30 de outubro, de 2010 | 22:00

Bactéria KCP sob controle

No entanto, rapidez da reprodução e facilidade de contágio preocupam especialistas. Médico do Hospital Márcio Cunha conta como profissionais lidam com a ameaça.

Alex Ferreira


LAVANDO AS MÃOS

IPATINGA - Não há registro até agora de episódios de infecção causados pela bactéria KPC (Klebsiella Pneumoniae carbapenemase), a superbactéria, no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga.
A informação é do médico infectologista Aloísio Benvindo, que atua nas unidades de tratamento intensivo do hospital, o maior e mais bem equipado do Vale do Aço.
Também não foi registrada nenhuma ocorrência na Gerência Regional de Saúde (GRS), responsável por vários municípios do Vale do Aço e regiões vizinhas, até a última sexta-feira (29).
 
A situação está sob controle, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou 12 casos de infecção pela bactéria KPC em Minas Gerais, no período compreendido entre agosto de 2009 e julho deste ano, o que não caracteriza um surto.
No entanto, segundo dados da Anvisa, a bactéria provocou óbitos em outras regiões do país. São Paulo teve 70 casos de contaminação, com 24 mortes e no Distrito Federal foram 183 pessoas infectadas e 18 mortes.
 
A transmissão ocorre em ambiente hospitalar, por meio de contato com secreções de pacientes contaminados, quando não são observadas normas básicas de higiene e desinfecção.
O Ministério da Saúde orienta que a população não deve deixar de procurar os hospitais em razão do medo de contaminação. A demora em procurar assistência médica e a automedicação representam um risco maior porque podem agravar o quadro do paciente.
Alex Ferreira


ALOÍSIO BENVINDO
  Velha conhecida
A bactéria KPC foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1990. Ela sofreu mutação genética e se tornou muito resistente a vários antibióticos.
As bactérias têm a capacidade de se transformar quando precisam enfrentar um “inimigo” e, ao serem combatidas por antibióticos, tornam-se resistentes a eles. Esta característica está relacionada ao uso incorreto ou indiscriminado desses medicamentos.
 
Por isso, a indústria farmacêutica vem desenvolvendo produtos cada vez mais potentes e mais caros para combater infecções.
A penicilina, quando foi descoberta na década de 1920, era altamente eficaz no combate à pneumonia, por exemplo, e foi perdendo força à medida que os microorganismos desenvolveram defesas contra o remédio.
É um ciclo vicioso. Os laboratórios fabricam medicamentos cada vez mais potentes para combater bactérias cada vez mais poderosas.
Poder multiplicador
“As bactérias são os bichos mais promíscuos da natureza. Elas se agarram a cada 15 minutos e uma bactéria mais resistente passa seu DNA para outra mais fraca que, por sua vez, torna-se mais forte e tão resistente quanto à primeira”, explica Aloísio Benvindo, de forma didática.
Isso ocorre dentro dos hospitais, de um paciente para outro. “E como as bactérias não têm asas e não voam, a transmissão ocorre principalmente pelas mãos, quando não são lavadas corretamente com água e sabão e desinfetadas com álcool gel pelos profissionais de saúde e visitantes”, afirma.
Por isso os especialistas precisam estar atentos ao grande poder multiplicador das bactérias, considerando-se sua capacidade de mutação genética, e também evitar situações que possibilitam o contágio entre os pacientes.
E é justamente nas unidades de terapia intensiva que há bactérias mais fortes e pacientes com menor resistência imunológica, tornando-se alvos susceptíveis à superbactéria e a outros microorganismos.
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