05 de novembro, de 2008 | 00:00
Estruturação no combate à fome
Seminário de Segurança Alimentar incentiva criação de Conselhos
Fotos: Polliane Torres
O evento contou com a presença de representantes de instâncias políticas e da sociedade civil
FABRICIANO A discussão sobre a necessidade de garantir o direito à alimentação de qualidade foi o tema do 1° Seminário de Segurança Alimentar e Nutricional do Vale do Aço. O evento aconteceu ontem, no Salão Paroquial, com a presença de representantes de vários municípios da região e de técnicos do Conselho Nacional de Segurança Alimentar de Minas Gerais (Consea-MG), com a participação do prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões (PT). O seminário teve a participação de representantes das Secretarias de Assistência Social, Saúde, Agricultura e Educação de vários municípios, e ainda de diversas entidades. O foco do debate foi o fortalecimento dos Conselhos já existentes e a criação de novos órgãos. Apenas quatro dos 33 municípios atendidos pelo Conselho Regional de Segurança Alimentar e Nutricional (CRSAN) do Vale do Aço possuem Conselho: Ipatinga, Fabriciano, Joanésia e Periquito. Os demais têm apenas uma Comissão. O coordenador do CRSAN, Elias de Oliveira Soares, disse que a criação do Conselho é importante para a destinação eficaz dos recursos. O Ministério de Desenvolvimento Social, governo estadual e municípios têm recursos para essa área, mas para recebê-los o Conselho precisa funcionar. Só assim as políticas públicas vão acontecer”, frisou.Conforme o conselheiro estadual Chico Panorama, Minas Gerais está à frente dos demais Estados quando o assunto é Segurança Alimentar. Queremos que o Vale do Aço saia na frente também e que todas as cidades tenham o Conselho. No Estado, temos 25 comissões funcionando. Trazemos essa experiência para a região. Nossa ansiedade é que todas as cidades tenham o Conselho para que possamos prestar a segurança alimentar de verdade”, declarou.A assessora técnica do CRSAN, Yanne Yanagatha, sinalizou uma evolução no sentido de ampliar a criação de Conselhos na região. Dos nove encontros realizados neste ano, seis cidades já encaminharam a criação do Conselho. Tentamos fazer uma movimentação para que todos recebam essa nova visão de Conselho, que é um órgão atuante. Ele vem não só pra implantar idéias, mas práticas que podem mudar a vida de qualquer pessoa”, destacou.
Durante o encontro, os participantes puderam trocar experiências sobre Conselhos que já funcionam
Ipatinga Em Ipatinga, o Conselho foi instaurado em 2003 e, desde então, obteve boas conquistas, conforme contou a presidente Clarissa Calais dos Reis. Temos grandes avanços, como o funcionamento do Restaurante Popular, que entrega 2.500 refeições ao dia. Recebemos o programa de compra direta da agricultura familiar, que conta com 231 produtores da região cadastrados. Trabalhamos em parceria com os municípios da Região Metropolitana. Os alimentos são direcionados a creches, asilos e demais entidades da cidade”, informou.De acordo com Clarissa, será iniciada em breve a construção do banco de alimentos, que consiste no reaproveitamento de alimentos adquiridos por meio de parceria com supermercados e feirantes. Para fortalecer essas ações, acontece dia 13 de dezembro a 1ª Conferência Municipal sobre Segurança Alimentar e Nutricional com o tema Segurança alimentar, direito de todos”. Fabriciano A mobilização em prol da segurança alimentar em Fabriciano é recente, segundo a presidente do Conselho Municipal, Patrícia Dias. Iniciamos o trabalho em 2005, praticamente apenas com recursos municipais. Recentemente, esse assunto entrou no Orçamento. Estamos aqui para dar exemplo para cidades que ainda não incluíram essa questão em sua agenda pública”, comentou Patrícia. A presidente ressaltou a necessidade de a segurança alimentar ser abordada em vários setores. Não se faz política alimentar só com recursos municipais ou de assistência social. Isso envolve também a saúde e educação. Nossa pauta é o combate à fome. Temos que potencializar a condição dos municípios nessa área”, enfatizou. Entre as ações desenvolvidas na cidade nesse sentido, está um projeto de agricultura familiar urbana e rural. Além disso, as escolas que funcionam em tempo integral receberam no currículo oficinas de manuseio com a terra. Recentemente, fomos contemplados com o banco de alimentos com investimentos do governo federal”, completou Patrícia. Para a presidente, segurança alimentar vai além de saciar a fome. É muito mais do que trabalhar a fome de hoje. Queremos ver um mundo melhor e, para isso, temos que integrar forças”, observou. Quantidade e freqüênciaUma das palestras do evento foi ministrada pelo assessor técnico do Consea-MG, Marcos Dieguez. Ele esclareceu que o seminário é apenas uma das estratégias para melhoria e implementação de Conselhos. Cada comissão regional trabalha para que as cidades sejam pólos de discussão do direito à alimentação adequada. Assim, pensamos no que podemos fazer para que todos em nossa região tenham direito à alimentação adequada garantida tanto nas políticas públicas como nas ações da sociedade civil”, afirmou. Marcos Dieguez explicou que o conceito de segurança alimentar vai muito além de prover comida. Ela é a garantia de que todos tenham acesso ao alimento de qualidade, e não apenas num único momento. Que a comida seja em quantidade suficiente e com freqüência. A produção deve ser sustentável, preocupada com o meio ambiente. A segurança alimentar tem um conceito mais amplo. Para ter desenvolvimento pleno e digno é preciso ter alimento”, esclareceu. Polliane Torres
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