29 de janeiro, de 2012 | 00:00

Dificuldades de aprendizagem: O que são, e como tratá-las

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Dificuldade

IPATINGA – Todas as pessoas aprendem de formas diferentes. Uns aprendem mais rápido, outros mais devagar. Há também diferentes formas de ensinar. Os atos de ensinar e aprender estão tão interligados que não é possível mais separá-los no processo educacional. Como se aprende/ensina? Por que uns aprendem e outros não? Qual a origem da dificuldade em aprender um assunto ou habilidade? Essas são perguntas feitas ao deparar com os boletins escolares das crianças, com notas perdidas no ano letivo.
De acordo com a pedagoga Oní Fernandes Costa Dias, uma das preocupações atuais dos pais é com o fracasso escolar de seus filhos ao longo dos anos de escolarização, especialmente nas séries iniciais. Crianças que não conseguem acompanhar os colegas de turma são motivos de discussões no meio acadêmico, na escola e na família. Muitas dessas crianças, em certos momentos das suas vidas, sofrem muito e sua angústia estende-se aos pais. Algumas já sofrem no primeiro dia de aula. Outras iniciam bem a vida escolar, mas depois de algum tempo passam a ter problemas: começam a tirar notas baixas, não são compreendidas pelo professor ou não compreendem a matéria, ou ainda, se distraem até com um mosquito.
Assim, a escola passa a ser vista pela criança como a causadora da sua infelicidade e a de seus pais, e por isso, começa a detestá-la, criar sintomas, como dor de barriga na hora de ir para a aula, etc. Após anos acumulando pequenos fracassos, esse aluno acaba abandonando os estudos, convicto de que “escola não é prá mim”; abrindo mão, assim, de uma parte de sua felicidade: o prazer de conhecer coisas maravilhosas, produzir e compartilhar conhecimentos com seus pares. Mas, por que será que algumas crianças não aprendem os conteúdos escolares, mesmo tendo inteligência normal, bom ajuste emocional e nível socioeconômico aceitável? Ao contrário do que alguns pensam, essas crianças não são preguiçosas nem desinteressadas, têm é dificuldade de aprendizagem ou “Transtorno de Aprendizagem”.
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Dificuldade 2

Crianças de Risco
Transtorno de Aprendizagem é uma inabilidade específica de leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados abaixo do esperado para seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual (ROTTA, 2006). A prevalência dos transtornos de aprendizagem varia de 2 a 10% da população em idade escolar. Alguns comportamentos na primeira infância (0 a 3 anos), podem chamar a atenção e, na maioria dos casos, sugerem que o aluno seja uma “criança de risco” para ter dificuldades de aprendizagem em sua fase de escolarização. Choro fácil e sem motivo aparente, irritabilidade, agitação motora, apatia, pouco sono e atraso na aquisição da linguagem oral, são sinais de que a criança deve ser observada pelos pais ou cuidadores e seu desenvolvimento nas atividades escolares deve ser acompanhado junto com a equipe pedagógica, desde a pré-escola.
Os transtornos de aprendizagem podem ser verbais e não verbais. Os verbais estão relacionados com as dificuldades nas habilidades de ler e escrever, que são as dislexias. As dislexias se dividem em 3 tipos: fonológica, visual e mista. A dislexia fonológica é caracterizada por dificuldades significativas na discriminação de sons de letras e palavras compostas, além de falhas na memorização de padrões de sons, sequências, instruções ou histórias. Na dislexia visual, há dificuldade em seguir e reter as sequências visuais, na análise e integração visual de quebra-cabeças ou tarefas similares, trocas e inversões de letras (ex. p—b; f—v; t—d;). Daí, percebemos que os disléxicos também podem ter dificuldade em matemática, devido ao posicionamento incorreto dos números na hora dos cálculos.
Os transtornos não verbais são a discalculia (dificuldade em matemática), a disgrafia (dificuldade na escrita), a disortografia (escrita ortográfica incorreta) e os transtornos relacionados aos problemas visoespaciais. Observa-se, também, a incapacidade para compreender o contexto social, a dificuldade na percepção tátil e visual, inabilidades de coordenação motora, destreza, dificuldade em lidar com situações novas, mostrando, assim, dificuldades acadêmicas e sociais. Podemos citar, ainda, o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (transtorno neurobiológico caracterizado pela desatenção, agitação motora e impulsividade) como um problema responsável pelo fracasso escolar de muitos alunos.
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Dificuldade 3

Trabalho conjunto
Além destes transtornos, crianças com ADNPM (Atraso do Desenvolvimento Neuropsicomotor), deficiência mental e autismo, merecem atenção especial dos educadores. A escola deve ter em sua proposta pedagógica um trabalho diferenciado para alunos com dificuldade de aprendizagem, com currículo adaptado a essa demanda, e a sua avaliação deve ser individual.
O diagnóstico e o tratamento dos transtornos de aprendizagem são multidisciplinares, começando pela avaliação do psicopedagogo (especialista em dificuldades de aprendizagem), paralelamente ao acompanhamento do neuropediatra. Se necessário, o psicopedagogo poderá solicitar o parecer de um psicólogo e de um fonoaudiólogo para um diagnóstico diferencial. Essa avaliação é ampla e abrangente, considerando as áreas pedagógica, cognitiva, emocional, neurológica e fonológica; observando quais fatores estão atrapalhando o processo de aprendizagem do aluno em questão.
Em seguida, o psicopedagogo segue uma linha de trabalho de acordo com a dificuldade específica diagnosticada pela equipe. Orienta os pais quanto à organização dos estudos em casa, e à escola, quanto à metodologia mais adequada àquela criança. O acompanhamento psicopedagógico segue até que o aluno melhore suas notas, sua autoestima e consiga gerir sua vida escolar sozinho e de maneira satisfatória. É importante que a sociedade “nota 10” em geral, e os educadores em particular, reflitam sobre o assunto e saibam que os alunos que mais precisam de amor, são aqueles que vão pedi-lo como os modos menos amáveis.


SERVIÇO:
Oní Fernandes Costa Dias
Teóloga, Pedagoga e Psicopedagoga - CNE 0132
[email protected] - (31) 9906-1187
 
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