17 de fevereiro, de 2009 | 00:00
Novo veneno contra o mosquito da dengue
Secretaria de Estado da Saúde adota larvicida mais potente para evitar epidemia na região
FABRICIANO - O larvicida e o inseticida aplicados no combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, no Vale do Aço serão substituídos pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Um veneno” mais potente será utilizado pelos municípios vinculados à Gerência Regional de Saúde (GRS) de Coronel Fabriciano, que integram as prioridades da SES para intensificar o combate à dengue, junto com outras regiões mineiras onde é grande a presença do mosquito transmissor da doença.A mudança foi anunciada ontem pelo gerente de Vigilância Ambiental da SES, Francisco Leopoldo Lemos, em reunião com os secretários da Saúde do Vale do Aço e em entrevista coletiva na GRS de Fabriciano. Lemos explicou que a medida foi tomada após levantamento feito pelo Ministério da Saúde sobre a resistência do Aedes aegypti (nas formas larvária e adulta) à exposição ao produto que há vários anos é aplicado nas cidades da região, desde o início dos anos 90, o Temefós granulado 1%.O resultado da última análise do Ministério da Saúde, referente a uma amostragem feita em Governador Valadares (uma das cidades com grave histórico de dengue no Estado) demonstrou eficiência do produto menor que o almejado. A utilização de larvicida e inseticida é feita com objetivo de exterminar determinada espécie. No caso do Aedes, a meta é de atingir pelo menos 80% da população do mosquito vetor da dengue”, explicou Lemos.ResistênciaA partir do mês que vem, o combate ao Aedes aegypti no Vale do Aço passa a ser feito com outro produto, o Diflubenzuron. O mesmo larvicida será aplicado também em Uberaba, Uberlândia, Montes Claros e na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde é maior o risco de uma epidemia.Lemos explicou que a medida é preventiva. O produto anterior funcionava bem, mas, a parir de agora, haverá maior qualidade das ações de campo, ou seja, vamos matar mais mosquitos, com a mesma equipe de agentes”, explicou.O representante da SES adiantou que, em setembro, serão enviadas amostras de larvas e mosquitos adultos coletados em Ipatinga para análise. O objetivo será observar a resistência do Aedes em relação aos dois produtos (o anterior e novo). Conforme o resultado, não descartamos a possibilidade de retomar com o anterior, caso fique comprovado sua maior eficácia”, ponderou o gerente de Vigilância Ambiental do Estado.GRS reativa Comitê Regional de SaúdeA Gerência Regional da Saúde (GRS) anunciou ontem a reativação do Comitê Regional de Saúde. O objetivo é retomar ações integradas, na área de combate à dengue, entre os quatro municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA): Ipatinga, Santana do Paraíso, Coronel Fabriciano e Timóteo.A GRS será a gestora dos trabalhos de combate à dengue. O primeiro passo para a adoção de um projeto metropolitano contra a dengue será uma reunião no próximo dia 26 com secretários de Saúde do Vale do Aço.Curso detalha produto aos agentes sanitáriosCerca de 60 supervisores de combate à dengue das quatro cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço e de Governador Valadares participaram de um curso de capacitação de 16 horas para conhecer as particularidades do novo larvicida que será utilizado no combate ao mosquito da dengue. Cada supervisor é responsável por uma equipe de 10 agentes de controle de endemias.Uma das participantes do curso, realizado ontem na GRS, em Coronel, era Giselma Teixeira da Silva, 34, que ouvia atenta e anotava todas as instruções. Com uma década de atuação no combate à dengue em Ipatinga, a agente sanitária está otimista quanto ao uso do novo produto.Com experiência no assunto, Giselma já viveu momentos complicados na região em relação à dengue, mas admitiu que a atual situação requer a responsabilidade de todos. Chega a ser difícil de acreditar, mas mesmo com tantos casos da doença confirmados, ainda existem pessoas que dificultam o nosso acesso às suas residências. E o mais grave é que a maioria dos focos é encontrada nas casas”, afirmou.Em 45 dias, Vale do Aço soma 1.200 casosConforme a Gerência Regional de Saúde (GRS), no ano passado as quatro cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço somaram 4.900 casos notificados de dengue, sendo 1.678 confirmados. Das confirmações, a GRS contabiliza 12 complicações”, sendo que seis casos foram confirmados como dengue hemorrágica, inclusive com duas mortes.Somente nos primeiros 45 dias de 2009, a GRS já confirma 1.200 casos de dengue na região. A Gerência ainda aguarda o resultado dos exames das amostras de sangue coletadas em oito pacientes com suspeita de dengue hemorrágica. O material foi enviado à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.Das oito amostras, constam dois casos de mortes com suspeita de dengue hemorrágica em Coronel Fabriciano. De acordo com a GRS, a Funed descartou que a causa da morte de José dos Santos Silva, 45, primeiro caso suspeito do ano, tenha sido por dengue hemorrágica. Os resultados das amostras de sangue de Nerilda Gonçalves Pereira, 56, que faleceu no começo de fevereiro, ainda não foram concluídos.SurtoO último Levantamento Rápido de Índices de Infestação para Aedes aegypti (LIRAa) em Minas Gerais, anunciado no final de janeiro, mostrou que Ipatinga, Fabriciano e Timóteo encontram-se em situação de risco de surto de dengue”, com índices de presença do mosquito superiores a 3,9%. No interior, de acordo com os números da Secretaria de Estado de Saúde, o maior índice de focos do mosquito da dengue foi encontrado em Governador Valadares (8%), Coronel Fabriciano (6,9%), Ipatinga (6,8%), Montes Claros (4,7%), Sete Lagoas (4,5%) e Timóteo (4,2%).
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