Expo Usipa 2024 02 - 728x90

03 de maio, de 2022 | 13:51

Acerto de contas...

Nena de Castro *

Farta de sofrer maus tratos, Delzuita Ribeiro resolveu agir. O marido era um homem frio e cruel, que a espancava por qualquer motivo. Começou quando eram namorados, ele a proibira de ver e conversar com seus primos e com colegas da escola. No entanto, apesar da mãe tentar adverti-la sobre os indícios de perversidade do rapaz, ela o amava e pensava que conseguiria domar a fera depois do casamento. Engano fatal: Robério, a cada dia mostrava mais e mais seu lado perverso e era uma vida extremamente difícil e sofrida. Sua casinha acabou virando uma prisão, com proibições de sair, de ir à igreja ou à casa da mãe. Aí, o marido sofreu uma queda no serviço machucou seriamente a coluna vertebral e teve que ficar em casa, “encostado” como dizia.

Os remédios eram caros, o dinheiro da pensão mal dava para comprar alimentos e sua mãe convenceu o genro de que devia permitir que a esposa trabalhasse. Foi uma tarefa difícil, mas afinal, a necessidade venceu e Delzuíta arranjou um emprego no caixa de um supermercado. E a pressão aumentou: na hora em que ia tomar banho, o chuveiro era desligado, seu batom sumia da bolsa, um pé de sapato desaparecia. Resolveu deixar na vizinha uma bolsa com maquiagem, perfume, e um par de sapatos. Robério controlava o horário de chegada e aí dela, se o ônibus atrasasse. Ele começou a exigir que ela lhe entregasse o pagamento e era difícil conseguir comprar roupas ou qualquer outra coisa. É, a vida da moça era um inferno. Mesmo assim ela tentava, achava que devia permanecer casada, pensava no que as pessoas diriam em caso de separação, naquele tempo certamente ficaria mal falada. E a vida seguia, ela aprendera a se maquiar para disfarçar as manchas no rosto, pescoço e braços e tentava esconder de toda sua desgraça.

Por fim, auto estima reduzida a zero, começou a pensar que era culpada, que tudo acontecia por sua culpa, que a causa de vier mal com o marido era ela e seu comportamento, embora nada fizesse de errado.

Então, naquela noite, após ser xingada, humilhada e levar um soco por querer ficar com parte do dinheiro do pagamento para suas necessidades, viu o marido sair em direção ao bar. Após um tempo, teve um impulso e resolveu ir atrás dele. Quando chegou, ocultou-se nas sombras atrás de um carro e viu Robério sentado com uma mulher jovem, bonita, fazendo carinhos e bebendo.

Teve ímpetos de entrar, quebrar tudo fazer um escândalo, mas se conteve a custo. E resolveu voltar para casa. Pegou a faca grande, colocando-a debaixo do travesseiro. E esperou...

E nada mais digo a não ser que abomino toda a violência que as mulheres sofrem. Abaixo o machismo. E conto para meus 5 leitores, que dia 11 de junho vou lançar um livro de Crônicas. Todos convidados. Zau revoir.

* Escritora e encantadora de histórias

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Tião Aranha

03 de maio, 2022 | 20:39

“Se for mulher do Vale do Aço é uma mulher com aço, mulher aço. Mas aço mesmo só na lâmina da faca. Resta saber se ela se produzia para agradar o marido, ou competir com as outras mulheres. A segunda incógnita é a verdadeira. Depois das músicas de empoderamento feminino das mulheres pelas músicas da Marília Mendonça, a cantiga é outra. Boa prosa.”

Envie seu Comentário