22 de março, de 2022 | 09:40

Ministro da Educação admite que prioriza projetos municipais encaminhados por pastores

''Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser publicado. É apoio sobre construção das igrejas'', afirmou o ministro da Educação

Reprodução de vídeo
Em eventos pelo Brasil agendados pelos pastores, o ministro deixa claro a influência dos pastores no MECEm eventos pelo Brasil agendados pelos pastores, o ministro deixa claro a influência dos pastores no MEC

O ministro da Educação Milton Ribeiro ainda não se pronunciou acerca de um áudio em que ele foi gravado admitindo que prioriza o atendimento a prefeitos que chegam ao ministério por meio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Esses dois religiosos não têm cargos oficiais no governo, mas há relatos que eles embarcam até em aviões oficiais em viagens pelo país. Os dois se apresentam como presidente e assessor da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, respectivamente.

Falando a dirigentes municipais dentro do ministério, Milton Ribeiro disse que segue ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL). A captura do ministério pelos pastores, que intermediam o acesso de prefeitos ao Ministério da Educação e controlam a agenda do ministro, foi revelada pelo jornal Estado de São Paulo em uma série de reportagem.

Na conversa gravada, Milton Ribeiro diz que a liberação de recursos foi um “pedido especial” de Bolsonaro. "Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do (pastor) Gilmar (Santos)", diz ele – Arilton Moura e Gilmar Santos estavam presentes na reunião. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", diz ele. O áudio foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.
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''Nesses últimos anos, Deus me deu esse privilégio de comungar uma comunhão e uma amizade muito sólida com o pastor Milton Ribeiro''''Nesses últimos anos, Deus me deu esse privilégio de comungar uma comunhão e uma amizade muito sólida com o pastor Milton Ribeiro''

“Não tem nada o com Arilton, é tudo com o Gilmar”, diz Milton Ribeiro, provocando risadas do interlocutor. A imprensa noticiou que Gilmar e Arilton estiveram em pelo menos 22 agendas oficiais do Ministério da Educação desde o começo de 2021, das quais, 19 delas com a presença do ministro.

Na gravação de áudio, o ministro comenta ainda sobre um “apoio” que ele pediria em troca da liberação das verbas – embora não fique claro do quê se trata exatamente ou por qual forma se daria o pagamento da vantagem indevida.

“Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser publicado. É apoio sobre construção das igrejas”, diz ele – a gravação de áudio parece ter sido interrompida no meio de uma fala em que o ministro enumeraria mais exemplos.
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O pastor Arilton  Moura atua ao lado de Gilmar Santos, ambos da Igreja Assembleia de Deus O pastor Arilton Moura atua ao lado de Gilmar Santos, ambos da Igreja Assembleia de Deus

Os recursos obtidos pelos prefeitos são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e são destinados à reforma e construção de escolas e creches. Também podem ser usados para adquirir ônibus escolares e materiais didáticos, entre outros itens.

Conforme o Portal da Transparência, o Orçamento do Fundo para 2022 é de R$ 45,6 bilhões, dos quais R$ 18,5 bilhões estão reservados para transferências a estados e municípios.

É nesta fatia dos recursos que estão os valores transferidos a prefeituras cujos mandatários participaram de reuniões com o titular do MEC, Milton Ribeiro, por intermédio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Os dois se apresentam como presidente e assessor da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, respectivamente.
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Comentários

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Paulo

22 de março, 2022 | 16:12

“Estamos vendo o culto a ignorância, país retrocedeu a idade média. Tivemos retrocesso em todas as áreas. Fizeram isto com a vacina, agora está aparecendo em outros ministérios. Quando este governo passar veremos muitas coisas que estão debaixo do tapete.”

Farias Maio

22 de março, 2022 | 14:52

“Se fosse aplicado os ensinamentos de Cristo, não teríamos este caos.
O que vemos são pessoas intitulada a PASTORES, que tem a Bíblia Sagrada como ARMA para se favorecerem.
A interpretação deles a respeito da Palavra de Deus é a que prevalece.
Por isso a maioria dos PASTORES, moram em mansões, tem dinheiro sobrando enqto os fiéis tiram da boca dos filhos para sustentarem a mordomia destes que deveriam estar a servir ao povo.

Quem assistiu o filme dom Denzel Washington (O Livro de Eli) entenderá que a Bíblia hoje é usada para manipular, controlar os mais humildes que tem boa fé em teus corações.

Nunca se falou tanto em vão o nome do SENHOR.”

Vitor

22 de março, 2022 | 13:19

“O voto mais caro da história do Brasil!
Aos irresponsáveis que apertaram 17, inclua na lista de destruição da nação brasileira, a morte da educação.
Corrupção em um nível tão descarado que, desconstrói na base, o futuro de um país com a magnitude do Brasil.
A lista de crimes é enorme, e há muitos culpados...”

Gildázio Garcia Vítor

22 de março, 2022 | 11:58

“E pensar que desde a Constituição de 1891 o Brasil passou a ser um Estado laico, mas com Crucifixos e Bíblias nas repartições publicas, inclusive nos fóruns e até no STF, e aulas de Ensino Religioso nas escolas públicas.”

Marcelo Costa

22 de março, 2022 | 11:24

“Inacreditável que dois "religiosos" deem as cartas e definam investimentos do MEC. Veja a que ponto chegamos, meu Deus. Estão barganhando favores com o dinheiro público em contra de construção de tempos religiosos. Por essas e por outras, o argumento religioso não pode entrar no debate público. As razões sempre devem ser de ordem pública, e não individual. Extremos não funcionam em nenhum lugar do mundo, religião e política é uma mistura altamente explosiva. Onde não há respeito com a diversidade não pode haver democracia, onde não há democracia reina o caos. É lamentável que o fim desse caos esteja longe de ser uma realidade, com o fato de termos como alternativa de voto em outubro o Lula, que na minha opinião deveria estar alijado do processo eleitoral, pois o seu tempo já se foi. Levando-se em conta que a terceira via que temos (Ciro e Moro), não decolam, temos a alternativa de voltar ao passado com o Lula ou permanecermos no caos com o Bolsonaro e seus pastores. Só Deus para ter dó dos brasileiros. Que fase !”

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