19 de julho, de 2022 | 13:00

Cuidado com a boca para quem sofre de refluxo

Antônio Márcio de Faria *

Se você sofre de refluxo gástrico mas não resiste à tentação de comer chocolate ou fritura nem abre mão de tomar um café, um refrigerante ou de ingerir bebidas alcoólicas, a notícia não é boa. Esses alimentos são os que mais provocam falhas no esfíncter esofágico, uma válvula que controla a abertura e o fechamento do esôfago para garantir que o alimento desça até o estômago e que o suco gástrico não retorne em direção à via oral.

O que volta pelo esôfago não é apenas o alimento em si, mas também o próprio ácido do estômago. Quando entra em contato com a parede interna do órgão, que é permeado por uma mucosa, este ácido acaba provocando a esofagite, um tipo de lesão que destrói a mucosa e machuca essa parede, provocando queimação e azia.

As consequências disso costumam ser bastante conhecidas: além da queimação local, o refluxo pode provocar arrotos, indigestão, tosse seca, laringite e, em casos mais graves, crises de asma e problemas respiratórios. Há riscos maiores de refluxo em pessoas com possuem maus hábitos alimentares, especialmente aquelas que consomem comidas gordurosas, que fazem uma alimentação mais pesada no período da noite e que estão com sobrepeso. O uso de bebidas alcoólicas e de fumo também contribui para o agravamento do problema.

Também é comum a incidência de refluxo em bebês. Neste caso, a explicação é que o esfíncter esofágico ainda está em formação. Por isso, a válvula pode permanecer aberta após a amamentação, por exemplo. Ainda assim, é importante que os pais fiquem em alerta, porque o refluxo geralmente afeta os bebês somente no primeiro ano de idade.

A identificação do problema pode ocorrer de forma natural, pelos próprios sintomas sentidos pelo paciente, mas o diagnóstico adequado é realizado por meio de endoscopia e pHmetria, um exame que verifica o nível de acidez do suco gástrico. Vale lembrar: quanto maior a acidez, maior também pode ser a lesão no esôfago.

O controle do refluxo pode ser feito de forma clínica ou por meio de cirurgia, mas o primeiro passo é rever a alimentação. Abdicar da alimentação pesada faz parte do tratamento. O procedimento medicamentoso consiste em usar fármacos que diminuem rapidamente o pH do suco gástrico, ao mesmo tempo em que reduz sua quantidade no estômago.

O refluxo é um problema bastante incômodo, mas serve como alerta para que as pessoas adotem hábitos de vida mais saudáveis, começando pela refeição que vai no prato. Por isso, compete também ao próprio paciente encontrar forças para lutar contra o problema. E, claro, recorrer a um auxílio especializado para resolver o problema.

* Médico gastroenterologista e hepatologista do Hospital Felício Rocho

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