14 de junho, de 2015 | 17:30

Violência passional em Fabriciano

Dentista prático mata mulher a golpes de chave de grifo e depois comete suicídio no Recanto Verde

Com atualização às 18h13

FABRICIANO – Os corpos de Sebastião de Souza Aredes e Eliane Marques de Paula foram sepultados no fim da tarde desta segunda-feira, no cemitério municipal Senhor do Bonfim, no bairro Giovannini. Os corpos foram descobertos no domingo à tarde na rua Germânio, no bairro Recanto Verde, onde Eliane morava.

 

Os primeiros levantamentos policiais indicam que a mulher foi morta a golpes de chave grifo. Depois, o dentista prático foi para os fundos do quintal da casa e se matou ingerindo o raticida conhecido como chumbinho, que tem venda proibida no Brasil, dada a sua letalidade.

 

Amigos do casal relataram para a polícia que as mortes podem ter ocorrido por causa do fim recente do casamento. O dentista prático, Sebastião de Souza Aredes completou 62 anos no dia 12 de junho e não concordava com a separação da protética Eliane Marques de Paula, de 45 anos. 

 

A descoberta do corpo de Eliane ocorreu na manhã de domingo (14) por uma sobrinha da vítima. A mulher estava caída na sala, com a cabeça ensaguentada, e segurava nas mãos um cinzeiro de pedestal, possivelmente usado para tentar se defender do agressor.  

 

A área foi isolada pela Polícia Militar até o trabalho da perita da Polícia Civil, Laudiene Viana. A chave de grifo, usada no crime, foi encontrada no tanque de lavar roupas. A policial ainda verificou que, até às 20h39 de sábado, Eliane conversava no Facebook com um conhecido radialista da cidade. O teor do bate-papo, bem erótico e picante, pode ter detonado o acesso de fúria e ciúmes no ex-marido. O computador estava ligado na página do messenger da rede social.

 

Apesar de Sebastião estar separado há alguns dias da mulher, a polícia trabalha com a hipótese de que houve uma crise violenta de ciúmes por parte Sebastião. Ao ver o teor da conversa, ele se armou com a chave grifo, que pesa quase um quilo e desferiu várias pancadas na cabeça de Eliane.

 

Suicídio 

Os policiais chegaram acreditar que Sebastião fugiu logo após consumar o assassinato. Pouco depois, outro parente de Eliane, ao sair para dar comida aos cães na propriedade, encontrou, caído de bruços, o corpo do dentista prático.

 

A reportagem do DIÁRIO DO AÇO acompanhou os trabalhos da polícia, que isolou a área para a nova perícia. Constatou-se que Sebastião, além de ingerir chumbinho, tentou se enforcar, amarrando uma corda em uma árvore, nos fundos do terreno.

 

A suspeita é que ele, achando que o veneno não ia fazer efeito, tentou se enforcar, mas a corda arrebentou. Em seguida, morreu envenenado. A hipótese foi confirmada no exame de necropsia no Instituto Médico-Legal (IML) de Ipatinga, para onde os corpos foram levados. O relatório da necropsia ainda será elaborado e anexado ao inquérito aberto para apurar o caso. A reportagem apurou, entretanto, que o exame no IML não constatou marcas de violência. Também ficou confirmado que no estômago da vítima havia certa quantidade do veneno.  

 

Amante

O radialista L.F., que conversava com Eliane pelo Facebook momentos antes do crime, foi encontrado pela Polícia Militar e seus dados constados no relatório da ocorrência policial. O caso foi encaminhado para a delegacia de Polícia Civil, que caberá investigar as circunstâncias do caso.

 

Sebastião e Eliane estavam separados em meio a uma situação conflituosa, como comentou uma sobrinha dela. A mulher chegou a colocar a filha e o marido para fora de casa, como ressaltou a testemunha, em conversa com a reportagem. O casal tinha uma filha, com cerca de 24 anos de idade. A casa, cena do trágico fim de relacionamento, está localizada em uma chácara com várias moradias no bairro Recanto Verde e tem entre os moradores alguns familiares das vítimas.

 

Repercute

Na tarde de domingo e nesta segunda-feira, amigos e familiares demonstravam incredulidade diante do caso, que deixou chocada a comunidade do bairro Recanto Verde. Uma das leitoras alertou que se trata de um pensamento medíocre afirmar que a violência no fim dos relacionamentos se dá por amor.

 

“Essa é a cultura em que estamos inseridos, que quer nos fazer acreditar que as pessoas batem, violentam e até matam por ‘amar demais’, normatizando o ciúmes doentio, que nada mais é que o orgulho ferido e certeza de que o outro é sua propriedade”. Outro conhecido do casal lembrou que, na semana passada, Sebastião lhe comunicara sobre a separação. 

 

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