09 de junho, de 2022 | 08:00

Ícone das crias da escolinha do Acesita, Evando segue carreira de treinador

Atacante foi ídolo e artilheiro do Avaí e fixou residência em Florianópolis, onde possui escolinha de futebol e também “baba” a carreira do promissor filho, um habilidoso meio-campista

Uma das presenças ilustres em recente final do torneio regional das categorias de base, a Copa Diário do Aço Sub-10, Sub-12 e Sub-14, foi Evando Camillato, timoteense raiz que surgiu para o futebol naquele mesmo campo e ambiente em que foram disputados os jogos daquela garotada e que nas décadas seguintes brilhou no futebol profissional mundo afora, notadamente no Avaí de Santa Catarina.

Evando, conforme relata com gratidão e orgulho, começou atuando na escolinha de Daniel Martins, o Bola Cheia, em 1984, logo após completar oito anos de idade, alimentando o mesmo sonho de milhares de garotos que já passaram e ainda estão matriculados nas hostes acesitanas: ser um jogador de futebol profissional para dar uma condição de vida melhor à família e também ter um futuro estável economicamente.

Quis o destino, graças a seus esforços, apoio dos familiares e o primeiro “empurrão” de Daniel Martins, que construísse uma carreira, desde a base do Cruzeiro, em 1992, até o último contrato profissional com o Avaí, em 2012, marcando gols, participando de momentos históricos em diversos clubes, com destaque no Avaí, onde é ídolo desde 2008, quando assinalou o gol do acesso à elite do Brasileirão, contra o Brasiliense (triunfo de 1 a 0), retornando o clube à Série A depois de 30 anos.

Faro de gol


Evando, da base do Cruzeiro, foi para o Vitória-BA, onde atuou por três anos até se profissionalizar aos 18 anos de idade. Desde então, peregrinou por outros 15 clubes, incluindo times da Espanha, Portugal e Catar. Mas foi no Avaí que seu nome ganhou projeção e notoriedade. Foram cinco passagens, 117 jogos e 44 gols, totalizando sete anos de vínculo como atleta. Nas andanças por todos esses clubes em 17 anos de carreira, contabiliza em torno de 170 gols como profissional.

Em que pese sempre ter atuado como centroavante, Evando se destacou como um jogador que saía da área para construir as jogadas e também dar assistências aos demais companheiros de ataque. Sua liderança em todos os clubes que defendeu igualmente foi uma marca, sendo capitão e vários deles, construindo, desde então, pilares para a carreira de treinador, que se seguiu.

Conceitos

Atualmente com 45 anos e radicado definitivamente em Florianópolis, onde possui uma escolinha de futebol em frente ao estádio da Ressacada (o campo do Avaí), Evando seguiu a carreira de treinador assim que deixou os gramados. Depois de se estruturar na escolinha e em outros negócios particulares, seguiu, a partir de 2015, como funcionário do Avaí, onde atuou por seis anos como auxiliar técnico e uma vez como técnico efetivo. Chegou a atuar em quase 40 jogos como técnico interino e efetivo, pois substituiu treinadores demitidos. Cita nomes como os de Claudinei Oliveira, Geninho, Alberto Valentim, Rodrigo Santana e Eduardo Barroca como exemplos de competência, dedicação e conhecimento que ajudaram a construir seus conceitos de treinador. Evando já possui a Licença A da CBF Academy de treinador, pela escola de formação de treinadores da entidade, e está em processo de estudos da segunda etapa para adquirir Licença Pró, a que dá direito a dirigir equipes profissionais no exterior.

No último mês de janeiro, quando treinava a equipe Sub-23 do Avaí, foi desligado do clube assim que o presidente Júlio César Heerdt assumiu o cargo. Desde então, segue seus estudos para completar a formação como treinador, dirige sua escolinha de futebol e garimpa alguns jovens jogadores Brasil afora, indicando ao próprio Avaí ou a outros clubes.

Em paralelo, acompanha e vibra com o filho Bruno Camillato, de 14 anos, titular do meio campo do infantil do Avaí, que, em sua opinião, será um jogador diferenciado dentro de alguns anos, assim que chegar ao profissional. “Tem muita qualidade, principalmente nas bolas paradas e cobranças de penalidades; atua de cabeça alta e sabe dar assistências. Tenho muita esperança que será um meia de qualidade, inspirando-se no maior ídolo da história do Avaí, o incomparável Marquinhos Santos”, relata o orgulhoso pai coruja.

Sobre o clube da Ressacada, afirma: “Sei que um dia irei voltar a trabalhar lá, é questão de tempo. Afinal, torço pelo seu azul e branco, acompanho e quero sempre o seu sucesso”, vislumbra.

Andarilho da bola

Sempre exaltando que o futebol foi a sua escola de vida, que o fez um cidadão bem-sucedido, Evando teve uma carreira longeva, de muitas camisas. Pelo Avaí, atuou em cinco oportunidades. Depois da base do Cruzeiro e do Vitória, este onde se profissionalizou e atuou por dois anos, esteve, além do clube catarinense, no Villareal-ESP, Vitória de Guimarães e Estrela da Amadora-PORT, Santa Cruz-PE, Santos, Fluminense, Al-Shamal-QA, Ponte Preta, Ituano, Mirassol, Goiás, Náutico, Grêmio e Barueri.

“O futebol é uma escola da vida, principalmente nas escolinhas, na base. Nem todos irão se tornar jogadores de futebol, porém irão aprender e absorver valores que servirão para encaminhá-los na vida em qualquer profissão. A bola, costumo dizer, salva centenas, milhares de garotos do mau caminho. Esta é a essência do futebol, por isso sempre apoio e bato palmas à atuação do Daniel Bola Cheia no Acesita e invisto em minha escolinha em Florianópolis”, afirma o sempre centrado Evando Camillato, o rapaz que saiu de Timóteo, conheceu e venceu no mundo do futebol.