21 de agosto, de 2015 | 12:35

Maria Prestes em Timóteo

Fundação Aperam é palco para o lançamento do livro “Meu Companheiro – 40 anos ao lado de Luiz Carlos Prestes”


TIMÓTEO – Com um depoimento literário, agendado para as 19h desta sexta-feira, seguida de noite de autógrafos, será lançado hoje, no Centro Cultural da Fundação Aperam Acesita, o livro “Meu Companheiro, 40 anos ao lado de Luiz Carlos Prestes”.

Na publicação, a autora do livro, Maria Prestes, conta a sua vida de forma contagiante e revela não apenas a sua trajetória pessoal e a relação de quatro décadas com Prestes mas, sobretudo, apresenta o ponto de vista de uma mulher talentosa e guerreira sobre um período importante da história do Brasil.

O livro a ser lançado em Timóteo nesta sexta-feira, traz relatos da história de um dos momentos mais controversos e importantes do Brasil e contracena com o relato íntimo e cheio de coragem de Maria Ribeiro Prestes, viúva do líder comunista Luiz Carlos Prestes.

Ela foi responsável pela guarda pessoal de ex-marido, uma das figuras mais perseguidas do século 20. A obra trata dos aspectos mais emblemáticos e importantes de uma época que mudou e influenciou a política e a educação nacional.

Aos 85 anos, Maria Prestes lembra das glórias e dos momentos mais difíceis que o casal Prestes passou durante a ditadura militar, além de apresentar o livro de sua autoria, "Meu Companheiro".

Na obra, Maria Prestes conta que desde os seus nove anos de idade ajudava o seu pai na organização do Partido Comunista Brasileiro (PCB).  
Anderson Figueiredo


Maria Prestes


— Nessa idade, eu já espalhava as palavras de ordem do partido, no combate ao nazismo, na luta pela libertação de presos políticos aqui no Brasil no governo de Getúlio Vargas — diz.

Para escrever o livro, Maria  preferiu se dedicar mais à história “humana” de Prestes. Segundo a autora, quando o conheceu, ele era uma pessoa tímida, reservada, resultado dos nove anos que passou na prisão. Foram pelo menos cinco anos até que Prestes superasse o cárcere.

Maria recorda a vigilância severa que exercia sobre as moradias por onde passava para evitar que a repressão pusesse as mãos em Prestes.

Rússia

Foram dez anos de clandestinidade absoluta na cidade de São Paulo, mudando de residência sempre que surgia a mais leve suspeita. Ela lembra também da estada da família em Moscou, capital da antiga União Soviética, onde viveu os melhores anos de sua vida.

— Depois de passarmos dez anos nos escondendo no Brasil, mudando de casa em casa todas as vezes que algum vizinho ou os próprios militares desconfiavam do nosso paradeiro, vivemos dez anos de paz e aprendizado na Rússia. Todos os nossos filhos puderam ter uma educação de qualidade graças ao governo russo, que além de nos apoiar, garantiu a nossa segurança durante todo esse tempo.

Maria Prestes, militante da Juventude Comunista Brasileira, casou-se com Luiz Carlos Prestes no ano de 1950, com quem teve sete filhos – Antônio João, Rosa, Ermelinda, Luís Carlos, Mariana, Zoia e Yuri Alexandre. A autora de Meu Companheiro é filha de João Rodrigues Sobral, o “Camarada Lima”, e Mariana Ribas Pontes, os dois militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Maria conheceu o líder comunista quando era responsável por sua segurança em uma filial do partido em São Paulo.  
Eurico Dantas/28-04-1989


Luís carlos prestes


— Em 1947, com a cassação do registro do Partido Comunista, eu e minha família tivemos que recuar um pouco. Em seguida, fui designada para ir a São Paulo. Meu pai havia sido torturado em Recife e foi transferido para a capital paulista. Foi nesta época que recebi a tarefa de ser segurança de Prestes.

O encontro entre os dois aconteceu em 1952. De acordo com ela, seu pai sempre falava muito sobre a Coluna Prestes, contava sobre as aventuras e a grandeza política de seu líder.

— Então o conheci, e foi ao lado dele que vivi 40 anos, inicialmente na clandestinidade, em São Paulo, depois em várias cidades do país e no exterior.

Maria se sentia responsável caso alguma coisa acontecesse com o companheiro.

—  Vivemos em várias casas. Se desconfiávamos de algo, saíamos apenas com a roupa do corpo e não voltávamos para pegar nada. Mudei o meu nome e dos filhos para não ser identificada. Depois da Anistia descobrimos que a Polícia nunca teve registros sobre nós. Cumprimos bem nosso papel — destaca.
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