14 de setembro, de 2007 | 00:00
Livro resgata história do massacre
Escritora enfoca episódio entre operários e Polícia Militar em 1963
IPATINGA - Palestra hoje às 19h, na sede do Ipaminas, no Cidade Nobre, será pano de fundo” do lançamento do livro Massacre de Ipatinga mitos e verdades”, de autoria de Marilene Tuler. Logo após a palestra, haverá noite de autógrafos. O livro foi apresentado ontem à tarde no Instituto Educacional Mayrink Vieira, no Cariru. O livro enfoca o episódio que envolveu operários da Usiminas e a Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, em 7 de outubro de 1963. Na obra são analisadas as etapas de instalação da Usiminas, as condições de existência da classe trabalhadora e a conjuntura nacional em 1963, procurando estabelecer correlações entre o episódio e o contexto brasileiro anterior ao Golpe Militar de 1964. O livro saiu da pesquisa para a tese de Mestrado de Marilene em História, aprovada em 24 de abril de 2006. Com o título O Massacre de Ipatinga: o contexto sócio-político do Golpe Militar de 1964, através de um estudo de caso”, o trabalho se destacou pelo ineditismo do tema e das fontes usadas, e também pela qualidade da discussão teórica da tese.O prefácio do livro foi escrito pelo teólogo Leonardo Boff. A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deu apoio ao viabilizar a publicação. Na pesquisa, a historiadora teve acesso aos documentos da Assembléia Legislativa sobre o assunto. Para os ipatinguenses que desejam conhecer um pouco mais sobre a história da cidade, o livro traz muitas informações inéditas sobre o tema. Tive acesso a muitos documentos e recortes de jornais da época, encontrei esse material em Belo Horizonte, e o meu trabalho está embasado nele”, ressalta a escritora.Marilene acrescenta que o objetivo principal da publicação foi explicar o Massacre de 7 de Outubro dentro do contexto social e histórico de Ipatinga. A autora faz ainda a relação entre o fato ocorrido em 1963 e marcas existentes até hoje em Ipatinga, como resultado das implicações que o fato desencadeou. Valor histórico Segundo a escritora, a relevância do tema está em resgatar um fato histórico que foi mantido, por cerca de 40 anos, escondido. Havia um silêncio acerca do assunto, e escrever sobre o massacre foi importante para preencher uma lacuna na história da cidade de Ipatinga e do movimento operário brasileiro, pois inexistem nos livros didáticos referências ao episódio. É preciso que as pessoas conheçam essa história”, diz Marilene. Temas como a construção de um mito político em torno do Massacre, com envolvimento de infiltração comunista, sindicalismo com características peculiares, urbanização de Ipatinga a partir do conceito de cidade disciplinar, existência dos Grupos dos Onze em Ipatinga também são discutidos no livro. A pesquisadora teve acesso a documentos inéditos sobre o episódio, como a CPI aberta pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais e o processo nº 2.035 realizado pela Auditoria da Justiça Militar do Estado, que acusava os policiais envolvidos no conflito.Sobre a autoraMarilene Tuler trabalhou como professora de História nos colégios John Wesley, São Francisco Xavier e Educação Criativa; lecionou para cursos de graduação nas faculdades Unec, em Caratinga, e Unileste-MG. Atualmente leciona no Instituto Educacional Mayrink Vieira. É Mestre em História Social pela USS/RJ.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]