podemos viver sem água. O corpo de um adulto é composto por aproximadamente 70% de água. Um dos pontos mais importantes que deve ser discutido sobre este assunto é a disponibilidade e distribuição da água doce no mundo. Devemos ter consciência de que no mundo tem muita água, mas doce e disponível para o ser humano é escassa”, salienta.

Ela alerta que, do total de água no mundo, 97,5% é salgada ou salobra dos oceanos e somente 2,5% é de água doce, mas apenas 0,36% está disponível para que possamos usufruir sem gastos maiores, como a dessalinização (processo de remoção do sal e filtragem). “Apenas 0,36% está disponível em lagos, rios, onde é mais fácil a captação”, reforça.

Crise hídrica

A crise hídrica tem sido um dos principais temas em debate no país e Viviane pondera que não há como falar do assunto sem abordar as mudanças climáticas, como o efeito estufa e aquecimento global. “O que provoca a variabilidade e a imprevisibilidade dos padrões climáticos, refletindo em situações extremas, tais como secas, ciclones, tempestades tropicais, dias frios em época de dias quentes e dias quentes cada vez mais quentes”, exemplifica.

Outro ponto importante, conforme explica a especialista, é o ciclo da água, que tem de ocorrer de forma equilibrada, mas não está. “O ser humano, com aumento da população, sem preservação ambiental e somente visando o dinheiro, está atrapalhando esse ciclo. Não conseguiremos reverter a quantidade de plástico nos rios, lagos e oceanos. Quando despejamos plástico, o ciclo hidrológico é afetado. Esse processo está sendo abalado por causa da ação humana”, lamenta.

A percepção de que há grande quantidade de água no Brasil é equivocada, na opinião de Viviane. “Temos de tirar essa visão, vemos um certo comodismo a respeito e isso gerou uma cultura de uso abusivo. Por causa das mudanças climáticas e problemas ambientais que vem ocorrendo, o ciclo hidrológico foi afetado. Chove muito em alguns locais e nada em outros. E nestes, chove muito e durante um período curto de tempo. Não tem uma constância”, salienta Viviane.

Energia cara

Com a crise hídrica, o valor pago pela energia elétrica tem sido alto. Para redução, Viviane aponta que o ideal é investir em energia solar, eólica e outras renováveis e que devem ser prioridade para o futuro. “Ainda bem que agora tem uma gama de empresas implantando energia solar, porque perceberam que é melhor do que pagar energia para o governo, no nosso caso, para a Cemig. Seria interessante que o governo pudesse facilitar o financiamento dessas energias para cidadãos comuns, o que possibilitaria redução de taxas. Se continuarmos como estamos, vamos continuar poluindo e sofrendo no bolso. Precisamos de muita vontade política neste sentido”, avalia.

Viviane lembra que estamos vivendo tempos difíceis, de falta de colaboração mútua e de polarização. “Em que o senso de coletividade está ficando cada vez mais distante de ser alcançado. Se hoje está acontecendo uma guerra por poder e território, num futuro muito próximo viveremos uma guerra para disputar os recursos naturais do planeta. A atenção dos outros países se voltará para o Brasil, onde temos o Aquífero Guarani, por exemplo (que ocupa áreas no Paraguai, Uruguai e Argentina, mas a maior parte em estados brasileiros). E hoje, o que fazemos é muito pouco em relação ao que está por vir em termos de mudanças climáticas e aquecimento global”, alerta.

No Dia Mundial da Água, a química Industrial acredita que datas do tipo são importantes para incentivar e promover a conscientização. “As pessoas precisam ter consciência, precisamos também de ações políticas e atitudes públicas, de forma a amenizar a crise hídrica. Caso contrário, teremos mais e mais problemas em relação à qualidade da água. Não que vá acabar, mas não vamos ter qualidade, o que torna o tratamento mais caro e isso volta para o nosso bolso. As pessoas têm de se conscientizar em termos gerais. Não poluir o ar, não jogar lixo em locais impróprios, criação de aterros sanitários e outras ações que nos permitirão amenizar essa poluição e termos água cada vez mais abundante”, conclui.