31 de maio, de 2022 | 09:00

Após casos de varíola dos macacos, infectologista aponta necessidade de cuidados básicos

Divulgação OMS
Doença pode provocar lesões na pele, dentre outros sintomasDoença pode provocar lesões na pele, dentre outros sintomas

Depois de sofrer com a pandemia da covid-19, a possiblidade de uma nova crise na saúde chamou a atenção da população mundial. Casos de humanos contaminados com a chamada varíola dos macacos, doença que é endêmica em países africanos, foram registrados em alguns locais, causando apreensão. Conforme autoridades sanitárias, até agora, existem mais de 200 casos confirmados ou suspeitos em cerca de 20 países onde o vírus não circulava anteriormente. A médica infectologista que atua em Ipatinga, Carmelinda Lobato, alerta que é sim necessário ter cuidado e adotar medidas de prevenção.

O Ministério da Saúde informou, nesta segunda-feira (30), que foi notificado sobre dois casos suspeitos de varíola dos macacos no Brasil. Um caso suspeito está no Ceará e o outro em Santa Catarina. Um terceiro caso, que pode ser suspeito, está sendo monitorado no Rio Grande do Sul.

Uma publicação do Instituto Butantan ajuda a esclarecer e detalhar o que vem a ser a varíola dos macacos. De acordo com o material, é uma “zoonose silvestre” que, apesar de em geral ocorrer em florestas africanas, teve também relatos de ocorrência na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália e, mais recentemente, na Argentina.

Casos

Segundo o instituto paulista, entre 2018 e 2021 foram relatados sete casos de varíola dos macacos no Reino Unido, principalmente em pessoas com histórico de viagens para países endêmicos. “Mas somente este ano, nove casos já foram confirmados, seis deles sem relação com viagens”.

No possível surto de 2022, o primeiro caso foi identificado na Inglaterra, em um homem que desenvolveu lesões na pele no dia 5 de maio, foi internado em um hospital de Londres, depois transferido para um centro especializado em doenças infecciosas até a varíola dos macacos ser confirmada no dia 12. Outro caso havia desenvolvido as mesmas lesões na pele em 30 de abril, e a doença foi confirmada em 13 de maio, segundo o Butantan.

Mais quatro casos foram confirmados pelo governo britânico no dia 15 de maio, e, no dia 18, mais dois casos foram informados – nenhum deles envolvendo alguém que tivesse viajado ou tido contato com pessoas que viajaram, o que indica possível transmissão comunitária da doença.

Cuidados

Arquivo DA
Médica observa que cuidados são necessários, pois o vírus está circulando em diversos locais do mundoMédica observa que cuidados são necessários, pois o vírus está circulando em diversos locais do mundo

“Temos que nos preocupar porque é um vírus que está circulando em diversos locais do mundo, onde normalmente não é encontrado. Isso pode levar a problemas de saúde pública preocupantes. A transmissão ocorre por meio de contato com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente contaminados. Transmissão via gotículas requer contato mais próximo entre o doente e outras pessoas. O vírus também pode infectar as pessoas por meio de fluidos corporais”, aponta Carmelinda Lobato.

Por ora, a médica acrescenta que não há nenhum registro na região. Ela alerta que não existem tratamentos específicos para a infecção pelo vírus da varíola dos macacos. “Os sintomas da varíola geralmente desaparecem espontaneamente. Deve-se cuidar da ferida, evitando ao máximo tocá-las. Pessoas acometidas pela doença devem se isolar, manter as medidas de higienização das mãos e distanciamento até resolução da erupção vesicular. O uso de máscara também pode ajudar. Não há vacina específica para prevenção da doença”, reforça.

Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, gânglios (linfonodos) inchados, calafrios e exaustão. Dentro de um a três dias após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.

Aprendizado

Após enfrentar a pandemia da covid-19, muitas lições foram tiradas, tanto pela comunidade, quanto por lideranças políticas e sanitárias. Para Carmelinda, as autoridades sanitárias brasileiras, com apoio da rede internacional, seguem atentas à introdução de novas doenças no país.

“A rede do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde já encaminhou a todos os profissionais de saúde a comunicação de risco sobre a doença com as devidas orientações. A população ainda enfrenta os desfechos de uma pandemia, que muito nos alertou para a necessidade de sermos mais cuidadosos com cuidados básicos como higienização das mãos e distanciamento. Creio que poderemos enfrentar outros problemas de saúde pública, mas nossa capacidade de adaptação irá prevalecer. Depende da responsabilidade de cada um de nós”, conclui.

Já publicado:
Anvisa pede uso de máscara para adiar chegada da varíola dos macacos
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