17 de junho, de 2015 | 06:59

Tudo pronto para o julgamento de Pitote

Júri decide na sexta-feira se acusado de matar Rodrigo Neto é culpado ou inocente


IPATINGA – Na próxima sexta-feira, 19 de junho, o salão de júri do Fórum Valéria Vieira Alves recebe o homem acusado de ser o executor do assassinato do repórter Rodrigo Neto de Faria, de 38 anos, ocorrido em 8 de março de 2013, no bairro Canaã. Alessandro Neves Augusto, o Pitote, de 34 anos, vai a Júri Popular processado na 2ª Vara Criminal da Comarca de Ipatinga.

Além de responder pela acusação de homicídio qualificado contra o repórter, Pitote também responderá pela tentativa de homicídio contra L.H.O.O., que acompanhava Rodrigo na noite do crime. Os dois saíam juntos de um churrasquinho e, segundo consta no processo, o amigo do repórter foi alvejado por tiros também. O criminalista Délio Gandra atuará como assistente da acusação. A exemplo do julgamento do primeiro acusado no crime, o ex-policial Lúcio Lírio Leal, ocorrido em 28 de agosto de 2014, o fórum de Ipatinga terá um esquema especial de segurança nesta sexta-feira. Será permitida a entrada de pessoas em número limitado, e cadastradas.

Alessandro Neves Augusto será defendido por Rodrigo Márcio do Carmo Silva, Sheila Carvalho e Reginaldo Malaquias. Em entrevista ao DIÁRIO DO AÇO, Rodrigo Márcio manterá a tese da negativa de autoria. Rodrigo tentou desaforar o julgamento e levar o caso para ser julgado em outra comarca. O pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Rodrigo Márcio, que vai coordenar os advogados na defesa, reafirmou que Pitote não tinha motivos para matar Rodrigo Neto e que o fotógrafo Walgney Assis Carvalho, 43 anos, assassinado em 14 de abril de 2013, sim, tinha motivos, pois não escondia a insatisfeito com a contratação de Rodrigo Neto para atuar no mesmo jornal em que era freelancer (trabalho informal, sem contrato e sem remuneração fixa). “De fato, Lúcio e Pitote tinham uma relação de amizade e se falavam constantemente por telefone. Agora, quero ver é provas de que, nessas ligações, rastreadas pelos investigadores por meio das antenas de celular, trataram da combinação de um assassinato”, destacou.

Wôlmer Ezequiel


Rodrigo Márcio
O advogado Rodrigo Márcio volta a citar o personagem, identificado apenas como Serginho, como responsável pela morte de Rodrigo Neto e afirma serem fortes os indícios que Carvalho tenha pilotado a motocicleta que levou o atirador, pois relatos de testemunhas afirmam que Carvalho andava armado e portava uma mochila.

Fatos que batem com relatos da cena do crime contra Rodrigo. “Interessante que dois dias antes de Rodrigo Neto ser morto, Carvalho alegou que estava com dengue e não foi trabalhar. Já, depois do crime, Carvalho telefonou para um dos colegas de redação com detalhes de como foi a mecânica do crime, informando dados que nem a polícia tinha. Como ele sabia de tudo isso, se estava doente?”, indagou o advogado.

Para Rodrigo Márcio, o fato de Carvalho alardear em barzinhos ter conhecimento da autoria da execução e que o crime nunca seria desvendado, associado à vinda do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) mudou os rumos da situação, com a morte de Carvalho, ocorrida 38 dias depois da execução de Rodrigo Neto, como “queima de arquivo”.

Passados 138 dias da morte de Rodrigo Neto, em 23 de julho de 2013, o DHPP anunciou a conclusão da investigação das mortes, do repórter e do fotógrafo. Acusou o então investigador de Polícia Civil, Lúcio Lírio como a pessoa que orientou a localização do repórter para a execução por Pitote, em 8 de março, e também acusou Pitote de fazer a “queima de arquivo” de Carvalho, em 14 de abril.

O caso foi encerrado pelo DHPP sem responder questões sobre quem era o condutor da motocicleta que levou o algoz de Rodrigo Neto, quem mandou matar e a motivação. Apesar de reiterados anúncios de retomada das investigações complementares, essas questões permanecem sem esclarecimentos.

Já, os indiciados começaram a ser julgados. Antes de ser levado a Júri Popular, Lúcio Lírio foi exonerado da PC. Considerado culpado pelo Tribunal do Júri, em agosto de 2014, o ex-detetive foi sentenciado a 12 anos de reclusão pelo assassinato do radialista e absolvido de participação na tentativa de homicídio de L.H.O.

Alex Ferreira + reprodução


cena do crime rodrigo neto


Ministério Público confia em provas contra Pitote

O promotor de Justiça, Francisco Ângelo Silva Assis, afirmou ao DIÁRIO DO AÇO que o MP vai trabalhar pela condenação do réu, ciente de que as provas são muito claras. Todos os álibis apresentados pela defesa de Alessandro Neves Augusto não se confirmaram.

Além disso, o representante do MP pontua que pesa contra o réu um histórico de crimes graves: a forma como foi preso, na posse de arma de fogo com numeração raspada; bilhete com indicações sobre outra potencial vítima de assassinato; o trânsito do acusado dentro de delegacias da PC em Coronel Fabriciano e em Ipatinga, mesmo sem ser policial; uso de carteira falsa de policial civil; participação em diligências, apesar de possuir um mandado de prisão em aberto; andava com policiais; e relatos de investigadores que o apontam como um executor de homicídios, entre outras situações. 

Quanto ao personagem Serginho, que estaria envolvido no caso, o promotor afirma que não tem a menor procedência. “Posso afirmar que  o MP procurou saber dessa história. Nesta terça-feira foi o último dia para a juntada de documentos e a conclusão é que a citação desse personagem por Pitote é uma tentativa de escamotear o crime. É um álibi grosseiro para encobrir os crimes cometidos”, constata.  
Wôlmer Ezequiel


júri lúcio lírio


Francisco Ângelo disse estar confiante que os representantes da comunidade no Tribunal do Júri vão garantir que seja feita justiça em um crime que foi emblemático para o Vale do Aço.

“Uma pessoa que cobrava a apuração dos desvios de conduta teve que pagar com a vida, mas o fato é que esse caso mudou as relações nas atividades policiais na região. Não é assassinando pessoas que os representantes do Estado vão resolver a criminalidade. A punição deve ser feita com o uso da legislação, da investigação policial bem feita, para que os responsáveis respondam perante a Justiça”, concluiu o promotor.

 

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