23 de outubro, de 2009 | 00:00
Impactos e recompensas
Periquito terá a maior parte inundada por barragem de hidrelétrica
VALADARES O prefeito de Periquito, Luís Reis (PT), lembrou que seu município foi emancipado há apenas treze anos e enfrenta problemas sociais graves. Segundo explica, a primeira expectativa, quando em 2007 começaram as obras da UHE Baguari, era a geração de trabalho. Depois veio a consciência dos impactos ambientais, mas agora a esperança do prefeito é que os danos com a inundação do reservatório no rio Doce sejam superados com outros benefícios, inclusive econômicos. Como a casa de força da UHE Baguari vai ficar em território de Governador Valadares, o município vizinho é quem vai levar a maior fatia dos impostos a serem gerados pela hidrelétrica. No entanto, o prefeito de Periquito reclama que o seu município é que sofre os maiores impactos. É o município que vai comportar mais as águas e tem parte ativa nos royalties que serão distribuídos pelo consórcio”, explica. Por causa da cheia da barragem, aproximadamente 50% do distrito de Pedra Corrida foram cobertos pela água da barragem da UHE Baguari. Os moradores que perderam suas casas com a cheia do rio foram reassentados em um bairro construído nas proximidades. Já os que perderam terrenos foram indenizados ou receberam outros terrenos em troca. AtingidosMoradora de Pedra Corrida, Cleonice Rosa da Silva, 30 anos, disse que sua família tinha plantações às margens do rio Doce. Um acordo, fechado antes da cheia do reservatório, fixou valores para indenização pela desocupação de casas e plantações. Na mesma situação, Maria Louzada, 42 anos, conta que foi representar o seu pai, cujas terras foram inundadas com o reservatório da barragem da hidrelétrica. Ficamos satisfeitos com a indenização”, resumiu.Já Maria de Lurdes de Jesus, 41 anos, conta que ocupava apenas uma casa à margem do rio, em local de risco natural de inundação. Lurdes estava entre as mais de 60 famílias removidas da extinta rua Francisco Diniz, em Pedra Corrida. Ganhei uma casa nova, em um local seguro. Foi uma bênção de Deus”, comemora. Já a agricultora Isabel Rosa da Silva, 53 anos, conta que toda a sua terra foi inundada pela represa. Em troca, os empreendedores lhe deram o dobro de área em outro local. Não foi uma boa troca, pois a área que perdi era toda plantada e, na área dada em troca, apenas a metade tem serventia. O resto é morro puro. Mas não havia o que fazer mais”, conclui.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]