14 de janeiro, de 2010 | 21:06
Olhos vendados para as drogas
Conselheiro afirma que sociedade ainda ignora gravidade do problema
IPATINGA O poder público e a própria sociedade ainda não se deram conta da seriedade do problema do uso de drogas”. A afirmação é do presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Ipatinga, Luciano Júnior Oliveira. À frente da entidade há dois anos, o conselheiro observa que, se o poder público, de uma maneira geral, encarasse a problemática com mais profundidade, grande parte dos desajustes sociais seriam resolvidos. Os dados da polícia nos mostram que 80% dos crimes têm como pano de fundo o uso de drogas. Por causa da droga, mulheres são agredidas, crianças abandonadas, idosos violentados e roubados pelos próprios filhos para sustentar vícios, e mais uma série de problemas.
Todos os segmentos sociais são prejudicados, de alguma forma, pelo uso de drogas”, afirma.
Para Luciano, ao tratar a questão apenas em sua camada superficial, o poder público permite que se forme um grave círculo vicioso. Metade dos dependentes químicos que vão para clínicas e passam pelo processo de reabilitação têm algum tipo de recaída quando voltam para a sociedade”, revela.
Isso acontece, segundo o conselheiro, porque faltam ações e políticas públicas que tratem o problema em sua complexidade. É preciso buscar a causa, o motivo que levou o indivíduo a usar drogas. E isso passa pelo acompanhamento da família, da rotina da pessoa”, observa.
Para combater o problema, uma alternativa que vem sendo pleiteada junto ao município pelo conselho, há quatro anos, é a construção de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD).
O presidente do Conselho Antidrogas aposta na medida. Além de trabalhar a reabilitação do dependente, é preciso acompanhar sua vida depois da reinserção social, suas condições familiares. As comunidades terapêuticas não dão conta de fazer isso. E o Caps AD assume essa importante função”, diz.
Faltam pesquisas
Outra diretriz do Conselho para este ano é buscar, junto ao poder público, a realização de pesquisas sobre as drogas na região. Conforme Luciano, não há investimento em pesquisas sociais, principalmente no campo da dependência química e alcoólica. Esses estudos são fundamentais para o planejamento e execução das ações. Vamos trabalhar para que, já neste ano, uma pesquisa seja realizada”, informou.
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