19 de agosto, de 2015 | 09:15
Auditório cheio para julgamento de Pitote
Promotora de Justiça afirma que provas são contundentes sobre autoria do assassinato de Carvalho
FABRICIANO - Começou por volta das 9h10 desta quarta-feira, 19/08, a sessão do Júri Popular, da Comarca de Coronel Fabriciano, em que o falso policial civil, Alessandro Neves Augusto, o Pitote, 34 anos, é julgado pela acusação de assassinar, em 14 de abril de 2014, o fotógrafo Walgney Assis Carvalho, de 43 anos.
A defesa do réu é coordenada pelo advogado Rodrigo Márcio do Carmo Silva e outros três advogados: Reginaldo Malaquias Silva, Sheila Santos de Carvalho e Thiago Xavier de Souza.
A acusação é feita pela promotora de Justiça Juliana Silva Pinto, que tem como assistente de acusação o criminalista Délio Gandra, que veio de Belo Horizonte e representa a família de Carvalho. A sessão do Júri Popular é presidida pelo juiz criminal Vitor Luís de Almeida. "Não restam dúvidas da ligação do assassinato de Carvalho com o assassinato de Rodrigo Neto, em Ipatinga", afirmou o criminalista, Délio Gandra, ao Portal Diário do Aço.
O corpo de jurados foi composto por 6 homens e uma mulher. A sala do júri, no Fórum Orlando Milanez, está lotada para o julgamento. Assistem à sessão familiares de Walgney Carvalho e do réu.
Por causa do julgamento, o acesso ao fórum hoje está limitado e jornalistas tiveram que fazer credenciamento para acompanhar o julgamento.
O advogado que atua na defesa, Rodrigo Márcio, afirmou, ao entrar para a sessão, que trabalha na tese da negativa de autoria e aponta falhas na relação das provas levantadas pela força-tarefa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que veio ao Vale do Aço apurar os assassinatos de Rodrigo Neto e Walgney Carvalho, além de outros crimes de execução e chacinas em que policiais civis e militares figuravam como suspeitos.
A promotora Juliana Silva Pinto afirmou que as provas do envolvimento do réu, no Caso Carvalho, são irrefutáveis. As investigações apontaram as ligações do Caso Carvalho com o Caso Rodrigo Neto. As investigações construíram um arcabouço probatório bastante contundente acerca dos crimes. Espero que, acima de tudo, seja feita justiça, que do ponto de vista do Ministério Público é uma condenação”, enfatizou.
Assista ao vídeo abaixo, com a íntegra das entrevistas das partes envolvidas no julgamento desta quarta-feira.
Réu já cumpre pena
Pitote chegou a Coronel Fabriciano na segunda-feira e foi mantido em uma cela isolada, no presídio de Coronel Fabriciano. Não recebeu visitas no período, por ser preso em trânsito, mas teve uma reunião breve com o advogado de defesa.
Depois do julgamento ele será levado, na manhã de quinta-feira, de volta para a penitenciária Nélson Hungria, em Contagem, onde cumpre pena pelo assassinato de Rodrigo Neto, ocorrido em março de 2013, sentença da qual tanto o Ministério Público quanto a defesa recorreram.
Em julgamento em Ipatinga, Pitote recebeu uma pena de 12 anos pela morte de Rodrigo Neto e quatro anos pela tentativa de homicídio de um amigo do repórter, que o acompanhava na hora do crime e ficou na linha dos tiros. O juiz Antônio Augusto Calaes determinou que o réu aguarde, preso, o resultado dos recursos.
Delegado prestou depoimento
O delegado do DHPP, Emerson Morais, que presidiu o inquérito, foi o primeiro a falar no julgamento de Pitote nesta quarta-feira.
O policial civil explicou que a equipe já estava em Ipatinga para investigar o assassinato de Rodrigo Neto e outros crimes de grande repercussão e com investigações paradas.
Emerson Morais destacou que, além de Pitote, vários outros nomes surgiram como suspeitos do assassinato de Carvalho. Provou-se a inocência dos outros suspeitos e os trabalhos apontaram a autoria de Pitote, que também responde processo por uma dupla tentativa de homicídio, na Festa do Arroz, na cidade natal dele, Vargem Alegre, comarca de Caratinga.
O policial ainda explicou que o exame de balística comprovou que a mesma arma usada para executar o repórter Rodrigo Neto, na madruga de 8 de março, em Ipatinga, também foi usada para matar Walgney Carvalho, 38 dias depois, em Coronel Fabriciano.
Também foi feito o exame de balística nos projéteis disparados contra duas vítimas de Vargem Alegre. O resultado foi inconclusivo, porque os projéteis que acertaram as vítimas também atingiram uma parede e ficaram totalmente deformados.
Troca de motocicletas
A polícia chegou a Pitote, como suposto autor da execução de Carvalho, porque ao investigar a lista de amigos que o visitaram quando esteve recolhido ao presídio de Coronel Fabriciano, logo depois de sua prisão em junho de 2013, como suspeito do assassinato de Rodrigo Neto, havia um morador de Coronel Fabriciano, que era proprietário de uma motocicleta semelhante à que foi usada pelo assassino de Carvalho.
Essa motocicleta foi observada parada no local do crime, por uma policial militar que reside no bairro São Vicente, onde se localiza o pesque-pague, em que Carvalho foi morto a tiros.
A PC apurou que, no dia do crime, Pitote foi à casa do amigo e deixou com ele a sua Honda CB 300 e pegou emprestada uma Honda Tornado. Ficou de devolver o veículo no mesmo dia, mas somente apareceu na terça-feira seguinte.
O delegado do DHPP explica que a motocicleta do amigo pingava óleo do motor, marca vista no local do crime e também no dia em que a moto foi apreendida e removida para reconhecimento em Ipatinga.
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Já publicado:
Pitote não tinha motivo para matar o Carvalho” - 25/03/2014
Pitote é condenado a 16 anos de cadeia - 19/06/2015
Audiência do Caso Carvalho - 23/03/2014
Casos Rodrigo Neto e Walgney Carvalho - 14/08/2013
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