28 de janeiro, de 2009 | 00:00

Notícia de venda da ArcelorMittal aumenta a instabilidade em Timóteo

Arquivo/DA


A empresa de Timóteo integra a relação de ativos da ArcelorMittal que estariam à venda
TIMÓTEO – Um dia após o término do prazo para a adesão ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV) proposto pela ArcelorMittal Inox Brasil Timóteo (ex-Acesita), outra notícia fez aumentar o clima de tensão na cidade. Ontem, uma informação divulgada pela imprensa nacional dava conta de mais um impacto da crise financeira no grupo mundial ArcelorMittal: a venda dos ativos das quatro unidades brasileiras do conglomerado siderúrgico indiano - ArcelorMittal Tubarão (antiga CST), ArcelorMittal Aços Longos (Belgo), ArcelorMittal Vega (Vega do Sul) e ArcelorMittal Inox Brasil Timóteo.De acordo com notícia, amplamente divulgada na internet e por agências de notícias, os ativos da ArcelorMittal foram oferecidos à Usiminas. A lista de outros possíveis compradores seria integrada ainda pela italiana Techint e pela chinesa Baosteel. Os valores sobre a possível aquisição não foram especulados.Caso a Usiminas adquira os ativos da Arcelor, se tornará responsável por 50% da produção dos aços longos e de 60% a 70% dos aços planos fabricados no País. A CST, em Vitória (ES), é fabricante de placas e bobinas a quente; a Belgo, de João Monlevade, produz aços longos; a Vega do Sul, no Rio Grande do Sul, bobinas a frio e galvanizados; a ArcelorMittal Timóteo é grande produtora de aços especiais. EspeculaçãoO presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo e Coronel Fabriciano (Metasita), Carlos Vasconcelos, disse ao DIÁRIO DO AÇO que, diante da falta de informações oficiais sobre o assunto, qualquer comentário seria prematuro. “Quero acreditar que isso não passa de especulação do mercado, que se mantém disso”, pontuou.Em tom de cautela, o líder sindical disse ainda que, até o momento, o Sindicato e a empresa não discutiram o assunto. “Nada foi conversado sobre isso, porque até então não havia motivos. Não descartamos o fato de que possa haver um novo processo de fusão, mas também desconfiamos dessa possível venda”, afirmou Vasconcelos.As especulações geradas nesse momento de redução do quadro da empresa aumentam o clima de instabilidade, conforme o sindicalista. “Não apenas entre a classe metalúrgica, mas em toda a população, que sabe dos impactos de uma notícia como essa”, ressalta.Ao comentar os processos de fusão pelos quais a ArcelorMittal, ex-Acesita, vem passando desde 1998, Vasconcelos não escondeu a preocupação caso a informação de venda da empresa seja confirmada. “Quando acontecem, esses processos reestruturam a dinâmica produtiva, sem a garantia da manutenção dos postos de trabalho na cidade”, finalizou Carlos Vasconcelos.ArcelorMittal desmente notícias sobre a vendaA fim de esclarecer as notícias sobre a possível venda de empresas do grupo ArcelorMittar, que caiu como uma bomba em Minas Gerais e, mais especificamente, em Timóteo, o DIÁRIO DO AÇO procurou a Gerência de Comunicação da ArcelorMittal Timóteo, que desmentiu a informação ventilada durante toda a terça-feira, inclusive por agências de notícias.“Os rumores não procedem. Os ativos dessas empresas são estratégicos para todo o grupo siderúrgico, portanto, não há nenhum interesse em desfazê-los”, descartou a siderúrgica de Timóteo em nota divulgada à imprensa no início da tarde de ontem.No fim da tarde, a Gerência Geral de Comunicação e Relações Institucionais da ArcelorMittal Brasil, em Belo Horizonte, também enviou comunicado à reportagem, engrossando o discurso da empresa timotense. De modo categórico, a empresa garantiu: “Não são verdadeiras as informações sobre a venda de ativos.”Unidades estratégicasEm nota, a empresa ainda pontuou as particularidades de cada unidade. “Com presença destacada nos setores de aços longos e planos ao carbono, a ArcelorMittal Brasil reúne três das mais competitivas empresas siderúrgicas no Brasil - ArcelorMittal Tubarão, ArcelorMittal Aços Longos e ArcelorMittal Vega -, que se transformaram numa plataforma de crescimento do grupo na América Latina. Também faz parte do grupo mundial a ArcelorMittal Inox Brasil, produtora de aços especiais.”Ao reforçar a importância estratégica das empresas para os negócios do grupo em escala mundial, a nota finaliza: “A ArcelorMittal Brasil reafirma que não existe, portanto, a intenção de se desfazer destes ativos.”UsiminasTambém por meio de nota oficial, divulgada por sua Assessoria de Comunicação, a Usiminas, que ocupa a 11ª posição no ranking industrial brasileiro, se limitou a informar que “não comenta especulações”.
Paulo Sérgio de Oliveira


