31 de maio, de 2009 | 00:00

Remédio que mata

Saúde faz campanha para alertar sobre os riscos da automedicação


Os medicamentos, em vez de alívio para muitas doenças, podem causar outros problemas de saúde
FABRICIANO - Muita gente, quando tem um resfriado ou dor de cabeça, recorre à velha caixa de remédios em busca de um alívio. Porém, esse hábito, tão corriqueiro, pode trazer vários problemas. Afinal, o uso de medicamentos sem prescrição médica é uma das principais causas de intoxicações atendidas nos hospitais e postos de saúde do Vale do Aço.O aumento dos casos de intoxicação por medicamentos registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) levou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) a reforçar a necessidade de alerta à Gerência Regional de Saúde (GRS) e às Secretarias Municipais de Saúde. Para se ter uma ideia, até meados de maio já foram notificados 896 casos de intoxicação relacionados a medicamentos em Minas Gerais, com 679 confirmações. Nesse ritmo, serão superados os números de 2008 (1.268 casos confirmados) e de 2007 (851 casos).De acordo com a farmacêutica Priscila Oliveira Fagundes, do Núcleo de Assessoria Técnica da SES, a falta de informação ajuda a explicar os números crescentes. “As pessoas devem procurar o médico e também o farmacêutico antes de consumir qualquer medicamento”, reforça.Propagandas que associam os remédios a sabores de frutas, produtos naturais e efeitos milagrosos também levam o paciente à má utilização ou até mesmo à administração de um medicamento sem necessidade. “O paciente decide por si mesmo tomar medicamentos, induzido por peças publicitárias. Além disso, o acesso é muito fácil, pois muitos medicamentos são adquiridos sem receita”, constata Priscila Fagundes. Perigos Remédios para o tratamento de ansiedade, antidepressivos, analgésicos e anti-inflamatórios são os responsáveis pela maioria das causas de intoxicação, que tem como efeitos convulsão, sonolência, vômitos, danos hepáticos, irritações na pele e até mesmo a morte. “As pessoas devem desconfiar de efeitos rápidos. Medicamentos não fazem milagres”, alerta Priscila.Um dos perigos apontados pela farmacêutica no uso de medicamentos sem orientação é exatamente a busca por minimizar os sintomas. “Os remédios mascaram esses sinais, o que pode dificultar diagnósticos futuros. Muitas vezes uma dor de cabeça é só a ponta do ‘iceberg’ de algo mais grave”, compara. Outra prática que deve ser evitada é o abandono do tratamento. É comum, após uma melhora do quadro clínico, a interrupção do uso dos medicamentos. “No caso de antibióticos, por exemplo, a falta de continuidade permite que as bactérias resistam aos medicamentos, o que torna o tratamento mais complicado, uma vez que é necessário aumentar as doses”, explica a farmacêutica da SES.PlantasAté mesmo o uso de plantas, consagradas pelo uso popular, merecem atenção. Os fitoterápicos, como chás, podem conter substâncias que, se ingeridas em excesso, podem trazer problemas. É o caso, por exemplo, do confrei, usado para combater dores gastrointestinais. O seu uso indiscriminado pode provocar problemas no fígado. A combinação de medicamentos com plantas medicinais também requer cuidado. Por exemplo, a varfarina, um anticoagulante, combinada com boldo e camomila, pode acentuar o sangramento.O uso simultâneo de álcool e medicamentos também deve ser evitado, uma vez que ele pode inibir ou aumentar a ação de alguma substância. “Se combinado com antidepressivos, pode haver aumento do efeito sedativo. De qualquer forma, o uso conjunto é grave e pode tanto prejudicar o tratamento como levar à intoxicação”, conclui Priscila Fagundes.
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