03 de outubro, de 2014 | 12:02
Briga grande pelo controle da Usiminas
Mercado se surpreende com decisão de argentinos em ampliar participação no controle
A disputa interna, entre acionistas, pelo controle da Usiminas ganhou novos contornos esta semana depois de um lance inesperado. Estão na disputa - que já foi parar até na Justiça - os dois principais acionistas da siderúrgica, a argentina Ternium/Tenaris e a japonesa Nippon Steel.
A surpresa da semana foi a decisão dos executivos da Ternium em firmar um acordo para comprar a participação de 10,4% da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) no capital votante da siderúrgica.
A decisão foi considerada por analistas como parte de uma estratégia para a tomada hostil do controle da Usiminas pelo grupo ítalo-argentino Techint. A notícia foi publicada nesta quinta-feira, pelo jornal Valor, em matéria assinada pelos jornalistas Ivo Ribeiro, Natalia Viri e Stella Fontes.
Há cerca de um ano, os argentinos e seus sócios japoneses, liderados pela Nippon Steel & Sumitomo, discordam sobre a gestão da empresa. As divergências se tornaram públicas na quinta-feira passada, quando três executivos, inclusive o presidente, foram afastados do comando da siderúrgica.
O negócio com a Previ, de R$ 616,7 milhões, com prêmio de 82% sobre o valor das ações na bolsa, não muda de imediato o poder de decisão dos argentinos. O bloco de ações do fundo de pensão não está vinculado ao acordo de acionistas, válido até 2032. Com a operação, a fatia da Techint passa de 27,6% para 38%, o que a coloca na posição de maior acionista votante da Usiminas. A Nippon Steel tem 29,45% das ações com direito a voto.
O Valor apurou que a estratégia da Ternium parte do pressuposto de que a Nippon Steel rompeu o acordo de acionistas ao destituir os três executivos. Com isso, o grupo ítalo-argentino teria carta branca para comprar mais ações. Mas para exercer os direitos políticos vinculados a esses papéis - caso consiga uma fatia superior a 50% -, a Ternium terá de provar na Justiça que, de fato, houve rompimento do acordo de acionistas por parte dos japoneses.
A alegação da Nippon Steel, sócia da Ternium na siderúrgica, foi que auditorias apontaram o recebimento de bônus irregular pelos executivos argentinos, o que teria gerado prejuízos à companhia.
A empresa argentina, por sua vez, argumenta que a decisão do conselho não é válida, já que o acordo de acionistas prevê que, tanto para a escolha do presidente, quanto para a sua destituição, é necessário consenso. A destituição aprovada em reunião quinta-feira, 25/09, deixou um racha. Após empate de cinco a cinco, o presidente do conselho, Paulo Penido, deu o voto de Minerva e aprovou a destituição do presiente Julián Eguren e outros dois vice-presidentes.
JÁ PUBLICADO:
Nippon Steel deve indicar presidente para Usiminas - 30/09/2014
Quebra de acordo?
O acordo de acionistas da Usiminas deverá ser modificado após resolução de conflito, avaliam especialistas do setor. Para isso, serao criados métodos para resoluções de conflitos e garantir a alternância de poder entre os dois acionistas, com a indicação do diretor-presidente.
O acordo em vigor, assinado em janeiro de 2012, após a Ternium ingressar no capital da siderúrgica, prevê que Nippon e Ternium têm o direito de "indicar por consenso o diretor-presidente da Usiminas". O documento diz ainda que "a destituição ou substituição do presidente dependerá de consenso".
O grupo japonês é o maior acionista, com 29,45%. O grupo Ternium/Tenaris (Ternium, Siderar e Tenaris Confab) tem 27,66% e a Previdência Usiminas, 6,75%. Em breve, tanto Nippon quanto Ternium deverão indicar nomes para a substituição Eguren.
Como forma de solucionar o problema, além da possibilidade de a Nippon comprar a fatia da Ternium, aventou-se a alternativa de cisão do negócio, com Nippon ficando com Ipatinga (MG), que possui tecnologia da companhia japonesa embarcada e foco no setor automotivo, enquanto a argentina teria a usina de Cubatão (SP), que produz placas e possui um canal de distribuição, de maior interesse da Ternium.
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