23 de julho, de 2022 | 13:00
Conhecimento é regra nº 1 para lutar contra infarto
Marco Antônio Marques Félix *
A quantidade de infartos que atingem os brasileiros deixa bem claro que existe um medo escancarado do problema. Há aquele sentimento geral de que uma hora a vítima pode ser eu”. Mesmo assim, são poucas as pessoas que se dispõem a se prevenir e se preparar para agir nessas situações. A imensa maioria da população ainda adota um comportamento passivo, como se aceitasse lançar-se à própria sorte se um dia acontecer. Essa situação pode e precisa mudar.Mas, como sabemos, a prevenção ainda é o melhor remédio. E ele começa pelo conhecimento. Hoje é fundamental compreender o que é o infarto, entender seus efeitos, conhecer os sintomas e, sobretudo, como reagir rapidamente: são ações que representam um caminho fundamental para salvar uma vida.
O infarto não escolhe cor, orientação sexual e, mais recentemente, também não tem escolhido sequer idade. O número de pessoas abaixo dos 40 anos vítimas de infarto cresce continuamente. A doença consiste na morte de parte do músculo cardíaco devido à falta de irrigação de sangue. Esse problema ocorre por diferentes fatores, como o excesso de gordura na parede das artérias, que leva à sua obstrução parcial ou até mesmo total.
Quando ocorre o infarto, a sensação imediata é dor intensa no peito, que dura por aproximadamente 30 minutos. Essa dor pode ser inclusive em forma de ardência, com possibilidade de irradiar para os membros superiores e até mesmo para a região da mandíbula. Como o sangue é responsável por carregar o oxigênio até os pulmões, a interrupção de sua circulação também provoca falta de ar, e pode se manifestar em sintomas como suor, tontura, náuseas, vômitos e até desmaio.
É importante destacar que o paciente precisa ser socorrido o mais rápido possível para aumentar suas chances de sobrevivência. Portanto, o ideal é que haja o maior número possível de indivíduos em comunidade capazes de identificar e saber como agir nesses casos. Há casos em que as manifestações iniciais do infarto podem ser mais silenciosas, o que aumenta o alerta sobre os sinais mais sutis, como cansaço excessivo, sensação de falta de ar e de alteração brusca dos batimentos cardíacos.
O procedimento mais imediato ao se deparar com um infarto é chamar o Samu. Na sequência, identifique o estado da vítima. Caso esteja sem respirar, sem batimentos cardíacos ou sem responder aos seus estímulos, o procedimento que deve ser iniciado o mais rápido possível são as compressões torácicas, também chamadas de massagem cardíaca, e a utilização de um desfibrilador externo automático (DEA). Esse aparelho é habilitado para realizar o diagnóstico do ritmo cardíaco e emitir, caso ele identifique que seja necessário, uma descarga elétrica (a desfibrilação) capaz de restabelecer os batimentos do coração. O DEA pode ser manuseado por qualquer pessoa e foi projetado justamente para esse atendimento antes da chegada dos profissionais especializados.
Caso o paciente ainda não tenha perdido os sentidos, deve se evitar ao máximo caminhar ou carregar qualquer tipo de peso, ainda que garanta ter condições para isso. Mantenha-o sentado de forma confortável e com o mínimo de pessoas ao redor para não o abafar. Deixe suas roupas mais afrouxadas e siga as orientações que o atendente do SAMU transmitir.
Ainda é importante lembrar que o infarto, muitas vezes, acontece como consequência de alguns hábitos não saudáveis de alimentação e de uma vida sedentária. Portanto, a melhor forma de evitar o problema é estabelecendo uma rotina mais saudável. Além disso, é importante visitar o médico regularmente e fazer exames de rotina. Quanto antes você iniciar a adoção de hábitos mais saudáveis, melhor para a sua saúde e menores as chances de sofrer um infarto ao longo da vida.
* Médico geriatra, instrutor de Suporte Avançado de Vida pela American Heart Association e consultor da Cmos Drake, empresa fabricante de desfibriladores cardíacos há mais de 30 anos. - [email protected]
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