06 de junho, de 2022 | 20:14

MPF acompanha desaparecimento de indigenista e jornalista na Amazônia

Eles estão desaparecidos há mais de 24 horas na região da Amazônia

Com informações da Agência Brasil
A Terra Indígena Vale do Javari, onde o jornalista britânico Dom Phillips e o servidor da Funai, Bruno Araújo Pereira, estiveram antes de desaparecerem no domingo (5/6), sofre há anos com ataques armados a postos de controle da Funai e invasões de garimpeiros e caçadoresA Terra Indígena Vale do Javari, onde o jornalista britânico Dom Phillips e o servidor da Funai, Bruno Araújo Pereira, estiveram antes de desaparecerem no domingo (5/6), sofre há anos com ataques armados a postos de controle da Funai e invasões de garimpeiros e caçadores

A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou nesta segunda-feira (6) que está monitorando as providências que estão sendo tomadas para localizar o indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil.

Segundo a coordenação da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), região localizada no oeste do Amazonas, eles estão desaparecidos há mais de 24 horas.

"A informação repassada ao MPF é que os agentes ligados a essas forças estão fazendo varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde teria ocorrido o desaparecimento", informou a PGR.

Na tarde de hoje, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, se reuniram em Brasília para tratar de providências sobre o caso.

Além da PGR, o Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas abriu um procedimento administrativo para acompanhar a questão e acionou a Marinha, a Polícia Federal (PF) e demais autoridades.
Reprodução
O jornalista britânico, Dom Phillips, que trabalha para o jornal inglês The Guardian e o indigenista Bruno Araújo Pereira estão desaparecidos há mais de 24h no estado do AmazonasO jornalista britânico, Dom Phillips, que trabalha para o jornal inglês The Guardian e o indigenista Bruno Araújo Pereira estão desaparecidos há mais de 24h no estado do Amazonas

Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com indígenas. Segundo a Unijava, ontem os dois deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte por volta de 9h da manhã, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de Churrasco.

No início da tarde, uma primeira equipe de busca da Unijava saiu de Atalaia do Norte em busca dos desaparecidos, mas não os encontrou.

A PF informou que também está acompanhando e trabalhando no caso. “As diligências estão sendo empreendidas e serão divulgadas oportunamente”, diz nota da instituição.

Conforme noticiado pela imprensa loa, o indigenista Bruno Araújo Pereira, desaparecido com o jornalista inglês Dom Phillips, vinha recebendo várias ameaças por parte de pescadores que praticam de maneira ilegal a retirada diária de toneladas de peixe pirarucu e tracajás, espécie de cágado muito cobiçado nos rios da Amazônia.

O que diz a Funai

Em nota publicada nas suas mídias sociais, a Funai informou que está acompanhando o caso, e reforçou que Bruno Araújo não estava a serviço da Fundação quando desapareu. “A Funai informa que acompanha o caso, está em contato com as forças de segurança que atuam na região e colabora com as buscas. Cumpre esclarecer que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, dado que se encontra de licença para tratar de interesses particulares”, diz a nota.

O caso também ganhou repercussão internaional nesta segunda-feira. No Twitter, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas disse que está extremamente preocupados com os relatos do desaparecimento e que monitora o caso.

"O CPJ está extremamente preocupado com os relatos de que o jornalista Dom Phillips desapareceu durante uma viagem de reportagem na Amazônia brasileira. Pedimos as autoridades brasileiras que intensifiquem urgentemente os esforços para encontrar Phillips. O CPJ está monitorando o caso", escreveu.



Bruno e Phillips

Bruno Aaraújo Pereira foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte, que compreende justamente a área onde ele foi visto pela última vez. O servidor deixou o cargo em 2016, durante um intenso conflito registrado entre povos isolados da região.

Em 2018, Bruno se tornou o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da Fundação Nacional do Índio (Funai), quando chefiou a maior expedição para contato com índios isolados dos últimos 20 anos.

Contudo, foi exonerado do cargo em outubro de 2019, após pressão de setores ruralistas ligados ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

Desde 2018 Bruno faz expedições com o britânico Phillips na região onde os dois sumiram, de acordo com o Guardian. O jornalista mora em Salvador e faz reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como Washington Post, New York Times e Financial Times, além do Guardian.

Ele também trabalha em um livro em que escreve sobre o meio ambiente, com apoio da Fundação Alicia Patterson. Em uma página na internet, Jonathan Watts, editor do Guardian, disse que o jornal está preocupado e procurando informações sobre o jornalista.
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