06 de outubro, de 2009 | 00:00
Massacre de Ipatinga
Jornalista pede a abertura dos arquivos da Usiminas
DA REDAÇÃO - O jornalista Marcelo Freitas, autor do livro Não foi por acaso”, vai pedir que a Usiminas abra seus arquivos para que jornalistas e pesquisadores acadêmicos tenham acesso a informações corretas sobre o Massacre de Ipatinga. Ele será um dos debatedores da audiência pública que será realizada nesta terça-feira (6), lembrando os 46 anos do conflito, ocorrido em Ipatinga no dia 7 de outubro de 1963. O jornalista considera inaceitável que a Usiminas defenda a ideia de que não tem qualquer relação com o fato porque o conflito ocorreu fora da área industrial da empresa. Na audiência pública, Marcelo Freitas vai revelar os detalhes da investigação que apontam a existência, até hoje, de pessoas desaparecidas em consequência do conflito, e fatos que colocam em xeque a versão oficial de que oito pessoas morreram em consequência dos tiros. O primeiro deles foi a compra, em 8 de outubro de 1963, na Funerária da Santa Casa de Misericórdia, de Belo Horizonte, de um lote de 32 caixões, entregues no final da tarde do mesmo dia no almoxarifado da empresa, em Ipatinga. O segundo foi o envio pela empresa, ao sindicato Metasita, de um ofício informando que 59 pessoas seriam dispensadas por abandono de emprego, porque 30 dias depois do conflito não haviam retornado ao trabalho. Marcelo Freitas diz que gostaria de ter acesso aos documentos da empresa informando da dispensa, pois, conforme relato do presidente do Metasita em 1963, Geraldo Ribeiro, a correspondência enviada ao Metasita se perdeu em um incêndio ocorrido no Sindicato. Não foi por acaso” é uma das mais extensas pesquisas já realizadas sobre o Massacre de Ipatinga. Em sua investigação, o autor foi atrás de pessoas que testemunharam o acontecimento, localizou parentes das pessoas que morreram, pesquisou documentos da polícia e vasculhou arquivos de jornais e cartórios de registros de óbitos da região do Vale do Aço. A investigação foi conduzida em quatro etapas. A primeira em 1988, quando Marcelo Freitas era repórter do jornal Hoje em Dia”, de Belo Horizonte. A segunda etapa foi em 2003, quando o autor era repórter do jornal Estado de Minas”. Em 2004 e 2005, Marcelo Freitas trabalhou o tema no mestrado em Ciências Sociais da PUC Minas, em pesquisa financiada pelo governo federal. Na última etapa da investigação, realizada em 2006 e 2007, ele se investigou a polêmica em torno do número de mortos no conflito. Marcelo Freitas trabalhou nos jornais Diário do Comércio”, Hoje em Dia”, O Tempo” e Estado de Minas”, todos de Belo Horizonte. Atualmente, é professor do curso de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá, de Belo Horizonte, onde também coordena o Laboratório de Jornalismo Impresso.Audiência públicaO debate desta terça-feira será realizado às 19h, na Câmara Municipal de Ipatinga, por iniciativa do vereador Agnaldo Giovani Bicalho. No próximo dia 28 de outubro, o assunto será discutido também pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, em Belo Horizonte, em audiência pública que será transmitida ao vivo pela TV Assembleia. Programação: 6/10 - terça-feira:6h - Panfletagem na portaria da Usiminas - Centro9h - Panfletagem no Centro Comercial - Ipatinga 16h - Coletiva à Imprensa/Sessão de Autógrafos na Câmara Municipal de Ipatinga com Marcelo Freitas, autor do Livro Não foi por acaso”19h - Audiência Pública na Câmara Municipal de Ipatinga 7/10 - quarta-feira19h30 - Missa na Comunidade Dom Oscar Romero - Alto da Boa Vista 08/10 - quinta-feira19h30 - História do Massacre de Ipatinga - Comunidade Dom Oscar Romero - Alto da Boa Vista9/10 - sexta-feira19h30 - Palestra sobre Segurança no Trânsito - 14º Batalhão - Comunidade Dom Oscar Romero - Alto da Boa Vista 10/10 sábadoCaminhada Pela Paz - Concentração às 8h - Campo do Itamaraty (Betânia) - Saída às 9h no sentido trevo do PanoramaEncerramento às 12h
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