24 de novembro, de 2015 | 18:31

Lama no rio Doce interrompe produção de areais

Donos de pequenas empresas avaliam fechar as portas com o sumiço dos clientes


CARATINGA – Desde que a onda de lama vinda da mineradora Samarco/Vale/BHP chegou ao rio Doce, empresas da região que fazem a captação de areia usada na construção civil enfrentam problemas. Na comunidade da Ilha do Rio Doce, em Caratinga, areais interromperam a dragagem porque os rejeitos da mineração sujam a areia extraída do fundo do rio. O insumo retirado da água espessa sai vermelho e poluído. Com isso, os clientes têm recusado o material.

Adalberto Alvim é proprietário do Areal Rio Doce. Abatido, ele diz que parou o maquinário por oito dias depois que a lama alcançou o rio na região, em 7 de novembro. Cada draga de Adalberto – a máquina que faz extração da areia – tem vazão de 60 metros cúbicos por hora. Em média, a extração ocorria por seis horas diárias.

De dois equipamentos, um foi reativado na semana passada e a extração ocorre vez ou outra dentro do rio. Alvim tem esperança que o leito do Doce vá “limpando” e clientes queiram comprar o insumo retirado. Segundo ele, as vendas caíram mais de 90%. “Parar a produção é muito complicado. Vivemos disso aqui, meu ganha-pão é esse. Temos que pagar funcionários”, lamenta o dono do areal.

O proprietário solicitou uma análise da areia para demonstrar aos clientes o que mudou, mas o estudo ainda não ficou pronto. Entre os maiores clientes de Adalberto, está uma siderúrgica de Ipatinga, com contrato de fornecimento firmado há 30 anos. “Fiz um estoque para a empresa, mas está acabando”.

No Areal Ilha do Rio Doce, por sua vez, o proprietário Carlos Roberto de Andrade recebe a reportagem sentado próximo ao escritório. Não há trabalho, os funcionários estão ociosos, o maquinário está totalmente parado. Ele diz estar incrédulo com o cenário do rio Doce à frente do empreendimento.  [[##1067##]]

“Nunca vi algo assim. Meus funcionários costumavam até pescar no tempo ocioso”, diz. Com 18 dias de produção interrompida, Carlos diz que avalia a venda do carro para pagar os seis funcionários.

“Patrões e funcionários estão todos apreensivos. Não sabemos se a areia pode servir para algo além de aterro. Ainda não sei o que vou fazer, se vou ter que dispensar todo mundo; verei até onde dá para segurar. Fica uma expectativa”, conta.

Os areais da Ilha do Rio Doce, área localizada próxima à ponte metálica da BR-458, perderam espaço para os concorrentes que fazem a captação em outras fontes, como o rio Piracicaba. 

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