O Programa de Desligamento Voluntário é voltado para funcionários administrativos
Números do PDV sem divulgaçãoApós 15 dias, terminou ontem o prazo para adesão ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV) proposto pela ArcelorMittal Timóteo. Os critérios do PDV foram restritos aos cerca de 1,4 mil empregados que ocupam funções administrativas, técnicas, de suporte, comerciais, financeiras e gerenciais de uma forma geral.A Gerência de Comunicação da empresa informou apenas que os pedidos de desligamentos ainda estão em processo de análise. Mais uma vez, vários questionamentos continuaram sem respostas, entre eles o número de funcionários que aderiram ao PDV, bem como o impacto financeiro com o corte de pessoal na planta timotense.Para garantir a adesão dos funcionários ao Programa de Desligamento, cuja justificativa foi a crise econômica mundial, a ArcelorMittal ofereceu um “pacote de benefícios especiais”. Entre outros atrativos, a empresa propõe incentivos financeiros e benefícios temporários como assistência médica, odontológica e seguro de vida pelo período de dois anos.Dentro da empresa, a informação não oficial que circula entre os funcionários é que o PDV teria atingido cerca de 20% do público ao qual foi direcionado. A ArcelorMittal, porém, não confirma nem desmente os números.ReduçãoA ArcelorMittal Brasil foi a primeira siderúrgica brasileira a anunciar cortes na produção de aço, desde o início da crise. Com o PDV, adotado em todas as plantas industriais, o grupo ArcelorMittal, considerado o maior conglomerado siderúrgico mundial, pretende demitir até 9 mil empregados (6 mil na Europa), o que corresponde a 3% da força de trabalho total. Em todas as unidades, em mais de 60 países, a meta é reduzir os gastos em US$ 1 bilhão. Atualmente, o quadro total de pessoal ultrapassa 326 mil empregados.Landéia Ávila(com agências)
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Mak Solutions Mak 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Ayrthon Pinheiro

26 de maio, 2020 | 08:57

“Prezados Senhores , bom dia !
Nada tenho a tender especular notícias que não me cabem , mas como ex-funcionário do Grupo ArecelorMittal Brasil S/A , neste momento somente tenho a comentar de que no período que antecedeu a aquisição da Arcelor (1º do Ranking Mundial) pela também gigante Mittal Steel (2º do Ranking Mundial) me parece , se me recordo bem em 2007/08 , também se espalharam notícias de que era uma tremenda especulação , chegando nos corredores da Arcelor a se fazer chacota em relação a tal aquisição ; o que todos não esperavam acabou acontecendo para surpresa , até Mundial , pois o Indiano , que diziam estar blefando e acabou foi fazendo muitos Executivos borrarem as calças com a compra . Moral da História , não venham com churumelas , pois o que aconteceu lá foi bem mais significante em relação ao que deva já estar acontecendo agora com a venda dos Ativos destas Unidades , até porque o Lakshmi Mittal é um homem Investidor e muito imprevisível , como provou na compra da Arcelor , e de que desde a crise de 2014 que estas notícias circulam nos corredores da Empresa no Brasil , assim como , de que seria não somente aqui , mas todos os Ativos na América do Sul que estariam dando prejuízos significativos.”

Envie seu Comentário